A Pureza de Vida
Para que, no tempo que ainda vos resta na carne,
não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de
Deus.
I Pedro 4:1-6
(v.2)
Introdução
O Evangelho no qual cremos oferece-nos
as abundantes riquezas de Cristo. Uma dessas riquezas é sermos transformados
por Deus à imagem do Seu Filho, o Senhor Jesus.
Isto traz um imperativo de vida que é a
nossa santificação. A nossa conversão a Jesus, a nossa fé tem que levar a uma
vida santa. Assim, este trecho de I Pedro 4 dá-nos razões de vida a partir do
modelo que Jesus nos deixou e diz-nos: VIVAM A NOVA VIDA DE CRENTE, DE FORMA
SANTA E PURA, ESTIMULADOS, INCENTIVADOS PELO EXEMPLO DE JESUS.
Vamos, então, ver o que a Palavra de Deus
nos ensina NESTE TEMA agora no cap.4:
A PUREZA, A SANTIDADE DE VIDA DO CRENTE
EM JESUS no mundo.
v.1 – O v.1 começa por ensinar uma grande
verdade: …Cristo padeceu por nós na carne…
Jesus veio ao mundo para nos salvar da
culpa e da condenação do nosso pecado. Como foi isso feito? Foi feito através
do padecimento do Seu corpo (carne) até à Sua morte na cruz. Vejam
bem. Jesus NÃO morreu por Ele, mas por nós. Fez isso por amor.
Depois, o texto dá-nos uma ordem: armai-vos.
É a ilustração do cristão como um soldado preparado para a guerra.
Estamos, nesta vida, neste mundo, envolvidos numa batalha constante, a batalha da
vida cristã, para nos mantermos fiéis a Deus. Lutamos contra o pecado. Lutamos
pela pureza, pela santidade vida. Este trecho fala vivamente disto.
O cristão, aquele que crê em Jesus,
identifica-se com Jesus: Já estou crucificado com Cristo… (Gá.2:20).
A ideia é que, tal como Jesus padeceu na carne e morreu e deu
solução ao problema do pecado, assim também agora o crente, unido a Jesus, tem o
poder de abandonar o pecado, de romper com a vida de pecado, com o hábito do
pecado:
…já cessou do pecado neste mundo.
Cessou quer dizer, PAROU de pecar, acabou com a vida de pecado.
Esta vida de santidade e de pureza do
crente prossegue no texto, já a seguir. Vejam!
v.2 – Agora fala do nosso dia-a-dia. A
expressão na carne refere-se à vida física. Os cristãos têm um tempo para
viver aqui na terra, antes de morrerem, antes do Pai nos chamar. E este tempo,
como se vive, é importante para Deus. É o tempo da vossa peregrinação de 1:17.
Como deve o crente viver o resto da sua vida aqui na terra?
Qual a nossa decisão?
As duas opções são:
a) Viver segundo as concupiscências, as
paixões, dos homens (o v.3 vai detalhar um pouco estes vícios);
b) Viver segundo a vontade de Deus. Este
é o tema importante nesta carta.
É claro qual deve ser o nosso estilo de
vida. Qual é? Qual a nossa escolha?
É viver segundo a vontade de Deus e
NÃO segundo a vontade humana carnal.
E a vontade de Deus é que aquela pessoa
que agora ama a Jesus e crê n’Ele se liberte definitivamente da forma de viver
do mundo. Pedro já se referiu a isto desta forma. Vejam: …não vos conformando com as
concupiscências, paixões, que antes havia na vossa ignorância (1:11);
…que vos abstenhais das
concupiscências, paixões carnais que combatem contra a alma. (2:11).
v.3 – Aqui, Pedro diz que já
bastou de fazer coisas que eram deste mundo e não de Deus.
Não é mais para o crente continuar a
viver as paixões próprias do homem. Essa NÃO É a vontade de Deus.
E dá uma lista de coisas impróprias, de vícios carnais: andando
em dissoluções…
É uma lista que aponta para uma vida de
sensualidade, de excessos, libertinagem, de atitudes que apontam sobretudo para
o pecado com o próprio corpo.
