terça-feira, 31 de dezembro de 2019


O Pacto da Igreja Baptista

São admitidos a membro da igreja somente as pessoas que se arrependeram, que exerceram a sua fé na Pessoa e obra de Jesus Cristo e professaram esta fé publicamente  pelo seu baptismo nas águas por imersão. Estes, são salvos pela graça de Deus, por meio da fé em Jesus Cristo, foram regenerados, nasceram de novo.  

As Sagradas Escrituras, a Bíblia, é a única regra de fé e prática do crente em Jesus Cristo. A igreja tem, também, a sua Declaração Doutrinária (ou Confissão de Fé) que é conhecida e aceite por cada membro da igreja, e o Pacto da Igreja. A Declaração Doutrinária resume o que a igreja crê. O Pacto, por sua vez, descreve como a igreja espera que os membros se comportem. A Declaração Doutrinária diz respeito à doutrina. O Pacto da Igreja diz respeito à conduta, ao testemunho de vida de cada crente. 



sábado, 23 de novembro de 2019



Evangelho de João

A Glória de Deus Revelada em Jesus – Jesus, a Luz Divina

Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo…

João 1:9-13



Introdução

O início do quarto evangelho antecipa a temática de todo o livro: que na vida e obra de Jesus Cristo a glória de Deus foi revelada de maneira única e perfeita.



No início, 1:1-18, está contida toda a substância e o tema do evangelho inteiro: Deus Filho, o Verbo eterno, originário de toda a existência, vida e luz, tornou-se carne, habitou entre nós. Jesus foi a revelação perfeita que Deus quis fazer de Si mesmo ao mundo.



Este evangelho de João mostra-nos como Deus Se fez carne para que homens e mulheres cressem nele e vivessem: Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (João 20:31).



          No Prólogo (1:1-18), na abertura do seu evangelho, João revela-nos o Senhor Jesus numa linguagem metafórica, figurada. Ele diz-nos que Jesus é o Verbo (a Palavra), a vida e a luz. Cada uma destas é uma forma de falar da Divindade de Jesus. Ao apresentar Jesus como o Verbo, a vida e a luz, João ensina-nos verdades básicas, essenciais e importantíssimas para a fé cristã. São ensinamentos muito profundos e necessários a todo o crente em Jesus.



Ele é o Verbo, ou a Palavra, porque é a comunicação de Deus. Ele é a vida porque é a vida eterna em Si mesmo e é o Criador que trouxe tudo à existência e que dá a vida a tudo o que vive. E Ele é a luz porque é o verdadeiro iluminador da vida.



Nós já considerámos os primeiros 8 versículos e falámos sobre Jesus como o Verbo e a vida. Hoje vamos prosseguir no texto e debruçar-nos sobre o v.9 em diante em que Jesus é apresentado como a luz. Na verdade, João refere-se a Jesus várias vezes como a luz.



v.9 – Ali estava a luz verdadeira… -  Pensando apenas na vida num mundo natural ela é feita de luz e de trevas. De dia temos o sol e luz. À noite temos escuridão, trevas, um pouco atenuadas pela luz da lua e das estrelas. Mas para vermos na escuridão precisamos de uma luz. Então, Jesus é descrito aqui como sendo essa luz que ilumina, mas não a noite escura.



Jesus, com o Seu divino poder, é uma iluminação espiritual que dissipa as trevas, que rasga, que vence as trevas e a escuridão do pecado e da descrença. Jesus é uma luz que brilha a fim de capacitar o homem a conhecer a verdadeira vida e a razão da sua existência neste mundo.



          Um exemplo: Quando estamos às escuras nada vemos, e um raio de luz atinge a retina do nosso olho, ilumina as coisas e passamos a vê-las. Onde há luz, nós vemos. Onde não há luz, não vemos. É isso que faz Jesus, no Seu poder divino. Quando Jesus, a luz divina atinge a alma do homem, há iluminação para que o homem conheça as coisas espirituais.



          Aparte de Jesus não há Palavra, não há vida, não há a luz do entendimento, tudo é trevas.

Mas Ele é a luz verdadeira no meio de um mundo de engano. Num mundo cheio de religiões que dizem ser a verdadeira, na verdade apenas Jesus é a luz verdadeira.



Neste Evangelho, a Luz, Jesus, brilhou neste mundo e mostrou a verdade do Salvador. A Luz brilhou e revelou a natureza do pecado e dos pecadores aos olhos de Deus. Iluminou a verdade sobre os crentes, a verdade sobre Deus. Isto porque Ele é a luz verdadeira.



Prossegue o v.9 e diz que esta revelação verdadeira veio para quem?

Veio todo o homem que vem ao mundo. É para TODOS sem distinção. Deus amou o mundo, Deus quer que todos sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade. (I Tim.2:4).



Portanto, se as pessoas permanecem nas trevas, não é por falta da luz, mas porque deliberadamente preferem as trevas. Ninguém chegou à salvação senão pela luz verdadeira que é Jesus. Ele diz em Jo.8:12: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. Também diz em João 3:16-19.



V.10. – Jesus estava no mundo que Ele criou, que Lhe deve a existência, mas esse mundo não o reconheceu. Por trinta anos, Jesus esteve em Nazaré e foi vizinho das pessoas. Mas na primeira vez que Ele pregou lá quiseram matá-Lo.

Depois, por mais três anos, Jesus andou por todo o Israel, fez milagres fabulosos, pregou grandes mensagens. Ele era Deus em carne. Ele era o Deus invisível tornado visível e palpável. Ele mostrou a Sua glória às pessoas ao estar no mundo. No entanto, o mundo das pessoas não o conheceu. Recusaram reconhecer Jesus a luz verdadeira.



v.11 – Veio… e os seus não o receberam – Este é um versículo muito conhecido e decorado do NT. João vai dar-nos a compreensão da natureza dos pecadores neste mundo. E vai aprofundar ainda mais este ensino ao realçar antes que a luz veio e estava no mundo.



Este versículo não repete o anterior. O v.10 diz que Jesus veio para o mundo das pessoas em geral. E agora no 11 Jesus veio numa revelação especial ao povo de Deus, Israel.



Veio para a Sua casa. Veio para o povo com quem Deus fez Alianças. No entanto, fizeram como antes. Deus queixa-Se que lhes mandou profetas, mas ignoraram-nos e não fizeram caso de Deus. E fizeram o mesmo com Jesus.

Nós sabemos como o homem tem rejeitado Deus. Isso é sério. Mas uma coisa é rejeitar homens, profetas de Deus, rejeitar a Palavra escrita inspirada por Deus num rolo. Mas muito pior é rejeitarem a luz verdadeira. Rejeitar Deus feito carne, vendo a sua glória cheio de graça e de verdade. E isto foi verdade há dois mil anos e também o é hoje.



v.12 – Mas, a todos quantos o receberam… - Esta é uma das grandes declarações do NT. MAS… indica que entre quem não compreendeu, não conheceu, não recebeu Jesus, houve um remanescente que Lhe deu as boas-vindas quando Ele veio. Houve quem o recebeu.



Receber, aqui é “aceitar, apossar-se, tomar com a mão algo ou alguma pessoa para usar”. Então, todos aqueles que receberam o Verbo divino que encarnou, a vida, a luz verdadeira que veio ao mundo, Jesus. Aqueles que creram, aqueles que aceitaram, que tomaram a Jesus pela sua mão, esses entraram para a família de Deus, foram feitos filhos de Deus.

Receber é depositar a sua fé em Jesus, é crer no seu nome.  



v.13 –  O v.13 antecipa a declaração mais completa sobre o novo nascimento que será feita mais à frente no cap. 3. O nascimento na família de Deus é bem diferente do nascimento físico.  A pessoa teve um nascimento espiritual que lhe permite entrar na família cujo Pai é Deus. Depende da pessoa receber, aceitar, crer n’Aquele a quem Deus enviou, Jesus.



Resumindo os vs. 12 e 13: TODA a pessoa que não despreza, que não ignora, mas que aceita, que toma pela sua mão, que recebe pela fé o enviado de Deus ao mundo, Jesus, entra para a família de Deus como Seu filho. Estes nascem de Deus.



I João 5:1 confirma esta verdade: Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus.   



Conclusão

Jesus Cristo é o Deus eterno que se fez homem, que deixou a glória celestial e assumiu a forma humana, vivendo neste mundo como qualquer pessoa. João apresenta-O de uma maneira única e profunda chamando-Lhe o Verbo, a vida, a luz verdadeira que veio ao mundo.

