domingo, 1 de dezembro de 2013



(Veja no final as apresentações em PP)

O Verbo se fez Carne
João 1:1-14


            Esta é a época do ano quando, querendo ou não, as nossas mentes e corações voltam-se para no nascimento de Jesus Cristo. Não há nenhuma probabilidade de que o nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia 25 de Dezembro, e a observância dele é puramente de origem papal e uma tradição. Não temos sequer no NT um exemplo de que alguma igreja tenha celebrado o nascimento de Cristo, nem nenhum mandamento para o fazer. 

           No entanto, ainda que não sigamos os passos de outros, não vemos dano algum em pensarmos na encarnação e no nascimento do Senhor Jesus Cristo.
Estamos a meditar nas Escrituras, e só nelas, sobre A Encarnação do Filho de Deus, a Sua Primeira Vinda ao mundo, pois, agora, aguardamos a Sua Segunda Vinda. Vamos olhar e meditar nas palavras do apóstolo João no seu Evangelho.

Propósito: Fortaleçamos a nossa fé com a revelação da verdade das Escrituras sobre a Encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo.

 

            Os primeiros versículos deste Evangelho contêm declarações e verdades importantíssimas e fundamentais sobre a Pessoa e a Natureza de Jesus Cristo.

I. A Pessoa do Verbo, Jesus Cristo – No princípio era o Verbo… - v.1-2
 Não é por acaso que o Evangelho começa com as mesmas palavras que Génesis 1:1: No princípio… Em Génesis inicia a história da primeira criação; aqui, inicia a história da nova criação. Nas duas obras da criação, o agente é a Palavra de Deus, o Verbo.
Temos que entender o que significa esta expressão o Verbo. 
Continuando a ler o texto bíblico, claramente entendemos que o Verbo é uma Pessoa, não é uma coisa. 
O v.3 diz que o Verbo criou todas as coisas e o v.14 revela que este Verbo encarnou e veio habitar entre nós. 

Portanto, não temos dúvidas, o Verbo é uma pessoa.
E que pessoa? Isto é muito importante. O Verbo tem existência real e relaciona-Se com outra pessoa. Por isso, é uma pessoa divina, é Deus: …o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
O Verbo é uma das Pessoas da Trindade Divina, mas distinto das outras duas Pessoas e tem uma relação pessoal muito íntima com elas; mais ainda, Ele participa da própria natureza de Deus, porque o Verbo era Deus.

No princípio de tudo, o Verbo já estava ali. Ele não começou a existir quando as coisas foram criadas. Em João 17:5, Jesus revela: E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo, antes que o mundo existisse. Colossenses 1:17 revela: E ele é antes de todas as coisas…

Portanto, desde a eternidade, antes que a terra e os céus fossem criados, o Verbo, que é uma Pessoa, a Pessoa de Jesus Cristo, já existia, eternamente. Ele não foi criado, porque é o próprio Criador, foi e é e sempre será Deus, nunca deixou de ser Deus Filho.

Temos, só neste versículo 1, quatro lições importantíssimas:
1.   O Verbo é uma Pessoa, Jesus Cristo;
2.   Jesus Cristo é eterno, já era, estava antes de tudo, antes do princípio;
3.   Jesus Cristo é uma pessoa distinta de Deus Pai e de Deus Espírito Santo, mas é um com Deus: ..o Verbo estava com Deus…Ele estava no princípio com Deus (v.2);
4.    Jesus Cristo é verdadeiro Deus: …e o Verbo era Deus.

II. O Verbo, Jesus Cristo, é o Criador e a fonte de toda a Vida – vs.3-4
Depois de termos visto a Pessoa de Jesus e a Sua relação com Deus, o Pai, vemos agora a Sua relação com o mundo.

v.3 – Jesus Cristo é o Criador de todas as coisas. Sem Jesus, não houve nada.
v.4 – Jesus é a fonte, a origem  de toda a vida, da vida espiritual e luz. Jesus é a origem de toda a espécie de matéria, a vida criada, a criação original, mas também de uma forma de vida especial, uma forma de vida mais elevada, a vida espiritual, a vida eterna.

