segunda-feira, 27 de abril de 2020

Apocalipse - A Visão do Trono da Majestade Divina - Introdução

As Últimas Palavras de Jesus à Igreja

 A Visão do Trono da Majestade Divina - Introdução

Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu…”

Apocalipse 4:1 (caps 4 e 5)

 

Introdução – Chegámos agora à terceira parte do maravilhoso livro do Apocalipse. Hoje faremos apenas uma introdução ao que Deus nos vai revelar a partir daqui. Devemos sentir-nos gratos e privilegiados por termos a honra de vislumbrar a “Sala” onde se encontra Deus no Seu majestoso Trono. A divisão de TODO o livro está em 1:19:

1.ª - Escreve as coisas que tens visto – é o que João viu no início, no cap. 1, a visão de Jesus glorificado;

2.ª e as que são – foram os caps 2 e 3, as cartas às sete igrejas da Ásia com a revelação de Jesus para a Sua igreja e que contém uma perspetiva da igreja ao longo da história;

3.ª e as que, depois destas, hão-de acontecer. Esta é a terceira e a parte mais longa do livro, cap. 4 a 22. O que contém? Tem a informação que todos querem saber, a revelação profética do futuro que aguarda a humanidade. Aqui temos o que ainda está por acontecer.

 

          Como sabemos que esta é a terceira parte do livro? Porque 4:1 começa precisamente assim: Depois destas coisas…, a mesma expressão grega de 1:19: …as coisas…depois destas… João recebe um convite: Sobe aqui e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. É assim que sabemos que inicia a terceira parte do livro.

 

          Os capítulos desta longa terceira parte do livro, de forma simples, dividem-se assim:

. Caps.4-5 – Uma Visão da Majestade de Deus, Pai e Filho, no Trono, com cenas celestiais;

. Caps. 6-19 – Os acontecimentos do período da Tribulação na terra e a Segunda Vinda;

. Caps. 20-22 – O Reino Milenar de Jesus, Julgamento do Grande Trono Branco, destruição desta terra e a Nova Criação de todas as coisas, a Nova Jerusalém e a Eternidade.

 

          A futura vinda do Reino de Deus inclui o quê? Inclui a destruição dos poderes do mal, a destruição de Satanás e dos seus demoníacos seguidores, a destruição da morte.

 

          Mas antes de serem destruídos, esses poderes maus vão empenhar-se num esforço final desesperado de tentar destruir o povo de Deus. Porém, nesse terrível conflito definitivo entre Satanás e Deus, o relato do Apocalipse começa logo por revelar Quem está no trono a governar o universo: É Deus, o Pai e o Senhor Jesus Cristo (caps.4-5).

 

          Por isso, estas visões levam-nos para diante do trono de Deus de onde procederão todas as demais predições e onde está o comando de todos os acontecimentos finais. Deus é aqui visto como o Senhor, digno de toda a honra, glória e poder, incluindo o poder sobre a terra, que foi usurpado pelas forças malignas.

 

          Iniciemos, pois, os caps.4 e 5, antes de começar o período da Tribulação na terra.

 

Temos uma visão celestial de onde e de Quem procederão os julgamentos sobre a terra.

 

          Tal como termina 3:21, e me assentei com meu Pai, no seu trono, a cena dos caps.4 e 5 é do Trono e de Duas Pessoas da Trindade, Deus, o Pai e Deus o Filho.

 

          Deus, o Pai, é o foco do cap.4. Ver: …um assentado sobre o trono… ao que estava assentado sobre o trono… Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus…ao que estava assentado sobre o trono… (vs.2b-3a,8b 9).

 

         E Deus, o Filho, o Cordeiro, é o foco do cap.5, antes de começarem os juízos: …E olhei e eis que estava no meio do trono…um Cordeiro… prostraram-se diante do Cordeiro… digno é o Cordeiro… (vs. 6, 8 12).

          Ambos os capítulos iniciam referindo-se ao trono. Vejam 4:2 e 5:1. Trono é o lugar onde se assentam os reis. Aponta para poder, autoridade, comando.

 

          Os papeis de Deus, o Pai, e de Deus, o Filho, são diferentes nestes dois caps. O cap. 4 destaca o Pai como o Criador, O cap.5 destaca Deus, o Filho, como o Redentor.

 

          Vejam, por exemplo, quanto a Deus Pai, o início de 4:11: Digno és… Se formos para 5:9, 12 diz o mesmo de Deus Filho: Digno é

 

          Quanto a Deus Pai, o texto de 4:11 prossegue e diz porque é que é digno: …Senhor, de receber glória, e honra e poder, porque tu criaste todas as coisas

 

          Quanto a Deus Filho, o Cordeiro, Jesus, 5:9, 12 também explica porque é que é digno de ser adorado: porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens… Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força e honra…

 

          O que é que estamos a ver aqui? O que está a acontecer no céu? Está a acontecer adoração celestial, pura e perfeita por parte de milhões de milhões, e milhares de milhares (5:11). Deus, o Pai, a ser glorificado porque Ele criou todas as coisas. Deus, o Filho, a ser glorificado por Ele redimiu todas as coisas e as reconciliou com Deus.

 

          Para que servem os caps. 4 e 5? Para nos mostrarem onde está o poder, a soberania e o comando, a autoridade. Estamos a ver, para nosso ensino,  verdadeira e pura adoração no céu dirigida a Deus, o Pai, e a Deus, o Filho.

 

          Vejam a conclusão desta adoração, a conclusão dos dois caps 4 e 5. Está em 5:13-14, e o que vemos? Vemos adoração ao Pai e ao Filho. Verdadeira adoração é assim, nada tem a ver com formas de adoração que vemos hoje em tantas igrejas com atitudes desordenadas, histeria, descontrolo, barulho.

 

         Verdadeira adoração tem razão, tem racionalidade, tem objetivo, tem foco. É o culto racional de que Paulo fala em Romanos 12:2. O único foco da adoração é Deus, nada mais, ninguém mais.

 

         Quando começarmos a ver mais à frente no estudo do Apocalipse, os juízos, os castigos, os julgamentos de Deus sobre a terra nos caps. 6-19, de tanta intensidade e de tanta severidade, podemos perguntar: Será que Deus tem realmente o direito de julgar o mundo, a criação como Ele o vai fazer?  A resposta está aqui:

 

         Vejamos apenas alguns poucos exemplos: 6:4, 8: E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada... e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com mortandade, e com as feras da terra. Podemos imaginar isto?

 

8:7, 9: E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra; e queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada… E morreu a terça parte das criaturas que tinham vida no mar…

 

9:5-6, 18: E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles… Por estes três foi morta a terça parte dos homens…

 

16:2: E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem.

 

 

          Poderemos sequer imaginar o que Deus vai enviar a esta terra?

 

          Então, Será que Deus tem realmente o direito de julgar o mundo, a criação como Ele o vai fazer?

          E a resposta a esta questão é encontrada nos caps 4 e 5, na cena, na visão celestial, antes mesmo dos acontecimentos, antes mesmo dos julgamentos iniciarem.

 

          Em 16:7, lemos: E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.

 

          Aprendemos que Deus, o Pai, e Deus, o Filho, são dignos, estão qualificados, pois através das Suas mãos divinas veio a criação de tudo; através de Deus veio a redenção do pecado. Deus é o Criador e também o Redentor.

 

          Deus, o Filho, saiu da glória, desceu à terra, deixou a eternidade e entrou no tempo dos mortais, encarnou para redimir o homem pecador, através do Seu próprio sacrifício, da Sua crucificação, morte e ressurreição dos mortos.

 

          Portanto, não há maiores credenciais do que estas. O Criador e o Redentor, no Seu tempo, na Sua providência, no Seu poder Omnipotente e justo têm o direito de julgar a Sua criação e estes dois caps 4 e 5 servem para o provar.

          Provam o poder e o direito divinos de intervir assim no mundo.

 

          Não é verdade que o homem está sempre a levantar o seu dedo e a desafiar Deus? “Deus não tem o direito de fazer isto!” Mas tem, pois Ele é o Criador e o Sustentador de tudo o que existe. Na verdade, nós nem sequer teríamos o nosso próximo respiro se ele não fosse permitido, sustentado pelo poder de Deus.

 

          Estes dois caps. 4 e 5, também servem para nos assegurar o quê?

          Que Deus vai intervir na humanidade, não demorará a ocorrer e que nenhum poder, nem mesmo o de Satanás, o pode impedir.

 

          Vejam bem: O apóstolo João esteve até aqui com uma visão sobre a terra, sobre a longa história da igreja nas suas lutas e vitórias, nas suas derrotas, nas suas advertências e promessas feitas por Jesus, o Senhor da igreja (caps. 2 e 3).

 

          Mas, agora, a sua atenção é voltada para uma visão completamente diferente, celestial, sem alarme, sem turbulência, sem sustos de adversários, de segurança e paz perfeitas, de glória, de luz, de adoração, de esperança, uma visão de Deus entronizado. v.8

 

          João pôde assim ver que, afinal, por trás do palco dos acontecimentos, que os nossos olhos não veem, Deus está a governar o universo, no Seu trono. Deus não Se separou da Sua criação. Tem tudo sob controlo.

 

          Outra pergunta: Para que servem os juízos, os desastres que Deus vai lançar sobre a humanidade?

          São instrumentos usados por Deus, quer para castigar o mundo iníquo que afronta a Santidade e autoridade de Deus, quer para trazer os homens de volta a Si, se eles se arrependerem, se eles crerem.  

 

          De quem é a decisão? A decisão é pessoal, é de cada um. As opções são apenas duas: 1.ª - Seguir ao Senhor Deus ou; 2.ª - seguir aos poderes demoníacos que procuram cativar e controlar as mentes das pessoas nesta terra onde também têm poder? Não podemos esquecer 1:1-3,8.

 

          Sabermos isto deve servir para nosso consolo e esperança, nós que vivemos no meio de tantas tribulações, perseguições. A lição global do livro do Apocalipse é esta também, que os homens vejam que o caminho de Deus, do Evangelho de Jesus é sempre o melhor.

 

A Introdução a esta terceira parte do livro já vai um pouco longa, eu sei. Mas quero concluir entrando apenas no início do v.1 do cap.4.

 

I. A Sala do Trono de Deus – Cap.4

         Algumas coisas importantes são ensinadas logo no primeiro versículo. Aqui, gostaria de dizer algo muito relevante à medida que prosseguimos o estudo deste livro maravilhoso.

Apocalipse não é um livro de fácil entendimento. Nem sempre há consenso sobre o significado dos acontecimentos aqui descritos. Há posições doutrinárias diferentes quanto aos acontecimentos finais da história da humanidade que é o tema principal deste livro do Apocalipse.

Não é nosso propósito entrar em controvérsias, nem em debates que não tragam edificação espiritual.

Por isso, procuraremos esclarecer o texto com as respostas mais adequadas debaixo desta orientação: A Escritura explica-se a si mesma.

 

         O Cap. 4 divide-se em três partes: 1. João é chamado ao Céu para ver estas coisas, para observar uma cena celestial (v.1); 2. A Visão que João observou no Céu (vs.2-8); 3. O Cântico de adoração pelas entidades celestiais a Deus o Pai como Criador (vs.9-11).

 

1.- A Convocação, a Chamada de João para o Céu

Para melhor compreendermos a razão do livro temos que recuar um pouco ao seu início. O apóstolo João estava exilado na ilha grega de Patmos por determinação das autoridades romanas (1:9). Aqui, João recebe a primeira visão. Qual é? A visão do Senhor Jesus em glória, exaltado, caminhando no meio de candelabros de ouro com mandamentos e revelações para as igrejas (1:10-15, 19).

Essas sete igrejas apresentam-nos a visão sobre a igreja de Cristo ao longo da História até ao final, representadas pelas cartas às sete igrejas da Ásia (caps.2 e 3).

 

v.1 – Depois destas coisas –A atenção do apóstolo João é desviada da terra para o céu pois vai agora receber novas visões celestiais. Diz que ele olhou e via ver algo.

 

…eis… - Esta palavra chama a nossa atenção para algo importante e excitante.

 

…estava uma porta aberta no céu… - A barreira, o véu que esconde o mundo celestial foi temporariamente aberto como uma porta que se abre. Esta é a porta da revelação. Veremos como as cenas do apocalipse mudam do céu para a terra e da terra ara o céu.

 

De seguida, João vai ouvir uma voz que fala com ele e vai identificá-la. É a primeira voz, que como trombeta ouvira falar comigo… João identifica a voz que fala com ele como sendo a primeira que lhe falou, a voz de Jesus (1:10). A trombeta indica que é uma voz poderosa para uma poderosa convocação.

A convocação é uma chamada para João subir ao céu: Sobe aqui…. Para quê? …e mostrar-te-ei as coisas que, depois destas, devem acontecer.

 

Conclusão

Ou seja, Jesus está a dizer que vai mostrar a João coisas no céu, os caps 4 e 5, e as coisas que a seguir, na sequência do que é revelado nos caps 4 e 5, vão acontecer sem falha alguma, os caps. 6 em diante.

 

E o que é? São os terríveis acontecimentos finais da história da humanidade e, depois

finalmente o início da eternidade.

 

           

Moreira,      de               de 2020 (      )