Apesar de Jesus ser Deus e de trazer a luz da verdade da vida e do propósito da vida para cada pessoa, poucos O compreenderam e não O aceitaram naquele tempo, tal como hoje.

          Mas a todos quantos o receberam, foram feitos filhos de Deus.

Rui Simão
pastor na igreja evangélica baptista em moreira da maia

quinta-feira, 31 de outubro de 2019




Apocalipse 
As Últimas Palavras de Jesus à Igreja

A Chave da Revelação

Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, diz o Senhor…”

Apocalipse 1:8-11

Introdução - Estas são as últimas palavras de Jesus à Sua Igreja! Porque é que Deus nos deu este livro? O Título e o motivo do livro estão logo no v.1: REVELAÇÃO… É uma revelação do futuro que aguarda a humanidade: …as coisas que brevemente devem acontecer… É uma revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu e que, pelo seu anjo entregou esta revelação ao Seu apóstolo João, o último apóstolo vivo. Isto ocorreu cerca de 65 anos depois da Sua ressurreição de entre os mortos. João encontrava-se exilado na ilha de Patmos e o v.9b explica bem a razão. 
          Enquanto a igreja de Jesus estava ser perseguida e muitos outros foram martirizados às mãos do imperador romano Domiciano, João foi banido para ali por causa da sua fé.
          Então, no meio dessa situação, Deus concedeu à Sua igreja esta grande revelação d’Ele mesmo e do futuro. E Jesus ordenou que toda a revelação fosse escrita num livro e que tudo fosse enviado às sete igrejas. O Senhor achou que aquelas igrejas precisavam deste livro. E não apenas elas, mas também nós hoje precisamos desta revelação.

          Mas antes de ter a primeira visão da revelação, João, o último apóstolo de Jesus vivo, recebe uma reafirmação do senhorio soberano de Cristo na história, o Governador de tudo.

         
I. Apocalipse apresenta-nos a Pessoa de Deus e do Senhor Jesus Cristo
          Todo o livro faz-nos uma descrição poderosa e majestosa de Deus no céu e uma apresentação gloriosa do Senhor Jesus Cristo. João repete e repete esta grande verdade da Pessoa de Deus e Jesus. Vamos ler com atenção para concluirmos que um dos propósitos é ensinar quem Deus é e que Jesus é este Deus: Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim… (Vejam bem Apoc. 1:4 e 5a, 7-8, 11-13; 21:4-6 e 22:12-13).
Alfa e Ómega são as primeiras letras do alfabeto grego. Temos que nos apropriar da verdade desta afirmação de Deus. Por isso, não podemos ter apenas uma mensagem.

          O que significa? Eu sou… o princípio mostra a divindade de Jesus Cristo, que Ele é eterno, que Ele é incriado. “Não há nada, não ninguém antes de Mim, nada Me precede”. É uma declaração surpreendente.

          Vejam, Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Eu sou o Alfa, quer dizer que, na Divindade, Jesus não é o Beta, Ele é Deus. Ele é eterno, possui todos os atributos divinos. Jesus é absolutamente o início e o fim de tudo. Tudo começa e acaba n’Ele.

          Por exemplo, Isaías 44:6 diz: Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, e seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. Reparem que afirma–se de Deus o mesmo que de Jesus. Ele tem a primeira e a última palavra da História. Nunca houve um momento em que Deus não estava.

          O Salmo 90:2 diz: Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.

          Deus é infinito. Deus é Santo, Justo, Misericordioso, amor, todos os atributos, e Ele nunca deixou de O ser, não melhorou, nunca começou a ser, mas sempre foi O que é e Quem é. Ele é eternamente tudo o que é. Cristo é o início de tudo, é o Alfa.

          Jesus é o propósito da história. A Bíblia diz que todo o Universo foi criado por Ele e para Ele mesmo, para a Sua glória, para manifestar tudo o que Jesus é. Tudo foi orientado em relação a Cristo, o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim. Tudo para manifestar essa grandeza. Vejam as portentosas palavras de Colossenses 1:15-19 sobre Cristo:
          O qual é imagem do Deus invisível, o primogénito (O Alfa) de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse…

Jesus é o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro, como diz Apoc. 22:13

         Olhando para a criação, nada do que foi criado expressa melhor a Pessoa de Deus, a não ser o eterno Filho de Deus. Hebreus 1:8, 10 revela o que o Pai diz do Filho: Mas, do Filho, diz… Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos.