A vida verdadeira, que dura para sempre, eterna, é uma vida diferente da vida física criada por Jesus. Esta vida vem da luz que Jesus nos dá. Por isso, Ele disse que era a Luz do mundo (João 8:12). Esta luz resplandece nas trevas (v.5), dissipa a escuridão do pecado.
  
III. A Realidade da Encarnação de Jesus – v.14
Os versos iniciais concorriam para a majestade deste v.14.: E o Verbo se fez carne… Há 2000 anos atrás, Deus, na Pessoa de Deus Filho - …o Verbo era Deus… - assumiu a natureza humana.

Sem deixar de ser Deus, Jesus foi gerado no ventre de Maria, virgem, e nasceu como pessoa humana, mas sem pecado e nunca pecou. Deus eterno, fez-se carne, humilhou-Se e deixou a glória eterna do céu.

Esta é a grande verdade do Cristianismo, verdade única, a encarnação de Deus, a vinda ao mundo de um Salvador que é ao mesmo tempo Deus e homem, sem pecado. Ele tornou-Se um homem igual a todos nós, mas sem pecado e sem deixar de ser Deus. Grande mistério, mas grande verdade. Só assim podia ser Salvador do mundo.

A outra afirmação também é muito importante: …e habitou entre nós… 
Este verbo tem o significado de fazer tenda. Vai buscar a referência ao tabernáculo do deserto, o lugar da presença de Deus entre o Seu povo de Israel. Deus habitava entre o Seu povo no tabernáculo. E o povo via a manifestação da Sua glória na nuvem e na coluna de fogo.

Mas agora, Deus veio habitar entre nós, fez a Sua morada connosco na Pessoa de Jesus.
E também vimos a sua glória, diz João. A glória de Jesus, Deus Filho, foi vista nos Seus milagres, na transfiguração, na Sua ressurreição dos mortos, na Sua ascensão ao céu.

Portanto, qual é a verdadeira celebração do Natal?
Será que o mundo, nesta ocasião de Dezembro, com todas as luzes e festas, celebra esta verdade revelada nas Sagradas Escrituras? Será que o mundo se curva perante esta verdade bíblica, espiritual, e a respeita e teme? Infelizmente, NÃO! O mundo celebra um Natal comercial ou da família que se reúne e se diverte.

Mas, o verdadeiro Natal é a celebração da encarnação de Deus, que Deus tornou-Se homem e habitou entre nós com uma missão única. Jesus encarnou para quê? Deus deixou a glória celestial para vir passear e conhecer este mundo pecador? Não! Ele não precisava de descer na terra para a conhecer como o homem desceu na Lua. Jesus é Deus e conhece todas as coisas

Lendo Filipenses 2:5-8 e Hebreus 5:8-9 compreenderemos mais profundamente o motivo da encarnação do Filho Unigénito de Deus. Jesus encarnou para dar a Sua vida na cruz para salvar, para resgatar o homem pecador da sua condenação eterna ao inferno, separado de Deus para sempre.


 A verdadeira celebração do nascimento de Jesus é esta, é esta verdade.

O que fazer, então, com Jesus Cristo? O mesmo Evangelho de João, cap.1, vs.11 e 12, dá-nos a resposta.
O v.11 apresenta-nos uma das respostas do mundo: "Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam." Muitos não aceitam a Pessoa de Jesus Cristo como Ele é, ou seja, Deus que encarnou, o Messias prometido nas Escrituras, o Salvador do mundo. Não O recebem, não acreditam, não confiam n'Ele e na Sua verdade.

Mas, o v. 12 mostra-nos a resposta certa: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome." Celebrar o verdadeiro significado do Natal é crer, RECEBER Jesus Cristo na sua própria vida como Senhor e Salvador, como o Filho de Deus que veio ao mundo para salvar o condenado pecador. 
"Arrependei-vos e crede no Evangelho", disse Jesus em Marcos 1:15. Porque, acrescentou Ele, "...se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis." (Lucas 13:5).
Natal, a vinda ao mundo do Senhor Jesus Cristo, o FIlho de Deus, o Salvador do Mundo. Que os nossos corações se curvem em amor profundo, gratidão sem limites, temor reverente e aceitação incondicional perante este maravilhoso Senhor e Deus, Jesus Cristo.

