Israel, sua Origem
e Existência, e o Conflito no Médio Oriente
E
disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus
olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do
oriente, e do ocidente.
Porque toda esta terra que vês, te hei de dará a ti,
e à tua descendência, para sempre.
(Génesis 13:14-15)
Introdução – O mundo está de novo em grande
sobressalto por mais um estalar da guerra no Médio Oriente. Isto depois de no
sábado, dia 7-10, o movimento terrorista palestiniano do Hamas ter atacado fortemente
Israel causando milhares de mortos e enorme destruição.
Em consequência, Israel está em guerra
declarada para aniquilar o Hamas que se encontra na Faixa de Gaza, região
palestiniana. Os danos são enormes e trágicos a todos os níveis.
Em virtude do que está a
acontecer na Faixa de Gaza e em Israel, precisamos de compreender o melhor
possível os motivos para este conflito que dura há décadas e parece que não tem
um fim à vista: Onde, quando, como começou, qual a sua importância?
Os atos cometidos são de uma crueldade sem par. Esta guerra envolve uma
região, uma cidade, Jerusalém, uma nação que tem muita relevância no contexto bíblico
e histórico.
Para iniciar, precisamos de perguntar: Porque é que Israel e a
Palestina estão sempre em conflito? Qual é o principal motivo?
É este, a disputa pelo território, pela terra, por aquela terra.
As duas partes clamam que aquela terra lhes pertence e os árabes querem
o seu domínio total.
Já houve uma decisão internacional para dividir aquele território.
Foi a Resolução 181 das Nações Unidas, aprovada em 1947, criando o
Estado da Palestina e o Estado de Israel. A divisão da terra foi a seguinte: 53%
para os cerca de 700 mil judeus que lá habitavam e 47% para os mais de 1 milhão
e 400 mil árabes que lá viviam.
Os
judeus aceitaram e declararam o Estado de Israel em 14-05-1948. Os árabes mais
radicais não aceitaram divisão nenhuma da terra com os judeus, defendendo que
eles têm de possuir a totalidade da terra e ainda defendendo a aniquilação
completa dos judeus.
Esta é a posição do Hamas, um movimento radical islâmico criado em 1987
que domina a Faixa de Gaza.
Então, a principal razão para este conflito entre Israel e os
Palestinianos é porque os árabes muçulmanos reclamam a totalidade da terra e
não aceitam a existência do Estado judaico na região.
Na verdade, ao fim da tarde do próprio dia 14 da criação do Estado de Israel,
vários países árabes atacam e invadem Israel: Egipto, Síria, Arábia Saudita, Iraque,
Líbano.
Perante isto, vamos recuar muito na história e
no tempo para entendermos como se chegou a este terrível conflito entre judeus
e árabes palestinianos.
Comecemos pelas Escrituras Sagradas.
I.- Origem de Israel
Quando o pecado entrou no mundo, pelo primeiro casal, Adão e Eva no
Jardim do Éden, Deus, na Sua misericórdia, proclamou logo ali e profetizou que
enviaria ao mundo um Salvador, o Redentor da humanidade, o Messias, Jesus
Cristo. Lemos isso em Gén.3:15.
Para que não houvesse qualquer dúvida da origem da Pessoa divina que
viria do céu, encarnaria e entraria no nosso mundo, o próprio Deus vai revelar-nos
a genealogia, a descendência de pessoas que se sucederão ao longo dos séculos
até Cristo.
Lemos
isso logo em Gén.5. Depois, Deus não vai servir-se de qualquer nação que já existisse
no mundo, mas vai criar de raiz a própria nação da qual nascerá o prometido
Messias.
Onde vemos isso? Em Gén. 12:1-5, quando, há 4.000 anos
atrás, Deus chama um homem de nome Abrão, pedindo que este saísse da sua
própria terra, Ur, na Mesopotâmia e vá para a região de Canaã que hoje é a zona
de conflito entre Israel e Palestinianos.
É aqui que tem origem a nação de Israel na terra onde se encontra hoje e
vejam a grande promessa de Gn.13:14-15, que é para sempre.
Deus promete a Abraão, e à sua mulher Sara, um filho, Isaque, e que será
na descendência desse filho que nascerá a nação de onde virá o Messias Salvador
do mundo.
Então, já temos aqui a origem da nação e o lugar onde ela estaria na
terra.
