Deus é Pai e Juiz
E, se invocais por Pai aquele que, sem aceção de pessoas, julga segundo
a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação.
I Pedro 1:17
Introdução
Este é o segundo assunto que Pedro nos traz neste mesmo versículo, que Deus além de Pai também é Juiz.
“E, se invocais por Pai…”
I. Deus é Pai
Aqueles
crentes, como verdadeiros cristãos, dirigiam-se em oração a Deus chamando-O de Pai. Nós
podemos chamar a Deus de Pai. Nós chamamos a Deus como nosso
Pai muito frequentemente, diariamente. Mas, às vezes, é bom alguém lembrar-nos o que isso representa.
Mas
agora prestem bem atenção. O que aqueles crentes, e nós, não podem esquecer é
que esse mesmo Deus, com o qual foram colocados numa relação tão íntima, também
faz o quê?…julga. O Pai também é o quê? É Juiz,
o Deus julgador da história.
II. Deus é Pai e também é Juiz
Deus é Aquele diante de quem todos terão que comparecer um dia,
prestando contas do rumo que deram às suas vidas. Isto é bem acentuado aqui
para não esquecermos: O Pai é, ao mesmo tempo, o juiz.
A Bíblia é bem
clara quanto à responsabilidade pessoal do homem pelo que fizer nesta vida.
Neste
ponto, convém que aprendamos um pouco e que não ignoremos o que Pedro ensina sobre Deus como Juiz.
1. Como é
que Deus julga? …sem aceção de pessoas…
Vejam que tipo de Juiz Deus é. Esta
é outra verdade sobre a Pessoa de Deus aqui, ou seja, que Ele é um Juiz absolutamente
imparcial. Ele julga sem fazer acepção de pessoas. Romanos 2:11,16
reafirma: Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas… no dia em que Deus
há-de julgar os segredos dos homens…
Deus é um Juiz
imparcial, não aceita suborno, não considera posições sociais, prestígios
religiosos, não aceita imitações. No Seu juízo e julgamento, Deus será exato e
penetrante.
2. Qual é
a base do julgamento, o que é que o Juiz vai julgar? - …segundo a obra de cada um…
… O qual recompensará cada um segundo as suas obras…, diz Romanos
2:6.
Ele vai julgar
as nossas obras, o nosso estilo de viver. O Seu julgamento será muito exato.
Isto faz-nos compreender que a vida é algo muito sério. Não é para pensar comamos
e bebamos que amanhã morreremos e nada mais. Não é assim. Hebreus 9:27
diz: Aos
homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo. Que
ninguém viva vidas descuidadas. Não sejamos tão embotados a ponto de pensar que
podemos ludibriar a sabedoria divina. O julgamento do Senhor vai revelar todas
as coisas escondidas.
3. O que
devemos fazer? …andai em temor…
Reparem
bem: Sabendo que Deus é Pai e também Juiz, e sabendo que vai
julgar da forma mais justo e isenta que possamos imaginar, sabendo que vai
chegar um dia em que vamos estar perante Alguém que julgará a nossa vida com
critérios de justiça, como em toda a Bíblia se fala de Deus, sabendo que nem um
só dos nossos atos passa despercebido aos Seus olhos, a conclusão é que é
certamente motivo de justificado temor: …andai em temor.
Daí a
exortação. Cientes de tudo isto, portai-vos, andai em temor. Vejam a
preocupação com o comportamento dos leitores da sua carta. Pedro quer
ajudá-los.
Temor
aqui é aquela reverência e respeito devidos ao Senhor de que tanto fala
a Escritura. Não é medo para o cristão. É um sentimento sadio de “assustar-se
tendo em vista o acerto de contas diante de Deus”. Temor é necessário e faz
parte da consciência do cristão. Temei a Deus. Temei-O cá para que não temais
lá.
E Pedro agora
fala-nos de duas coisas. A primeira é da duração deste temor, deste respeito
para com Deus, que será até ao fim das nossas vidas. A segunda coisa é como é designado
o tempo de vida do crente aqui na terra: durante o tempo da vossa peregrinação.
Em 4:2 fala do tempo que vos resta na carne.
Tempo… - Refere-se à
vida aqui na terra que, embora extremamente breve, reveste-se de imensa
importância. O que escolhermos fazer e viver no tempo da nossa existência
terrena terá um impacto eterno. É agora que devemos viver para o Senhor, como
peregrinos. E nisto há profunda recompensa.
Conclusão
A vida do crente deve ser assumida aqui como temporária,
somos peregrinos a caminho do nosso lar no céu com o nosso Senhor. A cidade
celestial é que é o nosso lar permanente. O nosso país, de facto, não é
Portugal, Brasil, etc. A nossa real cidadania não é terrena. Somos distintos do
mundo. Se Deus é o nosso Pai, se o invocamos como Pai, e se o Seu lugar
de habitação é celestial, então chamamos aos céus de nossa pátria.
Rui Simão
Pastor na igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia