domingo, 31 de maio de 2020


 
Olhar para Deus, o Senhor, em tempo de Grande Crise 1

Regozijai-vos sempre… em tudo dai graças, porque essa é a vontade de Deus…
 (I Tes.5:16-18)


Introdução
Ainda no meio da crise desta Pandemia Covid-19 provocada pelo novo corona vírus, esta é a primeira mensagem da nossa igreja na reabertura das portas para permitir os cultos da forma o mais normal possível, mas ainda com muitas condicionantes.

De qualquer das formas, creio que, sem dúvida, este é um momento para fazermos DUAS coisas muito importantes:

1.- Momento de Gratidão ao Senhor
Este é um momento de grande agradecimento ao Senhor Deus pela Sua proteção e pelo Seu favor durante estes meses.  Agradecimento ao Senhor pelo Seu amor, pelo Seu cuidado demonstrado a tantos níveis e de tantas formas nas nossas vidas e nas dos nossos familiares. Levantemos os nossos olhos e os nossos corações e sejamos gratos ao nosso Deus.

Olhem o que diz a Palavra de Deus: Bom é louvar ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo; Para de manhã anunciar a tua benignidade, e todas as noites a tua fidelidade. (Salmo 92:1-2); Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. (Sl.100:4); Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre. (Sl.136:1)

2.- Momento de Reflexão
Mas este também é o momento de reflexão. Não podemos perder de vista as lições que Deus nos quis dar e está a dar com esta pandemia. Achar que isto foi apenas mais um acontecimento no mundo e nas nossas vidas e não refletir, não meditar, será muito mau, será desperdiçar grandes ensinamentos. Por isso, a pergunta:

O que é que o Senhor Deus nos quis mostrar, ao Seu povo e ao mundo?

A Pandemia do novo corona vírus é a maior crise que afetou todo o mundo desde a Segunda Guerra Mundial. Reparem, esta pandemia veio pela ação de um vírus, aquele foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo, incluindo todas as grandes potências. Morreram mais de 60 milhões de pessoas.

Esta Pandemia o que fez? Fechou o mundo inteiro – lockdown - e os acontecimentos ocorreram como peças de dominó que não paravam de cair uma atrás das outras a cada dia. Grandes danos caíram sobre a economia mundial e, consequentemente, sobre as populações e as famílias, por tudo ter fechado e parado apenas por cerca de 3 meses.
As repercussões ainda estão por determinar. Mas meditemos bem. O que é que pudemos ver? O poder draconiano, fortíssimo, dos governos sobre os detalhes da vida das pessoas que passou para um novo nível que nós não conhecíamos, mesmo nas nações livres.

Tudo isto parece uma simulação, um teste para o Anticristo que está para vir no poder do diabo. Vejam apoc.134,,7: …o dragão, que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?... e foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua e nação. E certamente que o diabo poria o Anticristo a governar o mundo hoje se não houvesse quem o detivesse, o Espírito Santo de Deus: Porque já o mistério da injustiça opera; somente um que agora o retém até que do meio seja tirado (II Tes.2:7).

Como vimos, a OMS declarou uma Pandemia, indicou medidas sanitárias de confinamento, que tudo deveria fechar. E assim aconteceu na maioria das nações deste planeta. Foi declarado o Estado de Emergência e depois o Estado de Calamidade com as restrições impostas às pessoas e às empresas. Como vimos, com facilidade, mesmo nas maiores potências livres do mundo, as liberdades das pessoas foram cortadas. Vieram muitas restrições por causa da saúde. Foi decretado que não podíamos sair de nossas casas. Foi decretado o que poderia abrir e quem é que poderia sair e de que maneira. As igrejas e os lugares de culto foram fechados na maior parte do mundo.

Subitamente, a internet e o telemóvel assumiram os papéis principais. Tudo passou a ser online, as escolas, os médicos, etc. Imaginem só se os governos dissessem que para as pessoas poderem abastecer-se nos supermercados, nas farmácias, levantar dinheiro, etc, seria necessária uma senha e que essa senha só era dada às pessoas se as pessoas aceitassem determinada regra!  Esse será o cenário do Anticristo que virá. E se essa senha fosse contra os nossos princípios cristãos bíblicos? É por isso que isto foi um teste.

Então, devemos tirar todas as lições desta Pandemia. Algumas perguntas importantes:
Onde e como está o meu coração nisto tudo?
O que é que esta grande crise mostrou?
Como é que esta grande crise testou a minha coragem, a minha fé?
O que é que foi revelado? O que é que o Senhor me/nos quis mostrar e ensinar?

Aqui, gostaria de dividir a resposta em dois grupos: 1.º- Crentes e 2.º- Não crentes. Hoje apenas teremos tempo de tratar do primeiro grupo - Crentes.
Lições da Pandemia Covid-19 para os Crentes

I. Olhar para Deus, o Senhor, em tempo de Grande Crise
   Os crentes, os filhos de Deus no meio da Pandemia Covid-19

1. Será que eu realmente, verdadeiramente acredito que é Deus Quem muda os tempos e que os meus tempos estão nas Suas mãos?
          Vejam duas passagens bíblicas:  Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis. (Dan.2:20-21);
Mas eu confiei em ti, Senhor; e disse: Tu és o meu Deus. Os meus tempos estão nas tuas mãos… (Sl.31:14-15). Estamos a agir acreditando que isto é verdade?

2. Que os nossos corações estejam focados nas realidades do céu e não do mundo
          Nesta crise, não tiremos os nossos olhos da realidade bíblica: Portanto, se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. (Col.3:1-4) No meio da crise nesta terra, temos os pés na terra, mas os olhos no céu.

3. Vamos manter a mente de um peregrino cuja cidadania está no céu e está simplesmente numa viagem, numa passagem por este mundo como se estivesse numa terra estranha
          Que possamos cantar do fundo do nosso coração:” Este mundo não é a minha casa. Estou apenas a passar por ele”. Não lancemos raízes profundas neste mundo. Não amemos este mundo como a mulher de Lot amava Sodoma e olhou para trás. Em desobediência à expressa ordem de Deus, ela olhou com pena para o mundo de pecado que Deus estava a destruir. Por isso temos a advertência solene de Jesus quanto aos últimos tempos: Lembrai-vos da mulher de Lot (Lc.17:32).

Que a bandeira mais alta para nós seja a bandeira do céu e não a deste mundo. Vejam o que Hebreus 11 diz do que ia no coração de Abraão: Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus… confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra… Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque lhes preparou uma cidade. (Hb.11:10, 13, 16). No meio desta Pandemia, a nossa verdadeira cidade está no céu.

4. Alegremo-nos nas tribulações como o Senhor nos diz para fazermos, compreendendo o propósito e os benefícios delas na vontade de Deus
          Vejam o que o nosso Deus nos diz em Romanos 5:3-5: E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
                                   
A palavra “gloriamos” tem a ideia de “alegrar-se, regozijar-se”, ter confiança, certeza, vangloriar-se nas tribulações. É o oposto de ficar desencorajado, frustrado, oprimido, abatido, derrotado, zangado com as tribulações. É assim que nos devemos ver agora.

5. Confiemos na Palavra de Deus e acreditemos nas Suas promessas de uma maneira real e prática
          A vida cristã não é teoria e conhecimento. Devemos questionar-nos a cada passo: Será que eu acredito mesmo que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus? (Rom.8:28). Acredito firmemente que os meus tempos estão nas Suas mãos? (Sl.31:15). Que o Senhor é o meu pastor, nada me faltará? (Sl.23:1), que certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida? (Sl.23:6). Acredito que o justo não é desamparado nem a sua semente mendigará o pão? (Sl.37:25). Acredito que Deus nunca me deixará nem me desamparará? (Heb.13:5).

Que seja este o nosso testemunho diário nesta Pandemia. Que seja isto aquilo que os outros vejam e ouçam de nós. Não duvidemos, não receemos, não nos queixemos, não fiquemos confusos, frustrados, agindo como agem, fazendo como fazem os perdidos sem Deus à sua volta. Nós somos a luz do mundo e o sal da terra, disse-nos o Senhor Jesus.

          Estou a buscar verdadeiramente em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, ou outras coisas têm o primeiro lugar?

          Que possamos dizer como Job: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor… receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? (1:21; 2:10).

          Que possamos dizer como Habacuque: Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.

6. Que esta crise mostre que nós verdadeiramente NÃO amamos este mundo, que nós NÃO estamos conformados com este mundo
          Esta crise serviu para nos mostrar que a par da responsabilidade e do dever de cuidarmos das nossas vidas e das vidas dos nossos queridos, o nosso coração não pode amar mais este mundo do que ao Senhor, ficando ansiosos, tristes e preocupados com aquilo que poderia acontecer com os nossos planos que já tínhamos para este mundo, mas que não se irão concretizar: “Eu tinha marcado isto, eu todos os dias fazia aquilo, eu ia receber aqueloutro, etc, etc, mas agora perdi tudo!”.

Olhem o que diz a Palavra de Deus: E não sede conformados com este mundo (Rom.12:2). Não reagir com decepção porque foram fechadas muitas atividades que afinal são coisas vãs que pertencem a este mundo, mostrando assim que não somos mais amigos deste mundo do que de Deus. Vejam o diz a Palavra do Senhor:  Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (I João 2:15-17);

Não tenhamos pena do que “perdemos”, do que fomos privados de ter.

Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tiago 4:4). Esta Pandemia foi, é uma simulação, um teste ao nosso coração cristão.

7. Esta Pandemia que nos fechou mostrou como gastámos o nosso tempo
          Quando ficámos fechados e confinados em nossas casas, impedidos de uma vida normal, tivemos a oportunidade de também aí evidenciar o carácter da nossa vida cristã. Por exemplo, orar mais ao Senhor, ler mais as Escrituras, testemunhar mais usando a internet ou o telefone. Pudemos encorajar mais os outros com a Palavra de Deus ajudando-os a pensar melhor sobre esta crise dando-lhes uma visão correcta, bíblica, do que se está a passar.

Fomos proibidos de abrir as portas das igrejas, mas os cultos continuaram pela internet. O nosso amor ao Senhor pôde ser mostrado quando procurámos permanecer fiéis não falhando aos cultos online. Afinal estávamos retidos em casa e havia mais tempo. Vejam o que diz Romanos 12:11: Não sejamos vagarosos no cuidado, (que não vos falte o zelo) sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.

Conclusão
Olhar para Deus, o Senhor, em tempo de Grande Crise.
Regozijai-vos sempre… em tudo dai graças, porque essa é a vontade de Deus…
Rui Simão
Pastor na igreja evangélica baptista de moreira da maia
(Adaptado de David Cloud)