terça-feira, 4 de março de 2014



Vinde

Brancos como a neve

Vinde, então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.
Isaías 1:18

Introdução      
            O nosso texto dá-nos uma clara explicação para entender a atitude que Deus tem para com o pecado e também como a vida é transformada pela salvação.

Propósito: Em Deus, e só no Senhor, temos esperança de que pelo Seu amor e bondade, tudo será transformado para o nosso bem.

I. O Grande convite divino - Vinde, então, e argui-me
 1. Um imperativo - Este convite é um imperativo, ou seja, dado em forma de mandamento, uma ordem.

            É propício notar pela Bíblia que quando o pecador é chamado ou instruído a crer, por exemplo, em Actos 16.31, “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa, é sempre num imperativo, ou seja, como mandamento.

            Não é um convite informal, nem um choramingo. É falsa a ideia de que Deus choraminga. A Bíblia diz: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho, não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (João 3.36).

            Nas Escrituras, os que não crêem, são considerados como os que “não obedecem à palavra” (I Ped.3.1). Por não crer no Evangelho e não agir conforme aquela fé, é tido como desobediência. Por isso, há maior punição para os que ouviram o Evangelho e negaram ouvi-lo.

            Maior punição para os que ouviram do que para os que nunca O ouviram: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.” (Lc. 12.47-48).

2. Um convite com urgência - Também este é um convite com urgência.
            Ninguém sabe quanto mais anos, ou minutos, restam para viver. Acção imediata é necessária! “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece” (Tg. 4.14). “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb.9.27). “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação;” (II Co.6.2).

 3. Um convite a arguir -E argui-me, diz o Senhor”. Arguir aponta para entrar num diálogo argumentativo, expor um assunto e tratá-lo. É uma linguagem de tribunal em que, perante o juiz, se apresentam os motivos de um processo para a sua sentença.

            Aqui, o Senhor, o Juiz Supremo, Aquele que decide a salvação da pessoa para viver no céu eternamente, ou a condenação eterna do pecador no inferno, faz um convite misericordioso: argui-me.

Porque é que o Senhor convida a argui-Lo? Neste caso, porque está disposto a conceder o perdão ao pecador. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef.2:8-9).

II. A Atitude de Deus para com o pecado
1. O terrível pecado
            O pecado é transgressão e desobediência aos mandamentos de Deus. O pecado conduz à morte: O salário do pecado é a morte. (Romanos 6:23). Precisamos de compreender quão horrível é o pecado aos olhos de Deus e quão imensas são as suas consequências.  
IL.: Cancro: Doença mortal. Perante a notícia, as pessoas desesperam. Assim devia cada um ver o  seu pecado.
  
            Todo o mundo estará perante o grande trono branco para ser julgado por Deus e condenado eternamente ao inferno. E o motivo é o pecado que não alcançou o perdão divino porque o pecador não se arrependeu dele.

Mas, Deus fez e fará tudo para que o pecador alcance a salvação. Há esperança na misericórdia e no amor de Deus.

2. A cor do pecado aos olhos de Deus
            “Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata ... ainda que sejam vermelhos como o carmesim
            É interessante notar que muitos pregadores comparam o pecado à cor ‘preta’. A Bíblia não faz assim. As Escrituras usam duas tonalidades de vermelho, como aqui neste versículo, para representar o pecado.
             “Escarlata” é um vermelho brilhante. É uma cor obtida a partir dos ovos de um insecto, coccus ilicis”, que vive nas árvores mediterrânicas.

            Carmesim também é uma cor vermelha muito viva, forte, profunda, obtida também a partir de um insecto – kermes vermilio. Combinado com algum azul, resulta em púrpura. A ideia é que os tecidos tingidos de escarlate ou carmesim ficam com cores vivas, fixas. Eram as cores mais permanentes.

            O que nos quer Deus ensinar aqui? Pelo uso dessas palavras, Deus revela que a alma está tingida pelo pecado e como o pecado é repugnante aos olhos do Senhor. Como poderá o homem brincar com pecado!?
            Nem o orvalho, nem a chuva, nem o lavar, nem o uso ao longo dos anos iria remover estas cores vivas e brilhantes de escarlata e carmesim. Seriam sempre vistas, destacadas. Representam a fixidez profunda do pecado no coração do homem.

            Nenhum meio humano pode lavar estas cores. São impossíveis de tirar como certas nódoas. Nenhum esforço humano, nenhum ritual, nem lágrimas, nem sacrifícios, nem orações, são suficientes para levar embora o pecado. Só um poder omnipotente o poderá remover.

3. A atitude do Deus amoroso
Se tornarão brancos como a neve ... se tornarão como a branca lã”.
O branco é emblema de pureza, santidade, inocência. O branco não tem nódoas nem manchas.
O que nenhum ser humano poderia remover, será tirado. O pecado será perdoado e a alma será purificada, ficará alva como a neve.

A comparação da feiúra do pecado é contrastada à beleza da branquidão da neve recém caída do céu. Esta é um contraste fácil para a mente perceber e representa o contraste do pecado diante da santidade de Deus.

Deus deseja que vejamos o pecado conforme a podridão que é. Na verdade, para ser verdadeiramente arrependido, é necessário perceber o pecado como vil. “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5,6).

            O contraste feito pelas Escrituras também expressa a mudança que a salvação faz. Há diferença entre o perdão do pecado e a purificação do pecado. Se alguém pecar contra mim e pedir perdão, eu devo perdoar-lhe (Mt 18.21,22).

            Porém, somente o sangue do Senhor Cristo pode purificar-lhe o seu pecado. “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm 3.25). Há poder de purificação no Sangue de Cristo. Que Deus amoroso, maravilhoso, nós temos
  
Conclusão
            Para que o pecado fosse perdoado foi necessária a vinda ao mundo do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo. Ele deu a Sua vida na cruz para o perdão e purificação do pecado. 

Esta purificação não é automática. É preciso que a pessoa reconheça a profundidade fixa e permanente das suas ofensas e pecados, vivos e brilhantes como carmesim e escarlata, arrepender-se e aceitar Jesus Cristo como Aquele que foi sacrificado na cruz para ser o Salvador do mundo.
           
            É preciso um coração rendido plenamente à Palavra de Deus, uma obediência manifesta pelo arrependimento do pecado e a fé em Cristo Jesus como Senhor e Salvador.

            Ouve e aceita o convite de Deus: Vinde.
Reconhece o Seu amor e bondade. No Senhor Deus há esperança e salvação. Só Ele tem o poder e a autoridade para salvar. Por Seu amor em Cristo, os nossos pecados se tornarão brancos como a neve, perdoados para a vida eterna com o Senhor no céu.



Rui Simão
pastor, Igreja Evangélica Baptista de Moreira da Maia