quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

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A Incarnação do Filho de Deus

A Paz de Deus em Jesus Cristo

 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou… não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. 

                                       (João 14:27)

Introdução – Esta é a época do ano quando, querendo ou não, as nossas mentes e corações se voltam para o nascimento de Jesus Cristo neste mundo. Não há nenhuma probabilidade de que o nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia 25 de Dezembro.

O mundo chama-lhe natal. Nós preferimos pensar na incarnação, pois João 1:14 escreve: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...".

 

     No entanto, quer seja em Dezembro ou em Agosto, não existe dano algum em pensarmos e meditarmos na incarnação, em louvarmos ao Senhor Deus pelo nascimento do Salvador do Mundo, o Senhor Jesus Cristo. Sim, porque quando o fazemos estamos a meditar nas Escrituras, e só nelas, sobre a Encarnação do Filho de Deus, a Sua Primeira Vinda ao mundo.

Afinal, na noite do Seu nascimento houve grande celebração dos anjos de Deus.

 

        Qual foi um dos principais motivos que levaram Deus a enviar o Seu Filho ao mundo? A PAZ. Era necessária a Paz de Deus com o homem pecador. Por isso, lemos em Efésios 2:14, 17 sobre a vinda de Jesus ao mundo: Porque ele é a nossa paz…E, vindo ele, evangelizou a paz… Porque, por ele… temos acesso ao Pai…; "...Deus nos reconciliou consigo mesmo, por Jesus Cristo" (II Cor.5:19)

 

  Jesus veio pela paz com Deus, paz essencial à salvação do perdido. Vindo, fez a paz com Deus.

Tanto mais que, na Sua despedida deste mundo, Jesus despede-Se em paz. Ele faz isto com toda a clareza lá naquele discurso na Quinta-feira à noite, à mesa, a comer a páscoa, na última refeição com os Seus amados apóstolos num aposento, no grande cenáculo mobilado.

 

I. A Paz Sobrenatural – O Último Legado de Jesus ao Seu Povo – v.27

         Este v.27 é digno de uma mensagem única. Não podemos deixar de meditar nele com profundidade. Nós ouvimos o Senhor Jesus a dizer: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá… 

Vamos, por isso, pensar na paz a que Jesus se refere aqui

 

      “Paz” é uma palavra popular, muito conhecida. É um anseio, é uma realidade quase impossível. Há uma procura constante pela paz. Vejam quantos ativistas perseguem a paz por forma a oferecê-la ao mundo, às populações, às nações. Em milhares de anos de civilização, o mundo conheceu bem poucos anos de paz. Parece que o mundo é incapaz de a encontrar e de a preservar.


 

A realidade é que a turbulência, a falta de paz está em nós, perto de nós, ao nosso redor, e além de nós, dominando este mundo caído. Há uma ausência de paz pessoal, de paz familiar, de paz local, paz nacional, paz internacional. 

Sabem, por exemplo, que há dezenas de milhões de pessoas presas pelo mundo inteiro? 


Num dos mais populosos países do globo há mais de dois milhões de pessoas na prisão. É uma das maiores taxas de encarceramento do planeta. Nas ruas e bairros mesmo dos países com maior capacidade de dar o melhor aos seus cidadãos, regista-se a oferta de tudo menos da ansiada paz.

 

          Falta paz no mundo e no final dessa lista de ausências está a da paz pessoal, do indivíduo.

 

         As pessoas, na verdade, querem paz nas suas vidas. Querem alguma tranquilidade dentro dos seus relacionamentos mais próximos e íntimos, nas famílias e nas comunidades, e assim por diante. Todos querem estar livres de problemas, livres do stress, livres de ameaças, do medo, da ansiedade, da depressão, do desespero, do conflito.

Todos procuram isto, a paz, muitos tentam fazer a paz. É curioso que quando uma pessoa morre, a frase mais comum é “que descanse em paz”. Esta ideia, nem sempre correcta, de que ao menos com a morte vem a paz. Sim, pois sabemos pelas Escrituras que só tem paz quem morre crente em Jesus Cristo e vai para a presença de Deus.

 

 “…não a dou como o mundo a dá…”, diz Jesus 

 Como é que o mundo procura e oferece a paz? 

      Nas diversões, nas drogas, nos medicamentos, no entretenimento, nas compras. Uma pergunta: "Quantos tratados de paz que foram assinados foram rompidos através da história humana?" Resposta: Todos eles.

 

        Mas há uma paz que vem só de Deus, veio pela encarnação, veio com a chegada de Jesus a este mundo. E essa é a paz que nos está a ser apresentada neste v.27.

 Somente as Escrituras, apenas Deus através da Sua Palavra, podem apontar com autoridade para a paz real. A Bíblia vê e apresenta-nos a paz de uma forma única. 

       A declaração que melhor resume a paz é esta de João 14:27, pois fala dela de uma forma completamente diferente: “Estou a dar-te a minha paz; não é a paz que o mundo te dá”.