O Universo inteiro com cada uma das suas partes, visíveis e invisíveis, poderes, anjos, tudo o que sabemos e que desconhecemos, tudo foi criado pelo Filho e para o Filho. Tudo é por causa do Filho, o Alfa e o Ómega. Deus queria que cada coisa que fosse vista no céu e na terra, na criação, queria que nós soubéssemos que foi criado por causa do Filho.

Deus criou a nossa fantástica mente para pensarmos em Cristo, criou o olho para um dia contemplarmos a Cristo. Deus criou todos os nossos sentidos para que por eles percebêssemos quão grande é o amor do Pai pelo Filho. Todo o Universo é uma expressão do dom do Pai para o Filho, porque tudo foi criado por ele e para ele, o Alfa e o Ómega.

Em Génesis 1:31 lemos que terminada a criação viu Deus tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom. Porquê? Apenas porque o mar era bonito, o céu era lindo, os animais, as estrelas, etc? Não, mas sim porque tudo mostrava a glória de Cristo, do Filho, pois tudo foi feito para Ele. Deus via a glória do Filho amado reflectida na criação.

 Por isso, o Salmo 19 diz: Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia… A criação “fala” do grande amor de Deus pelo Filho exibida na majestade de tudo quanto foi feito. Assim, Jesus declara; Tudo quanto o Pai tem é meu.. (Jo.16:15)

Também em Génesis 1:26-27, vemos Deus ao criar o homem, dizendo, …à nossa imagem, conforme à nossa semelhança. O homem é a coroa da criação de Deus. Porquê? Porque no homem Deus pode expressar mais a glória de Cristo. Assim, em Rom.8:29 lemos que o propósito final é que o homem salvo será conforme à imagem de seu Filho. Tudo por causa da glória de Jesus, porque Ele é o Alfa e o Ómega de tudo.

I João 3:2 diz: Amados, agora somos filhos de Deus e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos.
Em Romanos 8:29 lemos: Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho. Este é o propósito máximo de Deus, de sermos a imagem de Cristo, Seu querido Filho, o Alfa e o Ómega

Conclusão - A história está nas mãos de Cristo e, no final, a humanidade vai encontrá-Lo como Juiz, o Ómega. O futuro é certo porque Jesus é eterno. Jesus abrange toda a realidade. Ele é o princípio e o fim, o eterno Jesus, que criou todas as coisas, que fez com que todas as coisas viessem a ser e a existir, como vemos em Gén.1:1; No princípio, criou Deus os céus e a terra. E agora, em Apocalipse 21:6, Ele fará tudo de novo, eternamente: Eis que faço novas todas as coisas… Eu sou o Alfa e o Ómega.



E esta renovação de todas as coisas pelo Alfa e o Ómega inclui a satisfação da mais profunda necessidade do homem: a salvação, estar com Deus, fome e sede de Deus. Daí o convite a todos os homens: A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.



O caminho está aberto para todos que sentirem a sua necessidade e se voltem para Deus para serem satisfeitos. Ou beber do vinho da ira de Deus, o cálice do vinho da indignação da sua ira (Ap.14:10; 16:19; 18:3), ou, muito melhor, aceitar o convite, esta oferta da água da vida, a vida eterna, oferecida pelo Alfa e Ómega, o princípio e o fim.



E por fim, em Apoc.22:12-13, Jesus, o Alfa e o Ómega diz que cedo venho e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Ou seja, Ele vai criar tudo de novo, faz um convite para a salvação e tem um galardão para a dar a cada um.



Jesus, Deus, é a chave desta revelação à humanidade porque Ele é o Alfa e o Ómega, o primeiro e o derradeiro, o que é, e que era, e que há-de vir.


Rui Simão
pastor na igreja evangélica baptista em moreira da maia

quinta-feira, 18 de abril de 2019


 Jesus Cristo, o Messias, o Servo Sofredor do Senhor

(Isaías 53)  
          
  Isaías tem cerca de 70 citações no NT. Escrito 700 anos antes de Cristo, o profeta faz revelações desde o nascimento à morte e ressurreição de Jesus. O cap. 53 dá-nos uma imagem clara e real dos sofrimentos e do triunfo do Messias, Jesus Cristo. A mensagem profética aplica-se, em primeiro lugar, a Israel. Mas Jesus veio e morreu por todo o mundo.
O israelita João o Baptista disse: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), não apenas de Israel. Paulo, apóstolo, pregava que o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego (Rom.1:16).
Outro israelita, o apóstolo João, também disse que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados, mas não apenas de Israel, mas, também, pelos de todo o mundo (I Jo.2:2)

Intriga-nos a violenta forma de entrega, a forma de sacrifício de Jesus? A Escritura revela-nos claramente que o MOTIVO que levou o próprio Filho de Deus a entregar-Se assim nas mãos de Deus e dos homens foi o AMOR de Deus pelo homem perdido, condenado a uma eternidade no inferno sem Deus: Mas Deus prova o seu amor para connosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rom.5:8). Não havia outra forma de salvação dadas as exigências da justiça do Deus Santo e tipificadas pelos sacrifícios da Lei de Moisés.

Vejamos a majestosa profecia de Isaías 53.

 

v.1 – A incredulidade daqueles que ouviram a mensagem. Jesus disse em João 12:37-38: E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?


          A mensagem do evangelho de Jesus foi propalada, foi anunciada por profetas e estava contida nas Escrituras. Foi clara, mas caiu em ouvidos surdos, rejeitaram Jesus, o Messias. Romanos 10:16 diz: Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? Apenas poucos creram.

 

v.2 – Aqui começa a revelação dos sofrimentos de Jesus, o Messias. Cristo será depois grandemente exaltado: será exaltado, e elevado e mui sublime (Is.52:13). Mas primeiro é descrita a Sua profunda humilhação, sofrimentos e morte. A humilhação de Jesus é mostrada com grande profundidade.

O texto inicia mostrando a Sua humilde aparência, não impressionou ninguém, não foi filho de rei num palácio, mas foi sem glória, num lar de carpinteiro (Is.52:14).

 

v.3 – Não tinha qualidades visíveis atractivas que impressionassem. Foi homem de tristezas mesmo antes da crucificação. Desprezado e rejeitado pela própria família e conterrâneos, como um leproso cortado do convívio da sociedade.

O verso começa e termina dizendo que Jesus foi desprezado. Foi o Servo Sofredor por excelência, tido sem valor algum.

 

v.4 – A profecia assume agora um novo aspeto. Começa a desvendar o mistério do sofrimento descrito. Jesus sofreu por nós, pecadores, um sofrimento vicário, substitutivo, voluntário: ele tomou sobre si… levou sobre si… as nossas enfermidades. Os sofrimentos de Jesus deveram-se ao pecado, nosso, não d’Ele. Aflito… oprimido sugere alguém violentamente atingido pela mão de Deus. Na verdade, Jesus foi ferido de Deus, um sofrimento como castigo pelo pecado, expressão da ira do Deus Santo contra o pecado.

 

v.5 – Continua a profecia sobre sofrimento vicário de Jesus, o Messias. Mas ele contrasta novamente com o nós. Foram as nossas transgressões a causa de ter sido ferido (“traspassado”), moído. Aponta para grande sofrimento e morte violenta. Foi o castigo da nossa paz. Um castigo resultou em paz, chagas trouxeram cura. Foi assim que a nossa dívida foi paga. E porque Jesus aceitou as suas pisaduras pelas nossas transgressões, resultou em termos sido sarados, perdoados. O que nós merecíamos, Jesus suportou.

 

v.6 – Um retrato da situação do pecador: desgarrado… desviado pelo seu caminho que leva à perdição, destituído da glória de Deus. O ato supremo de Deus foi pôr sobre o Seu Servo os pecados das ovelhas levando-O a dar a Sua vida pelas ovelhas. Foi assim que Ele Se tornou o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Foi Deus Quem fez e decidiu isso.