Rui Simão
pastor
(Igreja Evangélica Baptista de Moreira da Maia)
























sábado, 9 de novembro de 2013



O Dia da Angústia


O SENHOR te ouça no dia da angústia, o nome do Deus de Jacob te proteja.
                                                                           Salmo 20 (v.1)


Introdução      
Este é um dos dezassete salmos reais. O Salmo 20 fala-nos do Dia da Angustia e está intimamente ligado ao Salmo seguinte, o salmo 21, um Salmo sobre o Dia da Alegria: O rei se alegre na tua força, SENHOR.
 Em ambos os salmos, o versículo final invoca ao Senhor e termina em louvor. O rei é louvado e precisa da intervenção divina para a sua segurança e vitória.

O rei é o rei de Israel e fala de algo que lhe é essencial. Também é um salmo de acção de graças, porque retrata as bênçãos do rei vencedor.
Este dia da tribulação é o de uma batalha que se aproxima (v.7).

AP.: Que angústia nos espera a nós? Qual a nossa batalha actual? A doença, o desemprego, problemas familiares ou outros?

Propósito: Possa o nosso coração confortar-se na força e na salvação do nosso bom Deus no dia da angústia.

I. O SENHOR te ouça! – vs.1-5

v.1 - Proferir o nome de Deus – o nome do Deus de Jacob - traz confiança. O Nome de Deus em a ver com a Sua Pessoa, os Seus atributos, o que Ele é e faz. Há poder no Nome do Senhor.
              Não é magia, é realidade, pois o nosso Deus é um Deus vivo. Não estamos sós. Há um Poder e um Deus nas alturas. Que o Senhor nos ouça é um alto desejo para o qual precisamos de fé e esperança.

v.2– Do Seu santuário celestial, Ele envia-te socorro e te sustém.

v.3 – Deus não Se esquece da nossa dedicação e do nosso culto ao Seu nome. Por isso, precisamos de ser-lhe fiéis e não nos afastarmos dos Seus caminhos: lembre-se… aceite.

v.4 – Conceda-tecumpra. O rei tinha saído com os exércitos para defender o seu povo. O seu plano e o que ele pede é justo. Precisamos do favor do Senhor para as nossas angústias. O que vai no nosso coração e quais os nossos planos aos olhos do Senhor?  

v.5 – Com a resposta de Deus, o dia da angústia transforma-se em dia de júbilo e de vitória. O homem vitorioso é jubiloso. A vitória dá-nos alegria. Os pendões são as bandeiras do exército que causam impacto no inimigo à frente. Geralmente continham a inscrição do nome de Deus. 

II. A Resposta Favorável – vs.6-9
v.6 - Veja-se a rápida mudança para a confiança: Agora sei que o SENHOR salva o seu ungido.
             
              O ungido era o rei. Hoje é o crente, filho de Deus pela sua fé no Salvador Jesus, que é salvo e ajudado no dia da angústia.

              Onde está a força salvadora? Não está na força da pessoal. Onde está? …a força salvadora da sua mão direita, a mão do nosso Deus. Que bênção é receber a intervenção do próprio Deus que ouvirá desde o seu santo céu a nossa petição e oração.

v.7-8 – Uma vez mais dão-se exemplos de vãs confianças. Carros e cavalos eram as forças militares formidáveis naquele tempo. Hoje também existem forças e poderes em que as pessoas confiam. Mas, no dia da angústia, a vitória estará sempre quando proferimos, quando fazemos menção do nome do SENHOR nosso Deus.

v.9 – Termina como começou, com a petição e o desejo que o Senhor Deus nos ouça: Ouça-nos o rei quando clamarmos.
              O dia da angústia tornou-se numa ocasião de oração e que animou o coração atribulado.

Conclusão

         Este salmo termina com calma e confiança. No dia da angústia, oremos e esperemos com fé no nome do nosso Deus e Pai, a Quem vamos no nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.



O Dia de Alegria
O REI se alegra na tua força, Senhor; e na tua salvação grandemente se regozija.
                                                                  Salmo 21 (v.1)


Introdução      
Este é um dos dezassete salmos reais. Está intimamente ligado ao Salmo 20, como uma resposta à petição daquele. Em ambos os salmos, o versículo final invoca ao Senhor e termina em louvor.

