Apocalipse - A Visão do Trono da Majestade Divina - Introdução
As Últimas Palavras de Jesus à Igreja
A Visão do Trono da
Majestade Divina - Introdução
“Depois destas coisas, olhei,
e eis que estava uma porta aberta no céu…”
Apocalipse 4:1 (caps 4 e 5)
Introdução – Chegámos
agora à terceira parte do maravilhoso livro do Apocalipse. Hoje faremos apenas
uma introdução ao que Deus nos vai revelar a partir daqui. Devemos sentir-nos
gratos e privilegiados por termos a honra de vislumbrar a “Sala” onde se
encontra Deus no Seu majestoso Trono. A divisão de TODO o livro está em 1:19:
1.ª - Escreve as coisas que tens visto – é
o que João viu no início, no cap. 1, a visão de Jesus glorificado;
2.ª – e as que são – foram os caps 2 e 3,
as cartas às sete igrejas da Ásia com a revelação de Jesus para a Sua igreja e
que contém uma perspetiva da igreja ao longo da história;
3.ª – e as que, depois destas, hão-de acontecer. Esta
é a terceira e a parte mais longa do livro, cap. 4 a 22. O que contém? Tem a
informação que todos querem saber, a revelação profética do futuro que aguarda
a humanidade. Aqui temos o que ainda está por acontecer.
Como
sabemos que esta é a terceira parte do livro? Porque 4:1 começa precisamente
assim: Depois destas coisas…, a mesma expressão grega de 1:19: …as
coisas…depois destas… João recebe um convite: Sobe aqui e mostrar-te-ei as coisas
que depois destas devem acontecer. É assim que sabemos que inicia a
terceira parte do livro.
Os
capítulos desta longa terceira parte do livro, de forma simples, dividem-se
assim:
. Caps.4-5 –
Uma Visão da Majestade de Deus, Pai e Filho, no Trono, com cenas celestiais;
. Caps. 6-19
– Os acontecimentos do período da Tribulação na terra e a Segunda Vinda;
. Caps. 20-22
– O Reino Milenar de Jesus, Julgamento do Grande Trono Branco, destruição desta
terra e a Nova Criação de todas as coisas, a Nova Jerusalém e a Eternidade.
A futura vinda do Reino de Deus inclui o
quê? Inclui a destruição dos poderes do mal, a destruição de Satanás e dos seus
demoníacos seguidores, a destruição da morte.
Mas
antes de serem destruídos, esses poderes maus vão empenhar-se num esforço final
desesperado de tentar destruir o povo de Deus. Porém, nesse terrível conflito
definitivo entre Satanás e Deus, o relato do Apocalipse começa logo por revelar
Quem está no trono a governar o universo: É Deus, o Pai e o Senhor Jesus Cristo
(caps.4-5).
Por
isso, estas visões levam-nos para diante do trono de Deus de onde procederão
todas as demais predições e onde está o comando de todos os acontecimentos
finais. Deus é aqui visto como o Senhor, digno de toda a honra, glória e poder,
incluindo o poder sobre a terra, que foi usurpado pelas forças malignas.
Iniciemos,
pois, os caps.4 e 5, antes de começar o período da Tribulação na terra.
Temos uma visão celestial de onde e de Quem procederão
os julgamentos sobre a terra.
Tal
como termina 3:21, e me assentei com meu Pai, no seu trono, a cena dos caps.4 e 5
é do Trono e de Duas Pessoas da Trindade, Deus, o Pai e Deus o Filho.
Deus, o Pai, é o foco do cap.4. Ver: …um assentado sobre o trono… ao
que estava assentado sobre o trono… Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus…ao que
estava assentado sobre o trono… (vs.2b-3a,8b 9).
E Deus, o Filho, o Cordeiro, é o foco do cap.5, antes de começarem os juízos: …E olhei
e eis que estava no meio do trono…um Cordeiro… prostraram-se diante do Cordeiro…
digno é o Cordeiro… (vs. 6, 8 12).
Ambos
os capítulos iniciam referindo-se ao trono. Vejam 4:2 e 5:1. Trono é o lugar onde se assentam os reis. Aponta
para poder, autoridade, comando.
Os
papeis de Deus, o Pai, e de Deus, o Filho, são diferentes nestes dois caps. O
cap. 4 destaca o Pai como o Criador, O cap.5 destaca Deus, o
Filho, como o Redentor.
