terça-feira, 8 de abril de 2014


    
  

O Amor a Deus – O Maior Mandamento

(12:28-34)
   Esta é a última semana de vida de Jesus. Depois de ter entrado triunfalmente em Jerusalém, aclamado por multidões, no Domingo, na Segunda-feira expulsou os vendilhões do Templo. Por esta Sua atitude, vários grupos de líderes judeus vêm ter com Jesus para O confrontar com questões a fim de O apanharem e terem de que O acusar perante as autoridades.

 

Primeiro, foram os principais dos sacerdotes, e os escribas e os anciãos (11:27), sobre a “Questão da Autoridade”, depois, alguns dos fariseus e dos herodianos (12:13), acerca do “Tributo a César – daremos ou não?”. Seguiram-se os saduceus (12:18), sobre a “Ressurreição”. Agora, é o quarto dos cinco encontros de Jesus no Templo, relatados por Marcos.

 

Impressionado pela resposta de Jesus aos Saduceus, um dos Escribas aproxima-se para perguntar sobre uma questão da Lei. Os Escribas desconfiam da fidelidade de Jesus à Lei, a primeira e maior marca do Judaísmo.

 

Os Escribas  - Quem eram estes personagens pouco atraentes que aparecem com tanta frequência nas narrativas dos evangelhos?

   Eram uma classe de peritos profissionais na interpretação e aplicação da Lei e outras Escrituras do Velho Testamento. No hebraico, o seu nome era sopherim (im é o plural em hebraico), do verbo hebraico saphar, que significa, escrever, colocar em ordem, contar. No grego do N.T., o seu título é grammateis ou nomikoi. Os Escribas eram os Doutores, Mestres, Intérpretes da Lei de Deus.

 

A função dos escribas era preservarem a Lei de Deus, eram os guardiães da Lei, estudavam-na, transmitiam-na aos seus alunos. Mas, com o passar dos anos, criaram leis orais para explicarem a forma de aplicar a Lei à vida diária.

 

Qual o problema básico dos escribas? Erradamente, desvalorizaram a própria Lei de Deus e passaram a afirmar que essa lei oral – a tradição dos anciãos… dos homens - era mais importante do que a própria Lei escrita: Depois, perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos? (Mc.7:5). Assim, reduziram a religião a um formalismo que não atingia o coração das pessoas.

Este é um cuidado que sempre temos que ter. Nunca dar mais valor às tradições religiosas e dos homens do que à bendita Palavra de Deus.

       

Não é de admirar que as pessoas ficassem surpreendidas, maravilhadas, comparando os ensinos directos, bíblicos e fiéis de Jesus e os ensinos dos escribas: …a multidão se admirou da sua doutrina; porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas (Mt.7:28-29).

Nem é de surpreender que o nosso Senhor condenasse a super-veneração da tradição dos homens (Mc.7:7-8) e que os escribas, decididos a manterem a sua posição, se opusessem determinadamente ao Senhor Jesus.


A passagem paralela de Mat.22:35, diz-nos da verdadeira atitude deste escriba ao dirigir-se a Jesus naquele dia no Templo: E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar...”. Há maldade na sua abordagem a Jesus. Há uma segunda intenção oculta. Qual é a questão que ele traz a Jesus? Ele queria saber a opinião de Jesus sobre qual é o maior mandamento, em que alicerçava Jesus a sua crença: …Qual é o primeiro de todos os mandamentos?

Jesus podia ter citado tantas coisas: circuncisão, sábado, dízimos, os sacrifícios, etc. Mas Jesus foi directamente ao centro da razão da nossa existência. Vejam a resposta de Jesus nos vs. 29 e 30.

PROP.: Como discípulos de Jesus, ouçamos a Sua voz e façamos 
            de Deus o alvo único do nosso supremo amor e adoração.

Qual é o objecto do teu supremo amor? Esse é o teu deus!

