segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015



 Carnaval – A Festa da Carnalidade

“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”.
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."  
Romanos 8:13; 12:1-2

            Nesta altura do ano, o mundo está focado na Festa do Carnaval. É notícia de abertura dos telejornais, das manchetes dos jornais e das capas das revistas.
            O que nos diz a Palavra de Deus sobre o Carnaval e qual deve ser a nossa posição, como igreja de Jesus Cristo e como filhos de Deus, filhos da luz, em relação a esta festa mundana? 

I. A Origem do Carnaval
Há sempre um motivo, uma origem, para qualquer celebração. Temos o exemplo do Natal. Mesmo quem não crê em Deus, celebra o Natal, nem que seja no espírito da festa da família com as prendas, a árvore de Natal, o presépio, os enfeites luminosos. A Páscoa tem a sua origem em Deus, na saída dos judeus do Egipto. Na Páscoa, celebramos a morte redentora de Cristo e a Sua ressurreição. Mas, mesmo quem não crê, celebra a Páscoa, num espírito comercial.

A palavra carnaval vem da expressão latina carne levare, que significa abstenção da carne, o “adeus à carne”.  Este termo começou a circular por volta dos séculos XI e XII para designar a véspera da “Quarta-feira de cinzas”, dia em que se inicia a exigência da abstenção de carne, ou jejum da “Quaresma” por parte da Igreja Católica Apostólica Romana. A Quaresma é uma tradição católica, um período de quarenta dias antes do domingo de Páscoa e que inicia na quarta-feira de cinzas, depois do carnaval. A “Quarta-feira de Cinzas” e a “Quaresma” são designações e tradições católicas romanas sem base bíblica.

            A real origem do carnaval é um tanto obscura e de alguma controvérsia. Alguns historiadores assentam a sua procedência das festas populares em honra aos deuses pagãos Baco e Saturno. Em Roma, realizavam-se comemorações em homenagem a Baco (deus de origem grega conhecido como Dionísio e responsável pela fertilidade. Era também o deus do vinho alcoólico e da embriaguez).

            Para entendermos um pouco mais, vamos até à sua raiz na antiguidade.       Os povos pagãos antigos homenageavam os seus deuses greco-romanos em grandes festas. Entre elas, existiam as saturnias (para o deus Saturno) e os bacanais (para o deus Baco, na mitologia romana, conhecido também como Dionísio, na mitologia grega). Essas comemorações eram geralmente realizadas em Novembro e Dezembro, e eram regadas com muito vinho alcoólico e com direito a pecaminosas orgias diversas.

            A partir do séc. IV, a ICAR torna-se a religião oficial do Império Romano. Como a Igreja se queria pautar por padrões éticos e morais, não permitia a realização das festas de bacanais e saturnias na Quaresma, que é uma época de reflexão e meditação espiritual. Então, as pessoas passaram a aproveitar os três últimos dias antes do início da Quaresma para fazerem tudo a que achavam ter direito. O carnaval é realizado justamente neste período e remonta às características das festas pagãs.

II. A Festa do Carnaval Hoje
            Depois de vermos a sua origem, o que se faz hoje no Carnaval? Evoluiu para pior.

            Hoje, a essência é a festa mundana da carnalidade humana. Ao lado de desfiles de crianças e de outros aparentemente com temas sem qualquer mal, o que marca o carnaval é a exibição do culto à sensualidade, extravagância, da luzes e das televisões a transmitirem para todo o mundo as fantasias dos corpos quase nus de homens e mulheres, fomentando o prazer carnal e sexual.
                      
            Vemos as bancadas dos sambódromos a abarrotar de multidões a gritarem e a aclamarem, como se fosse um culto explícito ao paganismo. Vemos os governos a fomentarem e a financiarem o carnaval, porque traz turismo e receitas avultadas em dinheiro. Vemos os governos a distribuírem largos milhares de preservativos porque sabem que o carnaval fomenta o sexo ilícito e pecaminoso aos olhos de Deus. 

            Vemos os excessos e o abuso do álcool e, a coberto do carnaval, a vingança que leva ao crime e à violência sobre as pessoas. Durante quatro dias, toda esta movimentação com ritmos atordoantes e alucinantes regados com bebidas alcoólicas e sexo enchem ilusoriamente o coração de seus participantes. Porquê?
                      