No entanto, surgiram problemas na obediência e na confiança na promessa
de Deus.
A esposa de Abraão, Sara, era estéril e como os anos passavam, sugere
que Abraão lhe dê um filho por meio da sua escrava egípcia Agar.
Isso ocorre e nasce o primeiro filho de Abrão com Agar, de nome Ismael.
Mas a promessa de Deus era diferente, seria com o filho de Abraão e de sua
mulher Sara, Isaque.
De Isaque nascerá toda a nação judaica e de Ismael virão os árabes muçulmanos.
É também muito importante em termos históricos sabermos que os nomes que
Israel e os judeus têm hoje mantiveram-se desde a sua origem. Que nomes são
estes?
1.- Os nomes para
Israel
a)- Hebreus
Em Gén.11:10ss, temos, depois do Dilúvio universal, a descendência de SEM,
um dos filhos de Noé e de quem irá descender Abrão, de onde nascerá a
nação de Israel.
No v.14 temos o nome Eber, de
onde se originará a palavra hebreu. Em Gn.14:13, Abrão é a primeira pessoa a
ser chamada hebreu. Então, os hebreus são os descendentes de
Abraão.
b)- Israelitas
Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacob. Em Gén.32:28,
há um episódio em que Jacob luta com um Anjo e, na sequência, Deus muda o nome
de Jacob para Israel.
Jacob, que agora é Israel, tem 12 filhos, que vêm a ser os 12 patriarcas
que vão gerar as 12 tribos que formarão a nação de Israel. São israelitas. Devido
a uma grande fome naquela altura na região, Jacob vai levar toda a sua família,
cerca de 70 pessoas, para o Egito a fim de sobreviverem. No Egito, estes
hebreus, que são também israelitas, vão ficar por mais de 400 anos e vão
multiplicar-se até serem vários milhões, mas são escravizados ali.
Pela mão de Deus, são libertados sob a liderança de Moisés e dirigidos à
terra prometida a Abraão, Canaã. Depois, sob a liderança de Josué, entram na terra
e começam a conquistá-la às nações que lá habitavam, heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus,
e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus (Dt.7:1).
Não havia lá palestinianos.
Assim, Israel por muitas batalhas, herda a terra prometida por Deus mais
de 4 séculos antes a Abraão. Essa terra é toda distribuída por Josué pelos
milhões de hebreus, de israelitas. É a terra dada por Deus a Israel.
Esta é a terra que está no conflito de hoje no Médio Oriente.
Posteriormente, são escolhidos reis hebreus para governarem Israel.
O 2º rei, David, cerca do ano 1.000 a.C., designa Jerusalém como a
capital de todo o Israel e onde será construído o Templo para adoração a Deus.
Israel era o soberano proprietário daquela terra.
Depois, há uma divisão na nação e Israel passa a ter a norte o reino de
Israel e a sul o reino de Judá, com os seus reis.
Surge uma invasão pelo império da Assíria que conquista a parte, o reino
do norte de Israel e leva dali praticamente todos os hebreus, permanecendo em Israel
bem poucos.
Assim, da nação, resta, a Sul, Judá, com apenas duas tribos, Judá e
Benjamim.
Eis que cerca de 600 anos a.C. o império da Babilónia invade, conquista
e destrói o reino de Judá, Jerusalém e o templo. Contudo, 70 anos depois, por
decreto do rei Ciro, os hebreus regressam à sua terra, reconstroem a cidade e o
templo. Estão de novo na sua terra.
c)- Judeus
Como surge este 3º nome? Como só restaram estas duas tribos, a tribo
dominante, Judá, vai originar o termo judeu para os hebreus.
Portanto, eis estes três nomes que ainda permanecem para o povo de Deus:
Hebreus, israelitas e judeus. Tanto que Jesus diz assim de Natanael: Eis
aqui um verdadeiro israelita… (Jo.1:47) e à samaritana diz: …porque
a salvação vem dos judeus (Jo.4:22).
Deixando a parte bíblica, que também é
histórica, vejamos a parte da História.
II.- A Parte da História
1.- Prosseguindo, estamos agora no 1º século.
Cerca de 40 anos depois de Jesus regressar aos céus, no ano 70 d.C., num
mundo dominado pelo Império Romano, o general Tito com as suas tropas destrói Jerusalém
e o templo, restando apenas o Muro que se vê hoje. Jesus profetizou isto quando
disse aos Seus discípulos: …não ficará aqui pedra sobre pedra que não
seja derrubada (Mt.24:2)
Os judeus fogem, dispersam, e dá-se a maior Diáspora dos hebreus para
África, Europa e Ásia. Contudo, sempre ficaram judeus na sua terra.