I. O PRIMEIRO DE TODOS OS MANDAMENTOS  vs.29-30

     Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás…
Jesus faz uma citação de Deut. 6:4-9. O mandamento que, de facto, contém todos os outros, o mandamento que serve de centro a todos os demais e que dá sentido a todos os mandamentos de Deus, é justamente este: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração…

Sobre este mandamento repousa todo o significado e razão da nossa existência, quer de crentes quer de descrentes. Este é o grande, o maior mandamento, o grande objectivo da nossa vida cristã.
Se amarmos a Deus, então cumpriremos todos os mandamentos.

Indo lá para Deut. 6:4, temos a introdução ao maior de todos os mandamentos, o amor.

1.   Amar a Deus é Ouvir a Voz do Senhor
Ouve, Israel…
Esta é uma das mais importantes e conhecidas expressões dos judeus, o Shema, a palavra hebraica para ouve. O Shema brilha nos cultos de todas as sinagogas que inicia com a oração do Shema, proferido duas vezes ao dia.

Precisamos de ouvir a voz de Deus, a voz do Altíssimo. Só ela é verdadeira. Só ela tem o verdadeiro ensino.
A mensagem de Deus precisa de ser ouvida de modo correcto para lhe podermos obedecer. Como crentes, temos que ouvir e obedecer: Ouve….
Estamos a ouvir a voz do Senhor? Ou a ouvir outras vozes?

2.   Amar a Deus é ser fiel ao Senhor único
…o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Temos aqui uma clara lição acerca do monoteísmo. Só existe um Deus: …é o único Senhor. Não pode haver idolatria, não há outros deuses. Este único Deus é o …nosso Deus. Ele é nosso Senhor e dono, tem que ser o único objecto da adoração, lealdade, fidelidade, louvor e amor primeiro. Amá-LO é nunca abandoná-LO, não deixarmos o Seu caminho, mas sermos-Lhe fiéis.  

3.   Amar a Deus é fazê-lo com todo o nosso ser

O que significa amar a Deus, o primeiro e o maior dos Mandamentos?
Com que medida tenho que amar a Deus?
…de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu poder.
Em primeiro lugar, temos que ter sempre presente I João 4:19: Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. O nosso amor não tem origem em nós. Tem origem divina. Deus é a fonte e a origem de todo o amor. O nosso amor é reacção ao Seu amor por nós, mas Deus é que estabeleceu o exemplo.

Amar a Deus não é o mesmo que amar outro ser humano. O amor a Deus envolve temor santo e reverência (v.13a). Amar a Deus é a nossa alma a dar-se inteiramente a Ele a fim de obedecermos aos Seus mandamentos, a fim de pensarmos os Seus pensamentos, buscarmos o que Ele busca: Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo… (Sal.42:1-2a).

O amor é a primeira qualidade do fruto do Espírito em Gál.5:22. No grande poema ao amor de Paulo em I Cor.13, conclui que o amor é a mais suprema excelência.

Deus pede uma atitude cumulativa: coração, alma, poder. Tem o sentido de amor elevado ao seu mais alto grau, com tudo o que em nós existe. E notemos que amamos o Senhor, não como Deus, mas como “nosso Deus”.
Coração refere-se ao mais interior do nosso ser, a vida interior.
Alma é a totalidade da pessoa, a pessoa completa.
Poder, força são todas as potencialidades do homem.
Assim, devemos amar a Deus com tudo o que somos, tudo o que temos, tudo o que podemos expressar: Bendize, ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome (Sal.103:1).

4.   Amar a Deus é guardar este mandamento no coração  v.6
O v.6, Deus diz que, além de termos que ouvir estas palavras, nunca as poderemos esquecer, mas têm que estar onde? …estarão no teu coração. Não numa tábua, não num quadro na parede, mas no coração. Dt.11:18

5.   Amar a Deus é obedecer à Palavra e servir ao Senhor
Mas, que teste é feito ao nosso amor ao Senhor? Jesus diz que a prova do nosso amor é a observância dos Seus mandamentos: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele (Jo. 14:21); Se alguém me ama, guardará a minha palavra… (Jo.14:23); Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando (Jo.15:14).  Deut.11:13
       
Jesus perguntou a Pedro: Pedro, amas-me? Pedro disse que sim, e Jesus deu-lhe um mandamento para obedecer: Apascenta as minhas ovelhas.
Amar e obedecer ao Senhor …é mais que todos os holocaustos e sacrifícios.

