Vinde
Brancos como a neve
Vinde, então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como
o carmesim, se tornarão como a branca lã.
Isaías 1:18
Introdução
O
nosso texto dá-nos uma clara explicação para entender a atitude que Deus tem
para com o pecado e também como a vida é transformada pela salvação.
Propósito: Em Deus, e só no Senhor, temos esperança de que
pelo Seu amor e bondade, tudo será transformado para o nosso bem.
I. O Grande convite divino - Vinde, então, e argui-me
1. Um imperativo - Este convite é um imperativo, ou seja, dado em
forma de mandamento, uma ordem.
É
propício notar pela Bíblia que quando o pecador é chamado ou instruído a crer, por
exemplo, em Actos 16.31, “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu
e a tua casa, é sempre num imperativo, ou seja, como mandamento.
Não
é um convite informal, nem um choramingo. É falsa a ideia de que Deus
choraminga. A Bíblia diz: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna;
mas aquele que não crê no Filho, não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele
permanece” (João 3.36).
Nas
Escrituras, os que não crêem, são considerados como os que “não
obedecem à palavra” (I Ped.3.1). Por não crer no Evangelho e não agir
conforme aquela fé, é tido como desobediência. Por isso, há maior punição para
os que ouviram o Evangelho e negaram ouvi-lo.
Maior
punição para os que ouviram do que para os que nunca O ouviram: “E o
servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a
sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez
coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que
muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais
se lhe pedirá.” (Lc. 12.47-48).
2. Um convite com urgência - Também este é um convite
com urgência.
Ninguém
sabe quanto mais anos, ou minutos, restam para viver. Acção imediata é
necessária! “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa
vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece” (Tg.
4.14). “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o
juízo” (Hb.9.27). “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te
no dia da salvação;” (II Co.6.2).
3. Um convite a arguir -“E argui-me, diz o Senhor”. Arguir aponta
para entrar num diálogo argumentativo, expor um assunto e tratá-lo. É uma
linguagem de tribunal em que, perante o juiz, se apresentam os motivos de um
processo para a sua sentença.
Aqui,
o Senhor, o Juiz Supremo, Aquele que decide a salvação da pessoa para viver no
céu eternamente, ou a condenação eterna do pecador no inferno, faz um convite
misericordioso: argui-me.
Porque é que o
Senhor convida a argui-Lo? Neste caso, porque está disposto a conceder
o perdão ao pecador. “Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie.” (Ef.2:8-9).
II. A Atitude de Deus para com
o pecado
1. O terrível pecado
O pecado é transgressão e desobediência aos mandamentos de Deus. O
pecado conduz à morte: O salário do pecado é a morte. (Romanos 6:23).
Precisamos de compreender quão horrível é o pecado aos olhos de Deus e quão
imensas são as suas consequências.
IL.: Cancro: Doença mortal.
Perante a notícia, as pessoas desesperam. Assim devia cada um ver o seu pecado.
Todo
o mundo estará perante o grande trono branco para ser julgado
por Deus e condenado eternamente ao inferno. E o motivo é o pecado que não
alcançou o perdão divino porque o pecador não se arrependeu dele.
Mas, Deus fez e fará
tudo para que o pecador alcance a salvação. Há esperança na misericórdia e no
amor de Deus.
2. A cor do pecado aos olhos
de Deus
“Ainda
que os vossos pecados sejam como a escarlata ... ainda que sejam vermelhos como
o carmesim”
É interessante notar que muitos pregadores comparam o
pecado à cor ‘preta’. A Bíblia não faz assim. As Escrituras usam duas
tonalidades de vermelho, como aqui neste versículo, para representar o pecado.
“Escarlata” é um vermelho brilhante.
É uma cor obtida a partir dos ovos de um insecto, “coccus ilicis”, que vive nas árvores
mediterrânicas.
Carmesim
também é uma cor vermelha muito viva, forte, profunda, obtida também a
partir de um insecto – kermes vermilio.
Combinado com algum azul, resulta em púrpura. A ideia é que os tecidos tingidos
de escarlate ou carmesim ficam com cores vivas, fixas. Eram as cores mais
permanentes.
O
que nos quer Deus ensinar aqui? Pelo uso dessas palavras, Deus revela que a
alma está tingida pelo pecado e como o pecado é repugnante aos olhos do Senhor.
Como poderá o homem brincar com pecado!?
Nem
o orvalho, nem a chuva, nem o lavar, nem o uso ao longo dos anos iria remover
estas cores vivas e brilhantes de escarlata e carmesim. Seriam sempre
vistas, destacadas. Representam a fixidez profunda do pecado no coração do
homem.
Nenhum meio humano pode lavar estas cores. São
impossíveis de tirar como certas nódoas. Nenhum esforço humano, nenhum ritual,
nem lágrimas, nem sacrifícios, nem orações, são suficientes para levar embora o
pecado. Só um poder omnipotente o poderá remover.
3. A atitude do Deus amoroso
“Se tornarão brancos como a neve
... se tornarão como a branca lã”.
O branco é emblema de
pureza, santidade, inocência. O branco não tem nódoas nem manchas.
O que nenhum ser humano
poderia remover, será tirado. O pecado será perdoado e a alma será purificada,
ficará alva como a neve.
A comparação da feiúra
do pecado é contrastada à beleza da branquidão da neve recém caída do céu. Esta
é um contraste fácil para a mente perceber e representa o contraste do pecado
diante da santidade de Deus.
Deus deseja que vejamos
o pecado conforme a podridão que é. Na verdade, para ser verdadeiramente
arrependido, é necessário perceber o pecado como vil. “Com o ouvir dos meus ouvidos
ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó
e na cinza” (Jó 42.5,6).
O
contraste feito pelas Escrituras também expressa a mudança que a salvação faz.
Há diferença entre o perdão do pecado e a purificação do pecado. Se alguém pecar
contra mim e pedir perdão, eu devo perdoar-lhe (Mt 18.21,22).
Porém,
somente o sangue do Senhor Cristo pode purificar-lhe o seu pecado. “Ao
qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua
justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus”
(Rm 3.25). Há poder de purificação no Sangue de Cristo. Que Deus amoroso,
maravilhoso, nós temos
Conclusão
Para que o pecado fosse perdoado foi necessária
a vinda ao mundo do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo. Ele deu a Sua vida na
cruz para o perdão e purificação do pecado.
Esta purificação não é
automática. É preciso que a pessoa reconheça a profundidade fixa e permanente
das suas ofensas e pecados, vivos e brilhantes como carmesim e escarlata, arrepender-se
e aceitar Jesus Cristo como Aquele que foi sacrificado na cruz para ser o Salvador do
mundo.
É
preciso um coração rendido plenamente à Palavra de Deus, uma obediência
manifesta pelo arrependimento do pecado e a fé em Cristo Jesus como Senhor e
Salvador.
Ouve
e aceita o convite de Deus: Vinde.
Reconhece o Seu amor e
bondade. No Senhor Deus há esperança e salvação. Só Ele tem o poder e a autoridade para salvar. Por Seu amor em Cristo, os
nossos pecados se tornarão brancos como a neve, perdoados para a vida
eterna com o Senhor no céu.
Rui Simão
pastor, Igreja Evangélica Baptista de Moreira da Maia