2.- No segundo século d.C., ano 132 a 135, houve uma revolta dos judeus por
Barcoquebas contra o império romano. O Imperador Adriano derrotou os judeus e
para cessar o ímpeto dos judeus, mudou o nome de Jerusalém para Capitolina, e a
região passa a ser chamada de Palestina, palavra que tem a sua origem em “Filístia”.
Porquê esta mudança? Para humilhar os judeus dando àquela terra o nome
de um dos seus piores adversários de sempre, os filisteus.
Então, a terra que Deus prometeu e deu a Israel passa a ter este nome,
Palestina.
Como vemos, nada tem nada a ver com a terra pertencer aos palestinianos.
Porque palestinianos passaram a ser designados TODOS os que ali vivam,
judeus e árabes, no que foi antes a terra de Israel. Foi assim, neste episódio
do séc.II, que se originou a designação de Palestina.
3.- Prosseguindo a História, o Império Romano do ocidente termina por volta
do ano 476 e eis que lhe sucede, a oriente, o Império Bizantino, capital em
Constantinopla, Istambul que vai dominar a região da Palestina.
Vejam que, até aqui, houve naquela região o reino judaico por vários séculos,
mas nunca ali houve reino ou qualquer autoridade designada de palestiniana.
Entretanto, a História prossegue, e a Palestina conhece mudanças por
parte de Califados muçulmanos que a tomam, mas mantendo o nome de Palestina.
4.- E por volta do séc. VII, sendo já nascido Maomé, vai surgir o Alcorão e
a religião muçulmana. Isto vai acrescentar mais problemas ao conflito entre
árabes e judeus.
Numa das colinas da cidade de Jerusalém, o Monte Moriá, com o domínio
árabe e a religião muçulmana na região, no início do séc. VII é construído o Domo
da Rocha e a mesquita Al Aqsa, santuários considerados dos mais sagrados para
os muçulmanos.
Então vejam o problema que surge aqui.
Estamos a falar da terra que foi prometida por Deus a Abrão, terra da
nação de Israel, com os seus reis soberanos por séculos, mas que pelo curso da
história, os judeus perderam o seu domínio, apesar de continuarem a viver ali.
Os judeus sabem que foi no Monte Moriá, um dos montes de Jerusalém, que
Abraão foi para sacrificar o seu filho Isaque, como Deus lhe pediu, mas que não
sucedeu.
E foi nesse mesmo monte que o rei Salomão construiu o templo judaico
para adoração a Deus. Aquele lugar é sagrado para os judeus, faz parte da sua
história desde a sua origem.
Só que os muçulmanos têm outra história. Segundo o seu livro sagrado, o
Alcorão, dizem que naquele monte Moriá, Abraão foi lá para sacrificar, não Isaque,
mas o seu filho Ismael, filho da escrava egípcia Agar e de onde descendem os
árabes.
E, mais do que isso, o lugar do Domo da Rocha e a Mesquita Al Aqsa é
sagrado para os muçulmanos porque acreditam que dali subiu ao céu o seu profeta
Maomé.
Então, vejam o problema. Quer judeus, quer árabes, dizem que aquele
lugar em Jerusalém lhes pertence, que Abraão foi ali sacrificar o seu filho.
Os judeus dizem que foi Isaque, e esta é a verdade. Mas os árabes dizem
que foi Ismael. Vejamos que só existe uma verdade. Qual é? Vejamos!
Cerca de 1300 anos a.C., o hebreu Moisés escreveu Génesis e relata a
história de Abraão que, numa ordem de Deus para provar a sua fé e obediência,
levou Isaque, seu filho, para o sacrificar no Monte Moriá, na Jerusalém de
hoje.
E
cerca de 2000 anos depois disto, séc. VII, o árabe Maomé escreve o Alcorão e diz
que Abraão levou Ismael àquele lugar.
Isto é uma enorme deturpação da verdade história, é uma obra diabólica.
Quem conhece o relato bíblico e a rivalidade de Agar contra a sua
senhora Sara e, depois, de Ismael contra Isaque, compreende (Gn.16:4 e 21:9)
Bem escreveu Paulo aos Gálatas: Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.
Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne (Ismael) perseguia o que o
era segundo o Espírito (Isaque), assim é também agora. (4:28-29)
5.- Regressando, após esse período do séc.VII, a Palestina conheceu vários “impérios”
que a dominaram, turcos, otomanos, entre outros. Mas nunca existiu uma autoridade
palestiniana como hoje se fala.
De 1517 a 1917 o Império Otomano controla toda a região (incluindo Síria e Líbano).
6.- Mas eis que a História está prestes a mudar no que
respeita aos milhões de judeus dispersos pelo mundo desde o ano 70.
No século XIX (1850 em diante),
judeus perseguidos nos territórios aonde estavam refugiados, começam a voltar
para a região da Palestina juntando-se aos judeus que sempre ali permaneceram e
que já estavam estabelecidos ali. Surgem novas cidades.
7.- Após a 1ª Guerra Mundial, o Império Otomano, que apoiava a Alemanha, foi
derrotado e expulso do Oriente
Médio pelas tropas aliadas, com apoio dos povos
árabes.
Foram instituídos mandatos
britânicos e franceses para as regiões que hoje correspondem à Síria, Iraque,
Líbano, Palestina e Jordânia, cujas fronteiras artificiais foram devidamente
reconhecidas pela Liga das Nações.
Chegados ao séc. passado, séc. XX, os judeus que se encontravam dispersos
pelo mundo continuaram a sofrer perseguição, em especial na Europa Nazi. Deu-se
o terrível holocausto de mais de 6 milhões de judeus assassinados.
Na sequência, muitíssimos judeus regressaram à Palestina, sua terra de
origem histórica. Lembram-se que tinham saído de lá no ano 70, expulsos pelos
romanos.
Então, temos uma Palestina agora com árabes e judeus a habitarem ali e
os conflitos surgem e permanecem.
8.- Então, a
Grã-Bretanha, que tinha a autoridade na região, entrega a resolução do problema
às Nações
Unidas em 1947. A Assembleia Geral da ONU determina a
partilha da parte ocidental da Palestina entre um Estado judeu e outro Estado
árabe, através da resolução 181.
A divisão da terra foi a seguinte: 53% para os cerca de 700 mil judeus
que lá habitavam e 47% para os mais de 1 milhão e 400 mil árabes que lá viviam.
Os árabes recusam
esta partilha. Mas em 14 de maio de 1948, os israelitas declaram a constituição
do estado de Israel. Finalmente, aquele povo que recebeu a terra de Canaã
prometida a Abraão, onde os seus reis dominaram por séculos, voltam a ter, não
o mesmo espaço, mas um pedaço dessa terra, pois agora também lá vivem árabes,
palestinos.
Israel aceita o
pedaço de terra que lhe dão e aceita
que ali vivam árabes. Mas os árabes não aceitam e ao cair da noite do primeiro
dia da sua independência de 14 de Maio de 1948, Israel é atacado logo por 6
países árabes à sua volta, que serão derrotados.
E daí para cá, este conflito permanece
entre em que o intento dos árabes é a eliminação de Israel daquele lugar,
atacando diariamente e obrigando Israel a um esforço de defesa contínuo.
Para abreviar, na verdade nunca existiu
na Palestina um rei palestino, um presidente palestino. Já de Israel sabemos
que habitaram e reinaram ali por séculos.
Conclusão – Biblicamente, Deus prometeu que aquela seria a terra
do Seu povo Israel para sempre: Porque toda esta terra que vês, te hei-de
dar a ti, e à tua semente, para sempre (Gn.13:15). Em Jeremias 31:35-36,
Deus promete sobre Israel: 35. Assim diz o Senhor,
que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas
para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o
seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de
Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.
Profeticamente, os planos de Deus para
o final dos tempos envolvem, quer a nação de Israel, quer aquela terra. Por
isso, depois de cerca de 2000 anos sem terra, Deus deu novamente terra aos hebreus,
aos judeus, aos israelitas, a Israel em 1948.
Vejam que isto não significa que
o Israel que hoje ali está é crente, porque não é. Israel ainda precisa de crer
no Messias que rejeitaram há 2000 anos, Jesus. Paulo explica isto em Romanos
11, em especial nos vs. 25-26.
Possa o mundo inteiro, possa Israel
voltar-se para Cristo, pois só em Jesus há salvação.
pastor na IEBMM