            Porque têm a esperança de poderem neste espaço de 4 dias, ceder, sem nenhum temor a Deus, às suas luxurias e desejos, na ignorância de que na quarta-feira, confessando os seus excessos pecaminosos, através da figura das cinzas, serão dos seus pecados perdoados como se Deus tivesse permitido e dado o Seu aval para outros deuses serem venerados e adorados nesta celebração.
           
            Mas a Palavra do Senhor é clara: Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós, também, santos, em toda a vossa maneira de viver… Sede santos, porque eu sou santo (I Ped.1-15-16); Não erreis, Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também semeará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna (Gl.6:7-8).
                                                                                                                                                                                                                            
III. Deus, a Igreja, o Crente e o Carnaval
             Uma simples pergunta ajudar-nos-à muitíssimo. O Senhor Jesus, ou qualquer dos Seus apóstolos, ou qualquer dos profetas, assistiria, ou participaria num desfile de Carnaval? Assistiria a desfiles ofensivos da boa moralidade e decência, a desfiles de mulheres despidas e a inflamarem para a carnalidade e o sexo? Não, com toda a certeza. Ora, se Jesus o não faria, nós temos que o imitar porque Ele é o nosso Modelo e superior exemplo.

            Como podemos observar, o carnaval tem a sua origem em rituais pagãos de adoração a deuses falsos. Evoluiu para formas ainda mais pagãs e, hoje, trata-se, por, isso de uma manifestação popular eivada de obras da carne, pecaminosas, condenadas claramente pela Bíblia.

            Como cristãos verdadeiros, diante do espírito a que o carnaval chama, temos que proclamar que cremos no Deus verdadeiro, o único Deus que salva e santifica, e que pede de nós vidas santas. O carnaval é um exemplo real da sobrevivência do paganismo, com todos os seus elementos presentes. É a explícita manifestação das obras da carne:              “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: …prostituição, impureza, lascívia, Idolatria…inimizades…bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gál. 5.19-21).

A Palavra de Deus tem as seguintes advertências: 
            "Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o espírito para as coisas do espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do espírito é vida e paz.  Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus…    (Rm. 8.5-8)
   
            Um testemunho de um jovem: “No carnaval de 1976, preparava-me, uma vez mais, para celebrar esta festa pagã com os meus primos, quando Deus mudou radicalmente a história da minha vida. A convite do meu irmão, escolhi participar naquele ano num retiro de jovens crentes em Jesus. No meio de vários jovens, Deus restaurou a minha vida naqueles dias. Deu-me uma nova visão da Vida, perdoou os meus pecados. A seguir Deus preparou-me e capacitou-me para um ministério na Sua igreja até aos últimos dias da minha vida. Nestes vinte e oito anos de vida com Deus, não me arrependo um só instante daquele período de carnaval em que tomei a mais sábia decisão de todos os tempos, ou seja, entregar-me sem reservas ao Único e Soberano Deus, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, Jesus Cristo.”
            Como venceu? A resposta está na Palavra de Deus:” Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vende o mundo, a nossa fé”. (I João 5:4)

            Voltar as costas ao Carnaval e escolher Jesus Cristo, é muito melhor: Ele disse: Na verdade. Na verdade, te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus… Necessário vos é nascer de novo… Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do Unigénito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas eram más (Jo.3:3,6,17-19). Queres tu também tomar esta decisão de receber Jesus como teu Salvador pessoal?

            Como cristãos fiéis, temos o dever de esclarecer, a responsabilidade de marcar a nossa posição, não podemos ser omissos, nem concordar, nem participar no Carnaval, pois vai contra os princípios claros da Palavra de Deus. Assim, devemos lançar mão da sabedoria que temos recebido do Senhor e optar pela melhor actividade para a nossa igreja nesse período tão sombrio que é o carnaval: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." (I Cor.10:31); "Abstende-vos de toda a aparência do mal." (I Tes.5:22).

            Tomemos uma decisão que agrade e glorifique ao Senhor Jesus. Viremos as costas e condenemos o Carnaval, e participemos em actividades que nos tragam vida, alegria, paz, mas no Caminho que conduz à vida eterna: Vós sois o sal da terra… vós sois a luz do mundo... assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. (Mateus 5:13-16).  Que obras os homens verão em nós?

                        
Rui Simão
Pastor da Igreja Evangélica Baptista de Moreira da Maia