sexta-feira, 24 de agosto de 2012



Repousar um pouco
Marcos 6:30-34
 

 Introdução
            Estamos em tempo de férias e veio oportunidade para sair da rotina diária e ter a possibilidade de descansar, do lazer e do passatempo. O nosso Senhor deixou-nos este exemplo, não apenas do trabalho, mas também do merecido descanso. É bíblico. Vivemos num mundo competitivo, muitas vezes dominado pela ânsia de ganhar mais e mais, pela compulsão de agir, de realizar o máximo, de estar no activo muitas horas por dia, prejudicando, muitas vezes, outras áreas da vida, a família, a saúde e até o tempo devido ao Senhor.

            E as pessoas que mais precisam de uma visão correcta sobre trabalho e repouso são os cristãos, pois Jesus diz que os crentes são a luz do mundo e o sal da terra.

            Ser fiel e dedicado ao Senhor não é sinónimo de exaustão e de acção sem regra. Servir a Cristo não implica falta de cuidado no que respeita ao descanso necessário. Trabalho em extremo não é sinal de maior santidade e consagração.

            O N.T. mostra-nos um Jesus activo, às vezes cansado, mas equilibrado. Um Jesus que ora andava no meio das multidões, ora se afastava delas para passar momentos de oração ao Pai e também de descanso na companhia dos Seus discípulos.

            Jesus sabe que somos carne e espírito, corpo e alma, e que temos que cuidar de ambos. Jesus realizou tudo o que o Pai Lhe ordenou, com responsabilidade e equilíbrio, sem ignorar o trabalho e também os momentos essenciais do restaurador repouso. Se foi assim que Jesus viveu, então não é errado pensarmos e fazermos como Ele fez.

É essa a lição deste trecho de Marcos: Vinde vós, aqui aparte, a um lugar deserto e repousai um pouco.

           O nosso texto começa com a narração do regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada (vers. 30). Na sequência, Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e a descansarem um pouco (vers. 31). Os discípulos foram, com Jesus, para um lugar deserto (vers. 32); mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam e chegaram primeiro (vers. 33). Ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixão delas, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
            O episódio é muito interessante, especialmente porque o interesse inicial de Jesus era repousar um pouco. (v.31).

I. Antes do Repouso está o trabalho – v.30

            Os 12 apóstolos juntam-se a Jesus que os tinha enviado em missão de evangelismo (6:7-13). Estavam a ser preparados para continuarem a missão de Jesus de levar ao mundo o Evangelho da salvação, de anunciar o Reino de Deus. Essa é também, hoje, a nossa missão, individualmente e como igreja de Cristo. Eles anunciaram a nova vida que Deus quer oferecer a todos os homens.

            Os apóstolos foram pelos caminhos, pelas aldeias e cidades e convidaram as pessoas que escutavam a sua mensagem a mudarem as suas vidas pelo arrependimento do pecado e a aceitarem a Pessoa de Jesus Cristo (v.12). A salvação só é possível na vida de uma pessoa pela fé em Jesus e pelo arrependimento dos seus pecados.O arrependimento é o 1º passo. Não é pelas obras.

Arrependimento foi também a mensagem de João Baptista ao preparar Israel para a chegada do Messias. Jesus começou o Seu ministério com estas palavras: Arrependei-vos e crede no Evangelho (1:15). Já o fizeste pessoalmente? 

II. Regressar e juntar-se a Jesus – v.30

            Depois de algum tempo de trabalho, os apóstolos regressam. Eles voltam para Cristo que os tinha enviado e vão fazer o relatório do sucesso e do desapontamento, vão contar-Lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado. A missão dos discípulos não pode ser desligada de Jesus. Os discípulos devem, com frequência, reunir-se à volta de Jesus, dialogar com Ele, escutar os Seus ensinamentos, confrontar permanentemente a pregação feita com a proposta de Jesus.Vieram para Jesus, o centro da sua unidade. Fazemos e ensinamos o que Ele nos mandou, na prática e na doutrina. Sempre temos que vir a Jesus, o centro da nossa vida.

II. O convite de Jesus para repousar – v.31

            Mesmo depois de regressarem do trabalho de evangelismo, continuavam a ter muitas pessoas a procurá-los a ponto de nem terem tempo para comer. Por vezes, os discípulos/crentes, verdadeiramente comovidos com a situação das ovelhas que não têm pastor,  mergulham num activismo descontrolado que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão. Deixam de ter tempo e disponibilidade para Jesus, igreja, família, etc.
           
Por isso, no meio de tanta actividade, Jesus vai buscar, para Si e para eles, um período de descanso, para dar alento e refrigério ao discípulo fatigado e, quem sabe, esgotado e desanimado, a fim de renovar as suas forças.

Os apóstolos são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. O descanso é necessário à vida e ao bem-estar. Se o próprio Jesus procurou descanso, quanto mais nós. Aquele que nada faz, dificilmente precisa de descanso. Mas o trabalhador merece o descanso.

É claro que o descanso não pode servir de desculpa para actividades carnais, pecaminosas e prazeres mundanos. A santidade tem que estar sempre visível no crente. É tempo para divertir, meditar, orar, ler, renovar-se e crescer. Além do lugar, o que também interessa é que esse descanso deve acontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da Sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças. De férias, não abandonamos Deus.

Mesmo de férias, não estamos desligados do Evangelho da salvação. O nosso coração continua misericordioso e compassivo pelos perdidos e condenados ao inferno. Foi o que aconteceu com Jesus no v.34. Jesus mostrou o Seu amor a pessoas perdidas e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Jesus pregou o Evangelho, o caminho da salvação dando uma oportunidade às pessoas de serem salvas pela fé n’Ele.

O repouso não impediu Jesus de testemunhar. Também nós temos que estar preparados nas nossas férias para falar de Cristo se Deus nos mostrar essa oportunidade. Há sempre um tempo para tal no meio do nosso descanso. Podemos testemunhar aos perdidos, entregando um folheto ou falar de Jesus numa oportunidade de conversa. Por isso, partamos preparados para isto, deixando a mensagem de Cristo por onde quer que vamos.

 Conclusão
Muitos crentes estão longe de Deus e da igreja porque não têm tempo, nem para o Senhor.
Sejamos imitadores de Cristo e compreendamos que o descanso, depois do trabalho árduo, não é um luxo, é uma bênção essencial. Entendamos o valor da calma, da tranquilidade e do refrigério que as nossas vidase almas necessitam.

O Senhor deu-nos o 4.º Mandamento em Êxodo 20:8-11, dando-nos um dia de descanso na semana, um dia para Ele e para nós. Em Êxodo 31:17, lemos: …porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou e restaurou-se.
O Senhor passou um dia inteiro a descansar, não porque estivesse cansado, mas para nos dar o exemplo.
O repouso é um dom e um mandamento de Deus. Jesus disse: Vinde, vós, aqui aparte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.

Rui Simão
pastor