Vejam,
por exemplo, quanto a Deus Pai,
o início de 4:11: Digno és… Se formos para 5:9, 12 diz o mesmo de Deus Filho: Digno é…
Quanto a Deus Pai, o texto de 4:11 prossegue e diz porque é que é
digno: …Senhor, de receber glória, e honra e poder, porque tu criaste todas
as coisas…
Quanto a Deus Filho, o Cordeiro, Jesus, 5:9, 12 também
explica porque é que é digno de ser adorado: porque foste morto e com
o teu sangue compraste para Deus homens… Digno é o Cordeiro, que foi
morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força e honra…
O
que é que estamos a ver aqui? O que está a acontecer no céu? Está a acontecer
adoração celestial, pura e perfeita por parte de milhões de milhões, e milhares de
milhares (5:11). Deus, o Pai, a ser glorificado porque Ele criou todas
as coisas. Deus, o Filho, a ser glorificado por Ele redimiu todas as coisas e
as reconciliou com Deus.
Para
que servem os caps. 4 e 5? Para nos mostrarem onde está o poder, a soberania e
o comando, a autoridade. Estamos a ver, para nosso ensino, verdadeira e pura adoração no céu dirigida a
Deus, o Pai, e a Deus, o Filho.
Vejam a
conclusão desta adoração, a conclusão dos dois caps 4 e 5. Está em 5:13-14, e o que vemos? Vemos adoração
ao Pai e ao Filho. Verdadeira adoração é assim, nada tem a ver com formas de
adoração que vemos hoje em tantas igrejas com atitudes desordenadas, histeria,
descontrolo, barulho.
Verdadeira adoração tem razão, tem
racionalidade, tem objetivo, tem foco. É o culto racional de que Paulo fala em
Romanos 12:2. O único
foco da adoração é Deus, nada mais, ninguém mais.
Quando começarmos a ver mais à
frente no estudo do Apocalipse, os juízos, os castigos, os julgamentos de Deus
sobre a terra nos caps. 6-19, de tanta intensidade e de tanta severidade,
podemos perguntar: Será que Deus tem realmente
o direito de julgar o mundo, a criação como Ele o vai fazer? A resposta está aqui:
Vejamos apenas
alguns poucos exemplos: 6:4,
8: E saiu
outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que
tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma
grande espada... e foi-lhes dado
poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com mortandade,
e com as feras da terra. Podemos imaginar isto?
8:7, 9: E o
primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com
sangue, e foram lançados na terra; e queimou-se a terça parte das árvores, e
toda a erva verde foi queimada… E morreu a terça
parte das criaturas que tinham vida no mar…
9:5-6, 18: E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os
atormentassem; e o seu tormento era
semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. E naqueles dias os
homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá
deles… Por estes três foi morta a terça parte dos homens…
16:2: E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se
uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a
sua imagem.
Poderemos
sequer imaginar o que Deus vai enviar a esta terra?
Então, Será que Deus tem realmente o direito de
julgar o mundo, a criação como Ele o vai fazer?
E a resposta
a esta questão é encontrada nos caps 4 e 5, na cena, na visão celestial, antes
mesmo dos acontecimentos, antes mesmo dos julgamentos iniciarem.
Em 16:7,
lemos: E ouvi outro do
altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos
são os teus juízos.
Aprendemos
que Deus, o Pai, e Deus, o Filho, são dignos, estão qualificados, pois através
das Suas mãos divinas veio a criação de tudo; através de Deus veio a redenção
do pecado. Deus é o Criador e também o Redentor.
Deus, o
Filho, saiu da glória, desceu à terra, deixou a eternidade e entrou no tempo
dos mortais, encarnou para redimir o homem pecador, através do Seu próprio
sacrifício, da Sua crucificação, morte e ressurreição dos mortos.
Portanto,
não há maiores credenciais do que estas. O Criador e o Redentor, no Seu tempo,
na Sua providência, no Seu poder Omnipotente e justo têm o direito de julgar a
Sua criação e estes dois caps 4 e 5 servem para o provar.
Provam
o poder e o direito divinos de intervir assim no mundo.
Não é
verdade que o homem está sempre a levantar o seu dedo e a desafiar Deus? “Deus não tem o direito de fazer isto!” Mas
tem, pois Ele é o Criador e o Sustentador de tudo o que existe. Na verdade, nós
nem sequer teríamos o nosso próximo respiro se ele não fosse permitido,
sustentado pelo poder de Deus.
Estes dois caps. 4 e 5, também servem
para nos assegurar o quê?
Que Deus
vai intervir na humanidade, não demorará a ocorrer e que nenhum poder, nem
mesmo o de Satanás, o pode impedir.
Vejam
bem: O apóstolo João esteve até aqui com uma visão sobre a terra, sobre a longa
história da igreja nas suas lutas e vitórias, nas suas derrotas, nas suas advertências
e promessas feitas por Jesus, o Senhor da igreja (caps. 2 e 3).