O rei é o rei de Israel e fala de algo que lhe é essencial. Também é um salmo de acção de graças, porque retrata as bênçãos do rei vencedor.

Propósito: Possa o nosso coração alegrar-se na força e na salvação do nosso bom Deus.

I. O rei e o Senhor – As bênçãos e vitórias passadas do rei – vs.1-7
              Aqui, o assunto é somente entre Deus e o rei.
v.1 – O Senhor aparece no hebraico El, o Poderoso, pelo que é seguro confiar n’Ele. O Senhor dará livramento, pelo que podemos alegrar-nos nesta verdade.

              Naqueles tempos, as guerras eram intermináveis e a protecção divina tornava-se necessária. Portanto, ficaremos grandemente alegres em qualquer batalha que tivermos que enfrentar.

              O que é que o rei David mais queria? …o desejo do seu coração… (v.2)
              Era a vitória sobre os seus inimigos e a protecção do Senhor. E foi-lhe concedido. O que o rei pediu com tanta diligência não lhe foi negado pelo Senhor. Ele orara e Deus ouvira e respondera: Cumpriste-lhe…não negaste (não desatendeste) as súplicas…

              David não encontrou um Deus indiferente, mas sim um Senhor Poderoso que agiu em favor de um rei que n’Ele confiou. O seu Deus interveio em seu favor.

              O Salmo 2:8 confirma: Pede-me e eu te darei…

v.3 – Um símbolo de vitória foi posto na sua cabeça – a coroa permanente de um rei. O maior valor não é o do ouro fino, mas sim do Doador da coroa. Além disso, o Senhor o enche de bênçãos de bondade.

v.4 – David continua a agradecer a intervenção do Senhor Poderoso.
              Agora, está grandemente alegre porque o Senhor respondeu à sua oração e deu-lhe vida. Uma vida longa na terra, protegido dos seus inimigos e vitorioso.
              Mas, mais do que isso, o Senhor foi mais além e deu-lhe vida para sempre e eternamente. 

v.5 – Porque o Senhor Poderoso salvou, livrou o rei, qual foi o resultado, a bênção para David? Grande glória…honra e majestade… David sabe reconhecer que tudo o que ele é e tem vem das mãos de Deus. Esta também é uma grande verdade quanto as todas as coisas de que desfrutamos.

v.6 – David prossegue em reconhecimento das bênçãos divinas. Está cheio de alegria na presença de Deus que o tinha beneficiado para sempre.

v. 7 – Por fim, David exclama que todos os benefícios do rei assentam na sua confiança: Porque o rei confia no Senhor. Sejamos nós assim também: nunca vacilará. Estar sempre seguro no Senhor.


II. O rei e os seus inimigos – As Vitórias futuras do rei – vs.8-13
              Estas palavras também são proféticas e aplicam-se ao Messias, o Senhor Jesus Cristo.
              Os adversários do rei seriam aniquilados porque o Poderoso estava com ele.

v.8 – Este verso espelha o que o Senhor faz em favor do rei. A mão direita do rei só era forte por causa do Senhor. A vitória não é apenas para o rei, mas para todo o reino, toda a nação, todo o povo de Israel.

              Os versículos seguintes, até ao v.12, prosseguem em mostrar as vitórias do rei, mas também a vitória do Messias, o Senhor Jesus Cristo.

 v.11 – Intentaram o mal contra ti… - Atacar o rei e o povo do Senhor é a mesma coisa que atacar o próprio Deus. Jesus mostrou esta verdade quando perguntou a Saulo: Saulo, Saulo, porque me persegues?
              …mas não prevalecerão. A vitória será sempre do Senhor. O inimigo será posto em fuga.

v.13 -  A conclusão em exaltação e em louvor. Pela intervenção do Senhor na vida do rei e do seu povo, o povo de Israel irrompe em cânticos por causa do Poderoso Senhor que garantiu a vitória e as bênçãos.

               
Conclusão
              Vendo as vitórias finais do Senhor, a vitória do Messias que deu a Sua vida na cruz para nos salvar, morrendo e ressuscitando dos mortos, todos vão à Sua presença em cânticos: cantaremos e louvaremos o teu poder.

            Podem ser repetidas as palavras iniciais:
O REI se alegra na tua força, Senhor; e na tua salvação grandemente se regozija.

sábado, 5 de outubro de 2013

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As Misericórdias de Deus

O Conforto que Deus supre nas horas de angústia e de dor 

Introdução      
A Bíblia é a Palavra de Deus e tem 66 livros divinamente inspirados. Um dos livros que encontramos no A.T. chama-se “Lamentações de Jeremias”. Foi escrito numa das épocas mais duras, mais tristes e mais difíceis para a nação de Israel, quando o seu território foi invadido pelo rei Nabucodonosor. Por isso, lemos ali: As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.
 
Quais os motivos para Nabucodonosor ter invadido Judá?
O profeta Daniel desvenda-nos os motivos desta invasão que foi um severo castigo de Deus devido à permanente desobediência do Seu povo. Foi na própria cidade do cativeiro, Babilónia, que Daniel em oração confessa o pecado do povo e pede perdão e a misericórdia de Deus. Lemos isto no capítulo 9:
 
"E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da terra. A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas rebeliões que cometeram contra ti. Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti. Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, E não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele. E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito em Jerusalém. Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face do Senhor nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades, e para nos aplicarmos à tua verdade. Por isso o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz. Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como hoje se vê; temos pecado, temos procedido impiamente.
Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós. Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor. Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.

Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.

          O profeta Jeremias deixou-nos, assim, um excelente livro de ensino sobre as misericórdias de Deus. Ele tem bem presente a destruição de Jerusalém e o desterro do seu povo para a Babilónia.  
 
O que é a misericórdia divina? É um acto do Deus Santo e Justo não castigando o homem pecador como merecem os seus pecados. Misericórdia é libertação. Se Deus nos desse tudo o que merecemos, todos estaríamos condenados eternamente. Cada dia que vivemos é um acto da misericórdia de Deus. No Salmo 51:1-2, o rei David apela que Deus suspenda o Seu julgamento: Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade…

Propósito: Descansemos e confiemos nas misericórdias de Deus que nos trazem conforto nas horas de angústia e de dor.

I. O Lamento de Jeremias - 3:19-20
            Não era possível esquecer a aflição, a angústia por que todos passaram e sofreram: “Lembra-te da minha aflição, do meu pranto, do absinto e do fel. Minha alma certamente disto se lembra, e se abate dentro de mim.(vs.19-20).
       Jeremias bem sabia que tudo por que ele e o povo de Israel estavam a passar era fruto do pecado e é exactamente o pecado que torna o cálice da aflição num cálice de amargor profundo. 

II. A Esperança no meio da tristeza – v.21
            Entretanto, a partir do verso 21, as nuvens negras começam a dissipar-se e surge esperança. O profeta não quer entregar o seu coração ao desespero. As coisas que podem dar esperança a Jeremias não são, neste contexto, as coisas passadas e sim as que ele espera que virão no futuro.

 Vamos juntos ver a que coisas o profeta se poderia estar a referir quando disse: Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei” (Lm.3.21)

O que nos pode dar esperança. O que nos ensina o profeta.

III. Em 1.º lugar, o profeta reconhece que mesmo que as coisas estejam ruins, é somente pela graça de Deus que elas não estão piores – 3:22
Nós sabemos que as situações podem ser sempre piores. Nós somos afligidos pela vara do Senhor, mas é por causa das misericórdias do Senhor que não somos consumidos e que não estamos pior.  
                               
Ele reconhece o fluxo constante das misericórdias do Senhor: …não têm fim. Por causa deste fluxo constante nós não somos consumidos. O apóstolo Paulo resumiu bem esta verdade ao dizer:Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos…” (II Co.4.7-10).

As misericórdias fluem de uma única fonte: Deus. Notem a forma plural "misericórdias" que denota tanto abundância como variedade. Deus é uma fonte inesgotável de misericórdias. É por este motivo que ele é chamado de “…o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação” (II Co. 1.3). Todos nós somos devedores à misericórdia de Deus pelo facto de não sermos consumidos.