 

v.7 – A descrição do Seu sofrimento chega agora ao clímax ao descrever a maneira como Jesus suportou tudo. Ele não ofereceu resistência nem proferiu um único som. Jesus sofreu violentos maus-tratos como um animal às mãos dos homens (Is.50:6ss). Jesus permitiu ser humilhado sem oferecer resistência, sem reagir até mesmo com palavras: mudo… não abriu a sua boca. Foi um silêncio voluntário do nosso Salvador.  Foi, como um cordeiro…


v.8 – Jesus foi levado para a execução na cruz, condenado à morte: foi cortado da terra dos viventes. O tempo da sua vida foi curto, morreu aos 33 anos. Tudo aconteceu, Jesus foi atingido por causa da transgressão do pecador. Meu povo refere-se profeticamente a Israel. Mas a morte de Jesus foi por toda a humanidade.

v.9 – A intenção do sepultamento do Santo Filho de Deus, o Servo Sofredor, foi tão vergonhosa e humilhante quanto a Sua morte: Puseram a sua sepultura com os ímpios. Mas dois homens ricos, tementes a Jesus, José de Arimateia e Nicodemos, adiantaram-se, pediram o Seu corpo e sepultaram-No com honra num sepulcro novo (Mat.27:57-60; Jo.19:39-40).
O v.8 conclui que a morte de Jesus foi a de um inocente, de atos e de palavras, mas que cumpria a redenção sacrificial do mundo; …nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.
Deus recompensou a Sua inocência e o primeiro sinal disto é o lugar do Seu túmulo.

v.10 – Temos aqui a questão de como deve ser entendido o sofrimento de Cristo. O profeta oferece mais uma vez uma explicação, revela as razões profundas e misteriosas do sofrimento de Jesus. Não foi condenado por qualquer culpa encontrada n’Ele, mas porque ao SENHOR agradou moê-lo. Era a vontade oculta de Deus: agradou. Havia um objetivo divino glorioso. A vida, a alma de Jesus foi posta por expiação do pecado. Este foi o motivo, o glorioso propósito de Deus. Jesus foi a oferta pela culpa do pecado.

Foi do agrado de Deus moê-lo – nada menos! Era a obra de Deus fazer enfermar o Seu Filho. No sistema sacrificial da Lei de Moisés, a Oferta pela Culpa e a Oferta pelo Pecado era as únicas ofertas expiatórias.

A segunda metade do versículo apresenta já o resultado glorioso do sofrimento e sacrifício vicário de Jesus. Posteridade aponta para os descendentes espirituais, os crentes. Bom prazer do SENHOR prosperará… é o futuro fruto da obra de Cristo.

v.11 – O Senhor agradou-Se e aceitou como completo o sacrifício do Messias. Continua a satisfação de Deus pela oferta sacrificial de Jesus. A justiça de Deus foi satisfeita. A salvação foi alcançada.
A justificação do pecado foi concretizada e disponível a todo o que crê em Jesus: justificará a muitos, não todos, pois nem todos creem.
Somente porque o Messias leva as iniquidades deles sobre si, confere a Sua justiça vicária a todo aquele que crê, e este, por sua fé, é justificado do seu pecado e salvo.

v.12 – Por ter concretizado a redenção, Deus vai dar ao Seu Filho todos aqueles a quem Ele confere a Sua justiça, ou seja, a todos aqueles que crerem.  O Homem de Dores, o Servo Sofredor é agora um Rei conquistador, pois venceu a batalha da salvação.

          A finalizar, o profeta repete as bases para Jesus receber tudo isto, porquanto…
         
Voluntariamente, derramou a sua alma na morte.

… foi contado com os transgressores, morreu crucificado no meio de criminosos.
         
Mais uma vez, para que fique bem claro, Cristo levou sobre si o pecado de muitos…
…pelos pecadores intercedeu, logo no local da Sua morte e hoje no céu, ressurecto, à direita do Pai.

Conclusão
 Esta grande profecia fornece-nos um quadro tremendamente completo da morte que Cristo realizou em favor de Israel e por todo o mundo. O Redentor, o Messias, não pode ser outro senão Jesus.
A morte de Jesus satisfez as justas exigências de Deus no julgamento contra o pecado. Nós nunca nos poderíamos salvar a nós mesmos. Apenas este sacrifício era necessário e suficiente: E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas, também, pelos de todo o mundo. (I João 2:2)

                    Moreira, 18 de Abril de 2019 (RO)                                                    
Rui Simão
Pastor na Igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia


quarta-feira, 27 de março de 2019



Vivendo  em  face  do fim  de  tudo 

 Relações entre os cristãos


"E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração."



"Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros…"

I Pedro 4:7-11


Introdução

Pela primeira vez Pedro vai dizer abertamente o que já várias vezes estava implícito na sua carta: o fim de todas as coisas está próximo. O fim da história está marcado por uma poderosa intervenção de Deus. Isto inclui o Retorno de Jesus e o juízo final: …o fim está próximo… Também Tiago 5:8 diz a vinda do Senhor está próxima.

Os cristãos devem viver as suas vidas na terra em face do fim de tudo. É viver nessa sensação de estar às portas do desfecho da história.

Mas a expectativa da vinda de Jesus a qualquer momento tem implicações no nosso modo de vida, pois tudo é visto com olhos diferentes. Afecta a nossa espiritualidade.

I. Implicações Pessoais – (v.7) – Qual o impacto pessoal na perspetiva iminente do fim? Sede sóbrios e vigiai em oração. Três coisas são pedidas:

1.-Ser sóbrio, manter a cabeça fria, não embriagado pelo mundo, a mente equilibrada, não deixar que alguma coisa do mundo venha perturbar a capacidade de ver e pensar claramente;

2.-Vigiar, olhando para o mundo na perspetiva do seu fim iminente, não nos perturbemos nem percamos a esperança;

3.-Orar, manter íntima comunhão com o Senhor. Sobretudo, não nos centremos em nós mesmos e não enfraqueçamos no nosso bom testemunho cristão.


Mas a perspetiva do fim iminente de todas as coisas também afeta a maneira como os crentes de se relacionam entre si, até que Jesus venha. É disso que Pedro fala já a seguir.


II. Testemunho, Relações entre os Cristãos – vs. 8-11 “uns para com os outros…

1. AMOR - v.8 – Mas, sobretudo… - Acima de tudo… - É um modo de chamar a nossa atenção para alguma coisa especial. O que é? O amor entre os irmãos na fé. Temos que ser verdadeira família. O amor é um dos principais temas do NT. É a lei real, áurea, determinada pelo próprio Senhor Jesus: O meu mandamento é este: Que vos amei uns aos outros, assim como eu vos amei. (Jo.15:12). O amor entre os cristãos é a nossa maior característica.


          Mas Pedro fala do tipo de amor que devemos ter, mais além: …tende ardente amor uns para com os outros… Tenham um amor intenso. Numa sociedade cada vez mais hostil, fria, este amor entre eles era fundamental, para os manter cada vez mais unidos. Além disso, este amor forte e sincero entre os cristãos traz outras bênçãos nas relações entre os irmãos.


Quais? …porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Olhem o valor do amor!

O amor encobre, perdoa as ofensas dos irmãos contra nós. O amor ardente encobre as transgressões, não tem necessidade de se fixar nas faltas cometidas pelos crentes uns contra os outros. O amor sincero contribui para dar solução às diferenças entre nós, promovendo a unidade e o perdão. Se o amor for forte, afogará as faltas irritantes, acalmará a crítica, a fúria das ofensas.

Paulo escreveu: O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (I Cor.13:7)


É como o amor de Deus revelado na cruz de Jesus. Esse amor que foi à cruz cobriu a multidão do nosso pecado, redimiu-nos, perdoou-nos, salvou-nos. Aqui, a atitude de amor intenso dos irmãos uns pelos outros vai superar as tensões e levar ao perdão de ofensas. E mesmo aqueles que fraquejaram, ou se desviaram, devem ser tratados com amor, que encobre pecados e ofensas e ressalta o amor de Deus por todos, para que regressem.


2. HOSPITALIDADE - v.9 – Sendo hospitaleiros uns para com os outros…

A tónica de Pedro neste trecho é as relações entre os cristãos. Isto é marcado pela repetição de uns para com os outros (“eis heautus”). A próxima coisa de que fala, e que tem relação direta com o amor entre eles, é a prática da hospitalidade.