Mas, agora,
a sua atenção é voltada para uma visão completamente diferente, celestial, sem
alarme, sem turbulência, sem sustos de adversários, de segurança e paz perfeitas,
de glória, de luz, de adoração, de esperança, uma visão de Deus entronizado. v.8
João
pôde assim ver que, afinal, por trás do palco dos acontecimentos, que os nossos
olhos não veem, Deus está a governar o universo, no Seu trono. Deus não Se
separou da Sua criação. Tem tudo sob controlo.
Outra
pergunta: Para que servem os juízos, os
desastres que Deus vai lançar sobre a humanidade?
São instrumentos usados por Deus, quer para castigar o mundo iníquo que
afronta a Santidade e autoridade de Deus, quer para trazer os homens de volta a
Si, se eles se arrependerem, se eles crerem.
De quem é a decisão? A decisão é
pessoal, é de cada um. As opções são apenas duas: 1.ª - Seguir ao Senhor Deus ou; 2.ª - seguir aos poderes demoníacos que procuram cativar e controlar
as mentes das pessoas nesta terra onde também têm poder? Não podemos esquecer 1:1-3,8.
Sabermos
isto deve servir para nosso consolo e esperança, nós que vivemos no meio de
tantas tribulações, perseguições. A lição global do livro do Apocalipse é esta também,
que os homens vejam que o caminho de Deus, do Evangelho de Jesus é sempre o
melhor.
A Introdução a esta
terceira parte do livro já vai um pouco longa, eu sei. Mas quero concluir
entrando apenas no início do v.1 do cap.4.
I. A Sala do Trono de Deus – Cap.4
Algumas coisas importantes são ensinadas
logo no primeiro versículo. Aqui, gostaria de dizer algo muito relevante à medida
que prosseguimos o estudo deste livro maravilhoso.
Apocalipse não é um
livro de fácil entendimento. Nem sempre há consenso sobre o significado dos
acontecimentos aqui descritos. Há posições doutrinárias diferentes quanto aos acontecimentos
finais da história da humanidade que é o tema principal deste livro do Apocalipse.
Não é nosso propósito
entrar em controvérsias, nem em debates que não tragam edificação espiritual.
Por isso,
procuraremos esclarecer o texto com as respostas mais adequadas debaixo desta
orientação: A Escritura explica-se a si mesma.
O
Cap. 4 divide-se em três partes: 1. João
é chamado ao Céu para ver estas coisas, para observar uma cena celestial (v.1);
2. A Visão que João observou no Céu
(vs.2-8); 3. O Cântico de adoração pelas
entidades celestiais a Deus o Pai como Criador (vs.9-11).
1.- A Convocação, a Chamada de João para o Céu
Para melhor
compreendermos a razão do livro temos que recuar um pouco ao seu início. O apóstolo
João estava exilado na ilha grega de Patmos por determinação das autoridades
romanas (1:9). Aqui, João
recebe a primeira visão. Qual é? A visão do Senhor Jesus em glória, exaltado,
caminhando no meio de candelabros de ouro com mandamentos e revelações para as igrejas
(1:10-15, 19).
Essas sete igrejas
apresentam-nos a visão sobre a igreja de Cristo ao longo da História até ao
final, representadas pelas cartas às sete igrejas da Ásia (caps.2 e 3).
v.1 – Depois destas coisas –A atenção do apóstolo
João é desviada da terra para o céu pois vai agora receber novas visões
celestiais. Diz que ele olhou e via ver algo.
…eis… - Esta palavra chama a nossa atenção
para algo importante e excitante.
…estava uma porta
aberta no céu… - A
barreira, o véu que esconde o mundo celestial foi temporariamente aberto como
uma porta que se abre. Esta é a porta da revelação. Veremos como as cenas do
apocalipse mudam do céu para a terra e da terra ara o céu.
De seguida, João vai
ouvir uma voz que fala com ele e vai identificá-la. É a primeira voz, que como trombeta
ouvira falar comigo… João identifica a voz que fala com ele como sendo
a primeira que lhe falou, a voz de Jesus (1:10).
A trombeta
indica que é uma voz poderosa para uma poderosa convocação.
A convocação é uma
chamada para João subir ao céu: Sobe aqui…. Para quê? …e
mostrar-te-ei as coisas que, depois destas, devem acontecer.
Conclusão
Ou seja, Jesus está a
dizer que vai mostrar a João coisas no céu, os caps 4 e 5, e as
coisas que a seguir, na sequência do que é revelado nos caps 4 e 5, vão
acontecer sem falha alguma, os caps. 6 em diante.
E o que é? São os
terríveis acontecimentos finais da história da humanidade e, depois
finalmente o início da eternidade.
Moreira, de de 2020 (
)