Isto já não faz parte da vida de um
crente. O Evangelho transforma a pessoa para não mais viver assim. O crente
nasceu de novo pelo poder da Palavra, do Espírito Santo.
Reparem
como termina a lista. Termina com a expressão abomináveis idolatrias.
As idolatrias são cultos a
imagens e não ao Deus vivo e verdadeiro. E há formas de idolatria muito pesadas
e impróprias por esse mundo fora.
Mas vejam como Deus vê a idolatria, o
que Deus lhe chama? abominável, detestável. Isto é, totalmente contra a vontade
de Deus.
E todo o versículo 3 diz: “Os
descrentes deleitam-se nisto. Vocês, crentes, antes de conhecerem a Jesus, também
participaram destas indecências no tempo
passado da vida, mas agora já não. De agora em diante é tempo de servir ao
Deus vivo, em pureza.”
v.4 – É como se Pedro estivesse a dizer: “Fostes seus companheiros de devassidão no
passado, mas agora eles falam mal de vós, ferem-vos, por vós não quererdes mais
viver como eles”.
De facto, ser crente em Jesus leva a
uma mudança tal na vida do cristão que leva a um rompimento com a sociedade em
que se vive, com vizinhos, com colegas de trabalho, com parentes e amigos, que
não conseguem ver nada de errado no que fazem e dizem, pois todo o mundo o faz.
Reparem
na imagem que a Bíblia dá da vida mundana fora da vontade de Deus: …correr
num excesso de devassidão… Judas 13 chama a essa vida devassa de ondas
impetuosas do mar que espumam as suas mesmas abominações…
É uma vida sem freios, totalmente
dominada pelos instintos carnais, paixões. É uma corrida que se vai precipitar em algo muito mau.
v.5 – Mas agora chegamos a um ponto
importante. Há consequências, haverá um juízo para o tipo de vida escolhido
para viver, ou de acordo com as concupiscências dos homens ou
segundo
a vontade de Deus.
Cada pessoa será julgada de acordo com
as suas obras: hão-de dar conta… Haverá prestação de contas perante um grande
e Justo Juiz, Deus.
Actos 17:30-31 diz: Mas
Deus… anuncia agora, a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam,
porquanto tem determinado um dia em que, com justiça, há-de julgar o mundo…
Não haja ilusões e que ninguém tenha
dúvidas. Em 3:20 Pedro deu o exemplo do grande julgamento de Deus que se abateu
sobre a terra no tempo de Noé, o Dilúvio.
Este mundo vai chegar ao fim e cada um
é responsável pela forma como viveu a sua vida neste mundo, pelos actos que
praticou. Deus, Jesus, está preparado para julgar os vivos e os
mortos, quer dizer, TODOS sem exceção.
O
Juiz deste julgamento é competente para julgar com justiça, sem falhar. Ele já
tem tudo preparado. Será inútil tentar defender-se, pois a vida de cada
um é maior prova contra ele. Apocalipse 20:12 diz: E vi os mortos, grandes e
pequenos, que estavam diante de Deus; e abriram-se os livros; e abriu-se outro
livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam
escritas nos livros, segundo as suas obras.
Conclusão
Há uma ideia de urgência e de iminência
que precisa de ser captada pelas pessoas. A expressão do v.5 está
preparado para julgar indica que esse acontecimento não está distante, não
está longe, segundo os cálculos divinos. Está tudo pronto.
Por toda a sua carta, Pedro fala do
julgamento final como estando aí, às portas, que pode dar-se a qualquer
momento.
Por isso, o mundo descrente e perdido tem
que ouvir o Evangelho da salvação, precisa de crer em Jesus Cristo como
Salvador, precisa de arrepender-se do seu pecado e voltar-se para Deus numa
nova vida, vida de pureza e de santidade.
Para que, no tempo que ainda vos resta na carne,
não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de
Deus. (4:2)
Rui Simão
pastor na igreja evangélica baptista em Moreira da Maia