IL.: Abraão mostrou que amava ao Senhor acima de todas as coisas quando obedeceu à ordem divina de sacrificar o seu único filho.
         Noé provou que amava a Deus quando obedeceu à ordem e dedicou cento e vinte anos da sua vida pessoal e familiar a construir uma arca em terra seca.
         Paulo mostrou o seu amor a Cristo quando deixou de ser perseguidor e, obedecendo à chamada dos céus, se tornou missionário de Cristo: Pelo que, ó rei Agrupa, não fui desobediente à visão celestial (Act.26:19)
     
     A ausência de obediência serve de prova da nossa falta de amor ao Senhor.
6. Amar a Deus é transmitir este mandamento às futuras gerações
vs.7-9. Porque este é o primeiro, o maior e o supremo mandamento, o seu ensino tem que ser completo. É nossa responsabilidade comunicar este mandamento e a sua obediência às gerações seguintes. É dever dos pais, dos educadores, ensinarem seus filhos que a primeira coisa da sua vida é amarem a Deus: Quando o teu filho te perguntar pelo tempo adiante… (v.20).

Como devem fazer isso?  Repete em Deut.11:19
As intimarás… e delas falarás... as atarás… e as escreverás.
A instrução deve ser levada a efeito diligentemente no lar, na família, quando caminhamos ou viajamos; quando nos vamos deitar para dormir; quando nos levantamos para começar um novo dia. Deus é presença constante no centro da nossa existência, do nosso pensamento, das nossas actividades.

Porque o amor a Deus tem que ser tão absorvente na nossa vida e porque nunca pode ser esquecido, os vs.8 e 9 dão uma ilustração de lembretes para o efeito, para que ninguém pudesse entrar ou sair de casa sem vê-los e obedecer-lhes. Mas, o que o Senhor mesmo quer é que este mandamento esteja escrito no nosso coração.

No resto do capítulo, os vs.10 a 25 mostram a importância de recordar e o perigo de esquecer estas palavras do Senhor: Guarda-te que não te esqueças do Senhor… (v.10).

Este é o primeiro e o maior de todos os mandamentos, o resumo de todos: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração…
AP.: Como está o nosso amor ao Senhor? E a nossa obediência?

II. QUANTA SABEDORIA RELIGIOSA ALGUÉM PODE TER E NÃO SER UM VERDADEIRO DISCÍPULO DE CRISTO   Marcos 12:32-34
 não estás longe do reino de Deus… v.34
          
Este escriba elogia a profunda sabedoria de Jesus: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste… Jesus também se maravilhou com o escriba vendo que, ao contrário de outros líderes judeus, ele não se estava a afastar, mas a aproximar do reino de Deus:não estás longe do reino de Deus… E o que faltava a este escriba? Amar e seguir Aquele que estava a falar com ele, ao Senhor Jesus, que é Deus. Vem e segue-me..., como Jesus disse ao jovem rico

Será que ele seguirá a Jesus?    Não sabemos!  Mas este é um grande perigo. Andar e trabalhar nas igrejas, ouvir mensagens e estudos bíblicos, saber muito de religião, mas nunca responder ao convite para arrependimento de pecados, amar e aceitar Jesus como Salvador único e pessoal e segui-LO para sempre como discípulo. Não chega estar perto, é preciso estar dentro.
  
CONC.: Como discípulos de Jesus, ouçamos a Sua voz e façamos de Deus o alvo do nosso supremo amor e adoração, …de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento.



Rui Simão
pastor