terça-feira, 31 de outubro de 2023

 


Israel, sua Origem e Existência, e o Conflito no Médio Oriente

 E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente.

Porque toda esta terra que vês, te hei de dará a ti, e à tua descendência, para sempre.

(Génesis 13:14-15)

Introdução – O mundo está de novo em grande sobressalto por mais um estalar da guerra no Médio Oriente. Isto depois de no sábado, dia 7-10, o movimento terrorista palestiniano do Hamas ter atacado fortemente Israel causando milhares de mortos e enorme destruição.

     Em consequência, Israel está em guerra declarada para aniquilar o Hamas que se encontra na Faixa de Gaza, região palestiniana. Os danos são enormes e trágicos a todos os níveis.

 

 Em virtude do que está a acontecer na Faixa de Gaza e em Israel, precisamos de compreender o melhor possível os motivos para este conflito que dura há décadas e parece que não tem um fim à vista: Onde, quando, como começou, qual a sua importância?

 

Os atos cometidos são de uma crueldade sem par. Esta guerra envolve uma região, uma cidade, Jerusalém, uma nação que tem muita relevância no contexto bíblico e histórico.

 

Para iniciar, precisamos de perguntar: Porque é que Israel e a Palestina estão sempre em conflito? Qual é o principal motivo?

É este, a disputa pelo território, pela terra, por aquela terra.

 

As duas partes clamam que aquela terra lhes pertence e os árabes querem o seu domínio total.

Já houve uma decisão internacional para dividir aquele território.

Foi a Resolução 181 das Nações Unidas, aprovada em 1947, criando o Estado da Palestina e o Estado de Israel. A divisão da terra foi a seguinte: 53% para os cerca de 700 mil judeus que lá habitavam e 47% para os mais de 1 milhão e 400 mil árabes que lá viviam.

 

          Os judeus aceitaram e declararam o Estado de Israel em 14-05-1948. Os árabes mais radicais não aceitaram divisão nenhuma da terra com os judeus, defendendo que eles têm de possuir a totalidade da terra e ainda defendendo a aniquilação completa dos judeus.

 

Esta é a posição do Hamas, um movimento radical islâmico criado em 1987 que domina a Faixa de Gaza.

 

Então, a principal razão para este conflito entre Israel e os Palestinianos é porque os árabes muçulmanos reclamam a totalidade da terra e não aceitam a existência do Estado judaico na região.

Na verdade, ao fim da tarde do próprio dia 14 da criação do Estado de Israel, vários países árabes atacam e invadem Israel: Egipto, Síria, Arábia Saudita, Iraque, Líbano.

 

  Perante isto, vamos recuar muito na história e no tempo para entendermos como se chegou a este terrível conflito entre judeus e árabes palestinianos.

Comecemos pelas Escrituras Sagradas.

 

I.- Origem de Israel

Quando o pecado entrou no mundo, pelo primeiro casal, Adão e Eva no Jardim do Éden, Deus, na Sua misericórdia, proclamou logo ali e profetizou que enviaria ao mundo um Salvador, o Redentor da humanidade, o Messias, Jesus Cristo. Lemos isso em Gén.3:15.

 

Para que não houvesse qualquer dúvida da origem da Pessoa divina que viria do céu, encarnaria e entraria no nosso mundo, o próprio Deus vai revelar-nos a genealogia, a descendência de pessoas que se sucederão ao longo dos séculos até Cristo.

  Lemos isso logo em Gén.5. Depois, Deus não vai servir-se de qualquer nação que já existisse no mundo, mas vai criar de raiz a própria nação da qual nascerá o prometido Messias.

 

Onde vemos isso? Em Gén. 12:1-5, quando, há 4.000 anos atrás, Deus chama um homem de nome Abrão, pedindo que este saísse da sua própria terra, Ur, na Mesopotâmia e vá para a região de Canaã que hoje é a zona de conflito entre Israel e Palestinianos.

 

É aqui que tem origem a nação de Israel na terra onde se encontra hoje e vejam a grande promessa de Gn.13:14-15, que é para sempre.

 

Deus promete a Abraão, e à sua mulher Sara, um filho, Isaque, e que será na descendência desse filho que nascerá a nação de onde virá o Messias Salvador do mundo.

Então, já temos aqui a origem da nação e o lugar onde ela estaria na terra.

 

No entanto, surgiram problemas na obediência e na confiança na promessa de Deus.

A esposa de Abraão, Sara, era estéril e como os anos passavam, sugere que Abraão lhe dê um filho por meio da sua escrava egípcia Agar.

Isso ocorre e nasce o primeiro filho de Abrão com Agar, de nome Ismael. Mas a promessa de Deus era diferente, seria com o filho de Abraão e de sua mulher Sara, Isaque.

 

De Isaque nascerá toda a nação judaica e de Ismael virão os árabes muçulmanos.

 

É também muito importante em termos históricos sabermos que os nomes que Israel e os judeus têm hoje mantiveram-se desde a sua origem. Que nomes são estes?

 

1.- Os nomes para Israel

a)- Hebreus

Em Gén.11:10ss, temos, depois do Dilúvio universal, a descendência de SEM, um dos filhos de Noé e de quem irá descender Abrão, de onde nascerá a nação de Israel.

      No v.14 temos o nome Eber, de onde se originará a palavra hebreu. Em Gn.14:13, Abrão é a primeira pessoa a ser chamada hebreu. Então, os hebreus são os descendentes de Abraão.

 

b)- Israelitas

Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacob. Em Gén.32:28, há um episódio em que Jacob luta com um Anjo e, na sequência, Deus muda o nome de Jacob para Israel.

Jacob, que agora é Israel, tem 12 filhos, que vêm a ser os 12 patriarcas que vão gerar as 12 tribos que formarão a nação de Israel. São israelitas. Devido a uma grande fome naquela altura na região, Jacob vai levar toda a sua família, cerca de 70 pessoas, para o Egito a fim de sobreviverem. No Egito, estes hebreus, que são também israelitas, vão ficar por mais de 400 anos e vão multiplicar-se até serem vários milhões, mas são escravizados ali.

 

Pela mão de Deus, são libertados sob a liderança de Moisés e dirigidos à terra prometida a Abraão, Canaã. Depois, sob a liderança de Josué, entram na terra e começam a conquistá-la às nações que lá habitavam, heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus (Dt.7:1). Não havia lá palestinianos.

 

Assim, Israel por muitas batalhas, herda a terra prometida por Deus mais de 4 séculos antes a Abraão. Essa terra é toda distribuída por Josué pelos milhões de hebreus, de israelitas. É a terra dada por Deus a Israel.

Esta é a terra que está no conflito de hoje no Médio Oriente.

 

Posteriormente, são escolhidos reis hebreus para governarem Israel.

O 2º rei, David, cerca do ano 1.000 a.C., designa Jerusalém como a capital de todo o Israel e onde será construído o Templo para adoração a Deus. Israel era o soberano proprietário daquela terra.

Depois, há uma divisão na nação e Israel passa a ter a norte o reino de Israel e a sul o reino de Judá, com os seus reis.

 

Surge uma invasão pelo império da Assíria que conquista a parte, o reino do norte de Israel e leva dali praticamente todos os hebreus, permanecendo em Israel bem poucos.

 

Assim, da nação, resta, a Sul, Judá, com apenas duas tribos, Judá e Benjamim.

 

Eis que cerca de 600 anos a.C. o império da Babilónia invade, conquista e destrói o reino de Judá, Jerusalém e o templo. Contudo, 70 anos depois, por decreto do rei Ciro, os hebreus regressam à sua terra, reconstroem a cidade e o templo. Estão de novo na sua terra.

 

c)- Judeus

Como surge este 3º nome? Como só restaram estas duas tribos, a tribo dominante, Judá, vai originar o termo judeu para os hebreus.

Portanto, eis estes três nomes que ainda permanecem para o povo de Deus: Hebreus, israelitas e judeus. Tanto que Jesus diz assim de Natanael: Eis aqui um verdadeiro israelita… (Jo.1:47) e à samaritana diz: …porque a salvação vem dos judeus (Jo.4:22).

 

        Deixando a parte bíblica, que também é histórica, vejamos a parte da História.

 

II.- A Parte da História

1.- Prosseguindo, estamos agora no 1º século.

 

Cerca de 40 anos depois de Jesus regressar aos céus, no ano 70 d.C., num mundo dominado pelo Império Romano, o general Tito com as suas tropas destrói Jerusalém e o templo, restando apenas o Muro que se vê hoje. Jesus profetizou isto quando disse aos Seus discípulos: …não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada (Mt.24:2)

Os judeus fogem, dispersam, e dá-se a maior Diáspora dos hebreus para África, Europa e Ásia. Contudo, sempre ficaram judeus na sua terra.

 

2.- No segundo século d.C., ano 132 a 135, houve uma revolta dos judeus por Barcoquebas contra o império romano. O Imperador Adriano derrotou os judeus e para cessar o ímpeto dos judeus, mudou o nome de Jerusalém para Capitolina, e a região passa a ser chamada de Palestina, palavra que tem a sua origem em “Filístia”.

 

Porquê esta mudança? Para humilhar os judeus dando àquela terra o nome de um dos seus piores adversários de sempre, os filisteus.

 

Então, a terra que Deus prometeu e deu a Israel passa a ter este nome, Palestina.

 

Como vemos, nada tem nada a ver com a terra pertencer aos palestinianos.

 

Porque palestinianos passaram a ser designados TODOS os que ali vivam, judeus e árabes, no que foi antes a terra de Israel. Foi assim, neste episódio do séc.II, que se originou a designação de Palestina.

 

3.- Prosseguindo a História, o Império Romano do ocidente termina por volta do ano 476 e eis que lhe sucede, a oriente, o Império Bizantino, capital em Constantinopla, Istambul que vai dominar a região da Palestina.

 

Vejam que, até aqui, houve naquela região o reino judaico por vários séculos, mas nunca ali houve reino ou qualquer autoridade designada de palestiniana.

 

Entretanto, a História prossegue, e a Palestina conhece mudanças por parte de Califados muçulmanos que a tomam, mas mantendo o nome de Palestina.

 

4.- E por volta do séc. VII, sendo já nascido Maomé, vai surgir o Alcorão e a religião muçulmana. Isto vai acrescentar mais problemas ao conflito entre árabes e judeus.

 

Numa das colinas da cidade de Jerusalém, o Monte Moriá, com o domínio árabe e a religião muçulmana na região, no início do séc. VII é construído o Domo da Rocha e a mesquita Al Aqsa, santuários considerados dos mais sagrados para os muçulmanos.

 

Então vejam o problema que surge aqui.

 

Estamos a falar da terra que foi prometida por Deus a Abrão, terra da nação de Israel, com os seus reis soberanos por séculos, mas que pelo curso da história, os judeus perderam o seu domínio, apesar de continuarem a viver ali.

 

Os judeus sabem que foi no Monte Moriá, um dos montes de Jerusalém, que Abraão foi para sacrificar o seu filho Isaque, como Deus lhe pediu, mas que não sucedeu.

E foi nesse mesmo monte que o rei Salomão construiu o templo judaico para adoração a Deus. Aquele lugar é sagrado para os judeus, faz parte da sua história desde a sua origem.

 

Só que os muçulmanos têm outra história. Segundo o seu livro sagrado, o Alcorão, dizem que naquele monte Moriá, Abraão foi lá para sacrificar, não Isaque, mas o seu filho Ismael, filho da escrava egípcia Agar e de onde descendem os árabes.

 

E, mais do que isso, o lugar do Domo da Rocha e a Mesquita Al Aqsa é sagrado para os muçulmanos porque acreditam que dali subiu ao céu o seu profeta Maomé.

 

Então, vejam o problema. Quer judeus, quer árabes, dizem que aquele lugar em Jerusalém lhes pertence, que Abraão foi ali sacrificar o seu filho.

 

Os judeus dizem que foi Isaque, e esta é a verdade. Mas os árabes dizem que foi Ismael. Vejamos que só existe uma verdade. Qual é? Vejamos!

 

Cerca de 1300 anos a.C., o hebreu Moisés escreveu Génesis e relata a história de Abraão que, numa ordem de Deus para provar a sua fé e obediência, levou Isaque, seu filho, para o sacrificar no Monte Moriá, na Jerusalém de hoje.

 

          E cerca de 2000 anos depois disto, séc. VII, o árabe Maomé escreve o Alcorão e diz que Abraão levou Ismael àquele lugar.

 

Isto é uma enorme deturpação da verdade história, é uma obra diabólica.