 Naquele tempo, as viagens eram bem mais demoradas do que hoje e bem mais difícil levar dinheiro por causa dos assaltantes. Assim, os pregadores e os missionários cristãos que estavam constantemente a viajar tinham que ser hospedados. Hospedar os missionários era e foi uma obra sumamente fundamental para o progresso e o espalhar do evangelho pelo mundo. Incluía também prover todas as suas necessidades enquanto permanecessem lá.


A hospitalidade era importante para a vida da comunidade cristã dos primeiros séculos. Senão, reparem. Não havia ainda templos, todas as reuniões eram feitas em casas. Eis alguns exemplos:

Ler: E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão."(At.8:3);
E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo." (At.5:42);
As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa." (I Cor.16:19; Rom.16:5);
Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa." (Col.4:15);
E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa:" (Filémon 2).


As casas teriam que estar abertas para receber cada congregação. Assim, os lares dos crentes eram centrais para a sua vida cristã, lugar de culto, de comunhão com os irmãos. Muitas famílias perderam tudo, os bens, a família, por causa da perseguição aos crentes. Outros fugiam. Assim, estes crentes tinham que ser cuidados e recebidos.


Logo, ser hospitaleiro era fundamental. Mas vejam o que Pedro acrescenta à hospitalidade: sem murmurações. Ser hospitaleiro sem desprazer, com paciência, baseado no amor que tudo suporta.  Era isto que Pedro pedia nos relacionamentos dos crentes.


3. SERVIÇO - v.10 – Cada um administre aos outros o dom como o recebeu…
        Vida cristã não é só teoria, é vida de serviço aos outros. Jesus é o nosso maior exemplo. Ele foi o Servo de Deus, chamado de Servo Sofredor. Ele mesmo disse que não veio para ser servido, mas para servir (Mc.10:45). Pedro dá mandamentos p/n/relacionamentos.


Tomando o exemplo de Jesus, vamos nós também administrar aos outros o dom espiritual que Deus nos deu. Cada um de nós tem pelo menos um dom espiritual dado por Deus para o serviço cristão. Vejam em I Cor.12 uma boa definição e explicação desta dávida divina de dons espirituais. Os vs.7 e 11 são claros: …é dada a cada um para o que for útil… repartindo, particularmente, a cada um, como quer.


Nenhum crente é excluído porque todos receberam dons com os quais podem e devem servir aos outros. O que é um dom? É uma capacidade, um talento, uma vocação especial que Deus dá para o serviço dentro da comunidade cristã.


Nunca devemos esquecer isto. Um dom espiritual é dado gratuita e soberanamente pelo Espírito Santo de Deus e a sua função é servir. Nada mais do que isto. Usar o seu, ou seus dons para autopromoção, para vaidade, é absolutamente contrário ao propósito divino.


Vejam o v.10 de Pedro: Cada um… recebeu… Deus nivela todos e torna todos igualmente importantes uns para com os outros. E o que deve fazer? Reparem que o verbo é administrar. Deve fazer bom e sábio uso do seu dom. É para usar nos outros, para servir de bênção e de ajuda aos outros. Eu sirvo outros com o dom que Deus me deu, e também outros irmãos usam o seu dom para comigo. Ninguém é excluído. Não é só receber, mas dar.


…como bons mordomos (despenseiros). Refere-se ao mordomo, o administrador da casa, o encarregado de atender às necessidades de todos. …da multiforme graça de Deus. Multiforme significa “diversidade”. Graça é um favor gracioso de Deus e imerecido por nós.

O que possuímos recebemos de Deus. Assim, nós somos um depósito da variada graça de Deus para servirmos aos outros com amor e humildade sinceros.


 Conclusão – Relações entre os cristãos em face do fim

Pedro diz que na perspetiva da Vinda de Jesus, num mundo cada vez mais frio e adverso aos crentes, devemos intensificar o nosso bom testemunho. Como?

Todos recebemos dons espirituais. Portanto, todos participamos. Não há maiores ou melhores entre os cristãos. Todos recebemos de Deus o que possuímos.

Em face do fim dos tempos, que seja este o nosso bom testemunho, de um bom relacionamento como família cristã, como filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo:

- ardente amor uns para com os outros;

- hospitalidade, sem murmurações;

- servir uns aos outros com o dom que Deus nos depositou;

- ser um bom mordomo da graça de Deus

Rui Simão
Pastor na Igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia