sábado, 9 de setembro de 2017

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Deus e as Suas promessas de cuidado pelo Seu povo

O SENHOR é quem te guarda…
Salmo 121
Introdução

         Quantas promessas tem este salmo? São todas para nós.
      

I. Montes

LEVANTAREI os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro. O meu socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra.

         O que esperar de um monte, de uma ’montanha’? Porquê questionar de onde vem o socorro, após observar as montanhas? Para compreender este verso, temos de nos socorrer de outras passagens bíblicas.

 

         Na Bíblia, ‘monte’, ‘montanha’, ‘outeiro’, além de fazer referência às diversas formas de relevo, tais expressões, também, são utilizadas como figuras, para fazer referência as nações e aos povos.

 

         Nos tempos bíblicos do passado, os montes e as montanhas eram procurados para refúgio em tempos de guerra ou de perseguição. Pela sua altitude e relevo, eram um bom esconderijo e protecção.

 

         Por outro lado, os profetas utilizavam os ‘montes’ e os ‘outeiros’ como figura para se referirem, tanto à nação de Israel, quanto às nações vizinhas, como se lê:

"E acontecerá, nos últimos dias, que se firmará o monte da casa do SENHOR no cume dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações" (Is 2:2; Ez 3:6);

 

         O profeta Isaías fez uso da figura do ‘monte’, como sendo a nação de Israel. Após restaurada a sua glória, ou seja, a nação de Israel será estabelecida acima de todas as nações (se elevará por cima dos outeiros).

         Quando o profeta Jeremias disse: "Certamente em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel" (Jr 3:23), estava a alertar o povo de Israel para não fazer aliança com os povos vizinhos (outeiros e montanhas) quando saíssem à guerra ou, à procura de proteção (Jr 50:6).

        

     Quais as instruções e preceitos de Deus para o Seu povo quanto às guerras? Vejam em Deuteronómio 20.

Quando houvesse guerra, segundo a lei de Moisés, era necessário que o sacerdote se pusesse diante do povo e apregoasse que Deus estava com ele (Dt 20:4). Não era para irem direitos ao combate, corpo a corpo, antes, era para sitiar a cidade, confiados em Deus, que entregaria os inimigos nas mãos dos filhos de Israel (Dt 20:12): Pois o Senhor vosso Deus é o que vai convosco, a pelejar contra os vossos inimigos, para salvar-vos. (v.4)

 

         No entanto, não era isso que se via. Porquê? Porque os filhos de Israel queriam traçar estratégias de guerra, como os povos vizinhos faziam, confiados, não em Deus, mas no número de homens e cavalos à disposição dos seus capitães e nas alianças politicas dos seus reis. Deus não Se agradou desta desobediência e falta de confiança n’Ele.

 

         O Egito foi uma nação (monte) para onde os filhos de Israel ‘olharam’, esperando socorro, e Isaias os alertou, dizendo: Que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó e para confiarem na sombra do Egito. Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha e a confiança na sombra do Egito, em confusão(Is 30:2-3; Is 31:1).

"Certamente, em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel" (Jr 3:23);

 

         Então, o termo ‘monte’ é muitas vezes uma figura para fazer referência a uma nação.

        

         Assim, à pergunta do v.1 no Salmo 121, o Salmista, inspirado pelo Espírito de Deus, profetiza acerca da confiança que devemos ter no Senhor, que fez os céus e a terra, ou seja: “O meu socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra (Sl 121:2).

 

II. O Filho de Davi, Jesus Cristo, e os crentes, filhos de Deus no Salmo 121

         Diferentemente dos filhos de Israel, que procuravam estabelecer alianças políticas para repelirem os seus inimigos (olhavam para as nações esperando socorro), o salmista olhou mas foi para o Senhor, o Criador, que fez os céus e a terra.

 

         Ora, sabemos que o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Davi, é o Senhor que fez os céus e a terra. Por isso, como crentes em Jesus, devemos confiar n’Ele. Comparemos:

E Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão, e, como um manto, os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão” (Hb 1:10-12). Fala sobre Jesus

 

Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim (Sl 102:25-27).

        

         O que vemos aqui neste Salmo? Três coisas muito importantes:

a)    O Salmista enumera as bênçãos de Deus sobre o Seu povo, Israel;

b)    Estas mesmas promessas também se aplicam hoje aos crentes em Jesus, o povo de Deus, que O têm como seu Pai Celestial;

c)    Estas promessas também podem ser comparadas à protecção do Pai para com o Seu próprio Filho, Jesus Cristo, enquanto encarnado na terra, entre nós, há dois mil anos.

 

Vejamos as promessas, seu número e conteúdo:

 

1.ª Promessa - v.3. Não deixará vacilar o teu pé  – O Senhor Jesus nunca vacilou, nem frente aos homens, nem frente ao diabo na tentação. Vejam o Salmo 16, um salmo messiânico e que se aplica a Cristo:

“Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei. Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente(Sl 16:8-11).

 

  Por confiar no Pai, Cristo não vacilou (Sl 91:2). Confiemos nós também no nosso Senhor.

 

2.ª Promessa - v.4. Aquele que te guarda não tosquenejará, eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel. O SENHOR é quem te guarda  

         Deus velou e guardou o Seu Filho com todo o zelo e mais faria. Jesus disse: …vós me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo. (João 16:32); Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?  (Mat.26:53 ). Não haveria o menor descuido do Pai quanto ao Filho (não tosquenejará). O Filho de Deus jamais ficaria abandonado neste mundo, pois seria objeto do cuidado constante do Pai, mesmo nas horas de angústia que antecederiam a Sua morte.

O mesmo fará o nosso Pai quanto a nós que confiamos no Seu Nome.

 

3.ª Promessa - v.5 - O SENHOR é a tua sombra à tua direita  – Deus promete proteção constante, ou seja, será a nossa própria sombra, como o foi quanto ao Seu Filho, Jesus:

"Guarda-me como a menina dos olhos; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas" (Sl 17:8);

"Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem, em todos os teus caminhos" (Sl 91:11; Sl 91:15).

 

4.ª Promessa - v.6 - O sol não te molestará de dia, nem a lua de noite  – Este verso aponta a investida dos homens, do mundo e de satanás contra o povo de Deus: Não terás medo do terror de noite, nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia (Sl 91:5-6).

 

5.ª Promessa - v.7a - O SENHOR te guardará de todo o mal… Por colocarmos o nosso Pai como nosso refúgio, Deus promete uma proteção muito abrangente para a nossa vida: Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda” (Sl 91:9-10).

 

6.ª Promessa - v.7b - Guardará a tua alma (v. 7b) – Esta é uma promessa que vai para lá da nossa existência terrena. Uma promessa até para além-túmulo que tem a ver com a nossa própria salvação.

Vejam esta promessa quanto ao próprio Cristo, que morreu, foi sepultado, mas não seria deixado na morte: "Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção" (Sl 16:10). "Para que viva para sempre, e não veja corrupção" (Sl 49:9). "Em ti, ó Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua retidão (...) Nas tuas mãos encomendo o meu espírito...” (Sl 31:1-5).

 

Nós podemos também confiar nesta mesma promessa, pois quem promete é o nosso Pai celestial.

 

7.ª Promessa - v.8 - O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre (v. 8)

Esta promessa remete à nossa vida completa, desde que nascemos até que partamos deste mundo. Mostra que o Senhor nosso Deus estará atento a todas as áreas do nosso viver, dos nossos projetos que visam a Sua glória e que nos são necessários.

 

Conclusão

         O crente em Cristo deve ver no Salmo 121 as promessas do nosso Deus quanto à Sua protecção, ao seu zeloso cuidado por nós nesta vida terrena.

Confiemos no Senhor! O crente precisa de ter em mente que a sua vida está escondida com Cristo em Deus, pois, quando creu em Cristo, para a sua salvação, passou a ser um dos Seus filhos: "Porque já estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus" (Cl 3:3).

         Cristo prometeu estar com os Seus seguidores, todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28:20). Mas, não esqueçamos que a presença de Cristo na nossa vida não exclui as aflições deste mundo (Jo 16:33).

         O alívio e o descanso prometido por Cristo, não diz dos trabalhos, fadigas, desilusões e aflições deste mundo.

 

O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra… O Senhor é quem te guarda… O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.

 
Rui Simão
Pastor na Igreja Evangélica Baptista de Moreira da Maia