                           E que torna esta declaração mais fascinante é o momento em que é dada.

Este momento em que o nosso Senhor fala sobre paz e apresenta esta paz como a Sua própria paz que Ele está a conceder aos seus seguidores, é o momento mais dramático, potencialmente mais perturbador e mais angustiante da Sua vida.

 

Em poucas horas o Senhor vai ser executado numa cruz e Ele sabe disso. Jesus sabe de todos os detalhes que O esperam. Na Sua divina omnisciência, o Senhor sabe o que enfrenta. Ele sabe que não será apenas crucificado, não é apenas a realidade física disso. Há muito mais.

Jesus, na cruz, será separado do Seu Pai e será punido por todos os pecados de todas as pessoas através de toda a história humana. Ele sabe o que está a enfrentar. Ele é "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".

 

    Mas mesmo assim fala este v.27: deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. PORQUÊ? Porque Jesus está em paz. Ou seja, a paz de Jesus não depende das circunstâncias. Não é como o mundo a dá. 

Quantas vezes dizemos a alguém: “Vejo que o meu amigo não está em paz, está ansioso, nervoso, perturbado!” Resposta: “Como é que posso estar em paz se estou com um problema enorme na minha vida?”  Mas a paz que Jesus tem e dá não é assim.

         

II. A Natureza e a Fonte da Paz Transcendente – v.27

       À paz que Cristo dá e promete chama-lhe de a minha paz. É d’Ele. Pertence a Jesus, é profunda e duradoura. Esta paz é uma dádiva e um depósito gratuitos: deixo-vos… vos dou.

 

Pertence especialmente a Jesus dá-la, porque Ele veio ao mundo precisamente para nos dar paz com Deus. Colossenses 1:20 acrescenta o que o Pai fez com a vinda de Jesus: …havendo por ele feito a paz… por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas… 

Pensemos agora muito bem nas palavras de João 3:17: Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Veio para fazer a paz de Deus com o pecador.

Jesus comprou-a pelo seu próprio sangue, comprou-a pelo Seu próprio sacrifício na cruz e é a vontade do Pai que Ele nos dê esta paz, paz ao pecador arrependido e crente no Evangelho. É designada nas páginas do NT de a paz de Cristo, a paz de Deus que excede todo o entendimento. é altíssima, é riquíssima, é profunda.

    Esta paz é descrita em II Cor.5:19 e 18 assim: Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados… e tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo, por Jesus Cristo.

Jesus encarnou, nasceu neste mundo porque a paz com Deus era necessária a cada pecador a fim de ser aceite por Deus. Quando a pessoa crê que Jesus pagou o preço do seu pecado, é perdoada por Deus por causa do trabalho de Jesus na cruz. O seu pecado está justificado por Deus. Por isso, todo o crente tem paz com Deus.

 

Mas, além dessa paz e reconciliação com Deus, na Sua vinda, Jesus também transmite essa paz às vidas dos crentes. A paz de Deus entra nos nossos corações. Jesus deixa e dá essa paz que tem um grande impacto transformador no próprio coração e vida dos crentes.

De tal forma, que a paz e o amor entre os crentes, povo de Deus, são a marca distintiva de que somos filhos de Deus. Vejam João 13:34-35.

 Já II Coríntios 5:41 diz: Porque o amor de Cristo nos constrange.

 O que significa "o amor de Cristo nos constrange"?

Significa que a encarnação, a vinda de Jesus e o que Ele fez ao vir a este mundo força-nos, impele-nos, muda a forma como pensamos e desafia-nos a agir de maneira diferente. Não podemos ficar indiferentes perante o amor de Jesus. O Seu amor muda como vemos os outros, em especial os nossos irmãos na fé. É um amor que desafia. Somos constrangidos, impulsionados a ter paz e a amar os outros.  O amor de Cristo é poderoso e transformador!

Por isso, naquela noite de despedida, Jesus diz-lhes mais sobre a importância de se amarem e de terem paz nos corações e uns com os outros: Jo.15:12;

 Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco. (II Cor.13:11)

Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro; (I Pe.1:22

Conclusão 

Só Jesus pode dar esta paz, o mundo não a pode dar. Pois Ele, além de "Maravilhoso", é o "Príncipe da Paz". É uma paz divina, a minha paz. Ou seja, é de Jesus, vem do céu, na Sua encarnação, é sobrenatural.

 É sobrenatural por causa da sua fonte e natureza; porque não se encontra em mais lado nenhum, não é como o mundo a dá. Jesus encarnou para esta paz e amor. Paz com Deus. Amor de Deus. Paz e amor com nossos irmãos na fé, são a marca distintiva dos crentes.

          Já tens a paz de Jesus? Crê n’Ele para que sejas salvo e alcances esta paz, reconciliação do pecador com Deus: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou… O meu mandamento é este: Que vos amei uns aos outros como eu vos amei. Para isto Jesus Nasceu. 

Rui Simão, pastor