IV. Em 2.º lugar, o profeta, na sua profunda dor e aflição, ainda pode experimentar esperança na ternura e na compaixão do Senhor – v.23
            Em 3:17-18, ele tinha perdido a esperança. Mas, agora, sabe que pode confiar e descansar que as misericórdias de Deus são novas cada manhã, renovam-se constantemente. Porquê? Porque grande é a tua fidelidade. Deus é fiel. 
                      
            Mesmo em tempos difíceis, quando parece que Deus bloqueou as Suas misericórdias, elas continuam, de facto, a fluir. Os rios das misericórdias de Deus correm cheios e transbordantes e nunca estão secos. Renovam-se pela manhã. Tenhamos esperança. No meio das suas aflições, Jó disse que Deus visita os filhos dos homens a cada manhã: Que é o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas nele o teu coração, E cada manhã o visites, e cada momento o proves?” (Jó 7.17-18)
            Não importa que tipo de dores e problemas nós tenhamos que enfrentar. Mantenhamos firme a nossa confiança na Palavra de Deus que promete: grande é a tua fidelidade”.

V. Em 3.º lugar, o profeta lembra-se que o Senhor Deus é e sempre será a alegria completa e suficiente do Seu povo – v.24
            O que é que nós afirmamos, o que diz a minha alma? Que quando eu tiver perdido todas as coisas que tenho neste mundo, inclusive a minha liberdade, o meu sustento e quase a própria vida, ainda assim eu não perdi meu interesse em Deus. Porções na terra são todas perecíveis, mas o Senhor é porção por toda a eternidade. Vou escolher sempre o Senhor, depender sempre d’Ele, …esperarei nele”.

            Enquanto tivermos amor ao Senhor, temos tudo o que precisamos. Ele é a minha porção. "Esperarei nele". Vou lançar-me sobre Ele completamente. Vou encorajar-me em Deus quando todos os outros apoios que me sustentavam desabarem. Notemos bem: É nossa obrigação fazer do Senhor a porção das nossas almas e recebê-lo como Consolador no meio das nossas lamentações.

VI. Em 4.º lugar, a confiança depositada no Senhor não é em vão – v.25
            Isto é evidente pelos seguintes fatos:

a. Deus é especialmente bom para os que confiam n'Ele e O buscam: Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca” (Lm.3.25). Busquemo-Lo em oração, na leitura da Sua Palavra.

b. Todos aqueles que esperam no Senhor descobrirão que isto é algo bom: Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR” (Lm 3.26). Busquemo-Lo com fé e com esperança. Veremos a Sua bondade e a Sua salvação e livramento.

c. Sejamos humildes perante o Senhor: Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança” (Lm 3.29). Humilhemo-nos, confessemos o nosso pecado e esperemos no Senhor. Quando nos humilhamos desta maneira o profeta nos diz: “talvez ainda haja esperança.                                                    
 
d. Ainda que nos traga aflição, é para nosso bem, e o Senhor não tem prazer nisso–vs.31-33: "
Pois o Senhor não rejeitará para sempre.

Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das suas misericórdias.

Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens. "
            As aflições são um incentivo de Deus ao arrependimento, à santidade. A mão de Deus está no controlo. Há um propósito santo e sábio por detrás. De facto, o que o Senhor quer é derramar o Seu amor, compaixão, misericórdia, salvação. É isto que O move. Não duvidemos disto.
 
Conclusão
            O maior acto da misericórdia divina revela-se na encarnação do Seu Filho Unigénito, Jesus Cristo. Veio para, pela cruz, resgatar o homem pecador condenado :


Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,  Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador;  Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna. (Tito 3:3-7)
 
            Tal como Deus, sejamos nós também misericordiosos para o nosso próximo. Isto ensinou o Senhor Jesus no Sermão da Montanha: Bem-aventurados os misericordioso, porque eles alcançarão misericórdia.


            Descansemos e confiemos nas misericórdias de Deus que nos trazem conforto nas horas de angústia e de dor. As Suas misericórdias são permanentes e contínuas. São novas cada manhã, como o caudal de um rio. Esperemos no Senhor, seja Ele a nossa porção e a nossa esperança.

Pastor Rui Simão
Retiro no Acampamento Monte das Oliveiras, Castelo Branco, 5-10-2013