Quem conhece o relato bíblico e a rivalidade de Agar contra a sua senhora Sara e, depois, de Ismael contra Isaque, compreende (Gn.16:4 e 21:9)

Bem escreveu Paulo aos Gálatas: Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne (Ismael) perseguia o que o era segundo o Espírito (Isaque), assim é também agora. (4:28-29)

5.- Regressando, após esse período do séc.VII, a Palestina conheceu vários “impérios” que a dominaram, turcos, otomanos, entre outros. Mas nunca existiu uma autoridade palestiniana como hoje se fala.

          De 1517 a 1917 o Império Otomano controla toda a região (incluindo Síria e Líbano).

6.- Mas eis que a História está prestes a mudar no que respeita aos milhões de judeus dispersos pelo mundo desde o ano 70.

No século XIX (1850 em diante), judeus perseguidos nos territórios aonde estavam refugiados, começam a voltar para a região da Palestina juntando-se aos judeus que sempre ali permaneceram e que já estavam estabelecidos ali. Surgem novas cidades.

7.- Após a 1ª Guerra Mundial, Império Otomano, que apoiava a Alemanha, foi derrotado e expulso do Oriente Médio pelas tropas aliadas, com apoio dos povos árabes.

Foram instituídos mandatos britânicos e franceses para as regiões que hoje correspondem à Síria, Iraque, Líbano, Palestina e Jordânia, cujas fronteiras artificiais foram devidamente reconhecidas pela Liga das Nações.

Chegados ao séc. passado, séc. XX, os judeus que se encontravam dispersos pelo mundo continuaram a sofrer perseguição, em especial na Europa Nazi. Deu-se o terrível holocausto de mais de 6 milhões de judeus assassinados.

Na sequência, muitíssimos judeus regressaram à Palestina, sua terra de origem histórica. Lembram-se que tinham saído de lá no ano 70, expulsos pelos romanos.

 

Então, temos uma Palestina agora com árabes e judeus a habitarem ali e os conflitos surgem e permanecem.

 

8.- Então, a Grã-Bretanha, que tinha a autoridade na região, entrega a resolução do problema às Nações Unidas em 1947. A Assembleia Geral da ONU determina a partilha da parte ocidental da Palestina entre um Estado judeu e outro Estado árabe, através da resolução 181.

 

A divisão da terra foi a seguinte: 53% para os cerca de 700 mil judeus que lá habitavam e 47% para os mais de 1 milhão e 400 mil árabes que lá viviam.

 

Os árabes recusam esta partilha. Mas em 14 de maio de 1948, os israelitas declaram a constituição do estado de Israel. Finalmente, aquele povo que recebeu a terra de Canaã prometida a Abraão, onde os seus reis dominaram por séculos, voltam a ter, não o mesmo espaço, mas um pedaço dessa terra, pois agora também lá vivem árabes, palestinos.

 

Israel aceita o pedaço de terra que lhe dão e aceita que ali vivam árabes. Mas os árabes não aceitam e ao cair da noite do primeiro dia da sua independência de 14 de Maio de 1948, Israel é atacado logo por 6 países árabes à sua volta, que serão derrotados.

 

E daí para cá, este conflito permanece entre em que o intento dos árabes é a eliminação de Israel daquele lugar, atacando diariamente e obrigando Israel a um esforço de defesa contínuo.

 

Para abreviar, na verdade nunca existiu na Palestina um rei palestino, um presidente palestino. Já de Israel sabemos que habitaram e reinaram ali por séculos.

 

 

Conclusão – Biblicamente, Deus prometeu que aquela seria a terra do Seu povo Israel para sempre: Porque toda esta terra que vês, te hei-de dar a ti, e à tua semente, para sempre (Gn.13:15). Em Jeremias 31:35-36, Deus promete sobre Israel: 35. Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.

 

          Profeticamente, os planos de Deus para o final dos tempos envolvem, quer a nação de Israel, quer aquela terra. Por isso, depois de cerca de 2000 anos sem terra, Deus deu novamente terra aos hebreus, aos judeus, aos israelitas, a Israel em 1948.

 

Vejam que isto não significa que o Israel que hoje ali está é crente, porque não é. Israel ainda precisa de crer no Messias que rejeitaram há 2000 anos, Jesus. Paulo explica isto em Romanos 11, em especial nos vs. 25-26.

Possa o mundo inteiro, possa Israel voltar-se para Cristo, pois só em Jesus há salvação.


Rui Simão,

pastor na IEBMM