terça-feira, 1 de novembro de 2016




Fortalece-te no Senhor, teu Deus

…todavia David se fortaleceu no SENHOR, seu Deus.

I Samuel 30:1-6 (v.6) 

Introdução   

         Somos surpreendidos muitas vezes com reveses na nossa vida, surpresas que nos deixam caídos. Qual é a nossa primeira reacção, a primeira coisa que fazemos na adversidade? Todas as pessoas têm problemas ao longo das suas vidas, mas nem todas tentam resolver os seus problemas da mesma maneira. E qual é a melhor maneira de abordar a resolução dos problemas?
  
Propósito: Como filhos de Deus, não podemos esquecer-nos do nosso Deus nos momentos críticos, mas sim buscarmos o Senhor e a Sua força.

Uma das pessoas na Bíblia que passou por muitos momentos de tribulação foi o rei David. Os seus escritos são disto testemunha:

1. Ele foi perseguido pelo rei Saúl; 2. Escapou à justa em diversas tentativas de assassinato; 3. Teve que passar muito tempo, anos, escondido no deserto; 4. Toda a sua família foi raptada numa ocasião; 5. Os seus companheiros voltaram-se contra ele para o matar; 6. Sofreu a vergonha por ter cometido adultério e assassinato; 7. O seu filho Amnon violou a sua filha Tamar; 8. Absalão, outro dos seus filhos, matou seu irmão Amnon; 9. Absalão liderou uma revolta contra o seu próprio pai, David; 10. Absalão, seu filho, veio a ser morto, para grande tristeza de David.

David foi certamente um homem com muitos problemas, apesar de ser rei. Mas ele sobreviveu a todas estas adversidades e veio a ser conhecido como “um homem segundo o coração de Deus”. Como é que isto foi possível?
 

I. O que fazia David em tempos de problemas
         Qual é o contexto da nossa passagem? Na sua fuga da ira assassina do rei Saúl, buscando um lugar seguro para ele e sua família, foi oferecido a David ficar na cidade de Ziclague, na terra dos filisteus, e com ele centenas de homens também desprezados pela sociedade (I Sam.27:1-7).
 

         Os filisteus prepararam uma batalha contra o rei Saúl e David quis juntar-se a eles. Porém, os filisteus não confiaram totalmente em David e mandaram-no embora de volta à cidade onde habitava.

         Chegado a Ziclague, ele e todos os que o acompanhavam, tiveram um choque enorme. A cidade estava queimada a fogo, as mulheres e filhos, tudo tinha sido levado cativo pelos amalequitas. Apoderou-se de David e de todos os demais um grande desespero e angústia por tão grande perda. Mas, em cima de tudo isto, o povo falava em apedrejá-lo…por causa dos seus filhos e das suas filhas (v.6).
  
         O que David estava agora a enfrentar era uma situação terrível, uma tribulação enorme, um ataque total. De um lado, uma angústia interna pelo choque da perda da família. Do outro, o povo à volta a querer matá-lo.
      
         Mas notemos cuidadosamente a última parte do v.6. O que é que David podia fazer? O que é que ele fez em primeiro lugar? Ele fez aquilo que estava na sua alma, tomou a decisão sábia, voltou-se para o Único que o poderia socorrer, ele buscou a solução em Deus: …todavia, David se fortaleceu no SENHOR, seu Deus.
    
         David encorajou-se a si mesmo, não em qualquer apoio humano, mas no SENHOR, seu Deus. E com esta força que recebeu do Alto, ele estava apto para lidar com o problema que tinha à sua frente.

 II. Como é que David se fortalecia a si mesmo no SENHOR, seu Deus?
 1. Em tempos de problemas, David compunha salmos
a) Quando perseguido, ele escreveu o Salmo 59 – vs.1-4; Aqui, aprendemos que David estava determinado em continuar a louvar a Deus pela Sua ajuda - vs.16-17

b) Quando foi aprisionado em Gate, escreveu o Salmo 56 – vs.1-2; Aqui, aprendemos que David punha a sua confiança em Deus para o ajudar – vs.3, 9-11

c) Ao fugir para escapar de Absalão, escreveu o Salmo 3 - vs.1-2;

d) Escondido no deserto de Judá, escreveu o Salmo 63 – vs.1-4. Deste salmo, nós vemos que David ultrapassou o seu problema de solidão através de: Buscar o Senhor (vs.1-2); Louvando e orando (vs.3-5); Meditando no Senhor (vs.6-7); Fazendo isto (v.8)

         Por estes salmos, podemos ver como David se encorajava e fortalecia a si mesmo no Senhor. Em cada um destes salmos, David está basicamente a dizer o mesmo: 1. Em tempo de problemas, põe a tua confiança no Senhor, teu Deus; 2. Fica bem perto d’Ele, por meio de louvá-Lo e orar a Ele; 3. Faz isto e serás fortalecido à medida que o Senhor te sustenta: A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta (Sl.63:8).
       
         Era assim que David se encorajava e se fortalecia a si mesmo no SENHOR, seu Deus e assim era capaz de enfrentar os seus problemas, com a ajuda que o Senhor lhe dava.

    E quanto a nós hoje? Em tempos de problemas, seguimos nós o exemplo de David?

 III. Lidando com os nossos problemas hoje
1. Mesmo os crentes em Jesus enfrentam muitos problemas.
Alguns são relacionados com a família, outros são de natureza pessoal. Outros são relacionados com o emprego ou com a segurança das nossas finanças e sustento.
 
2. Em muitos casos, tentamos resolver os nossos problemas sozinhos.
         Deixamos Deus completamente de fora. Por vezes, até o abandonamos completamente. Como? Por não mais O louvarmos nem orarmos a Ele diariamente. Por negligenciarmos os cultos nos quais nos juntamos para nos edificarmos uns aos outros e adorarmos juntos em congregação.

3. Deus quer que coloquemos a nossa confiança n’Ele
         Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e vós, de duplo ânimo, purificai os corações (Tg.4:8); Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte; lançando sobre ele a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós (I Pe.5:6-7).
 
         A verdade sobre este assunto é esta: NÃO é: “Deus ajuda aqueles que se ajudam a si mesmos”. NÃO, mas sim que Deus ajuda aqueles que confiam no Senhor de todo o seu coração: Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.  (Pv.3:5-6).
 
         Quando deixamos Deus de fora na resolução dos problemas, uma coisa é certa: Deus deixa-nos a lidar sozinhos com esses problemas, sem a Sua ajuda.
 
Conclusão
         Aprendamos com David a lidar com os problemas. Em tempos de adversidade, olhemos para o Senhor para sermos fortalecidos. Confiemos no Senhor e sejamos firmes na adoração à Sua Pessoa e na oração a Ele. Não nos esqueçamos d’Ele, nem faltemos aos cultos, nos quais nos aproximamos mais d’Ele com nossos irmãos na fé.

         Deixemos que aquilo que David disse de si mesmo seja verdadeiro sobre nós também: A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta. (Sl.63:8).

Lembremo-nos que aqueles que confiam verdadeiramente em Deus encontrarão força, livramento e verdadeira paz.
Confiamos na nossa força? Ou confiamos nós no Senhor, nosso Deus?

Rui Simão
Pastor na igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia

sábado, 1 de outubro de 2016



 
O Dever da Separação Bíblica – Fundamentos da Fé

E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, engando-vos a vós mesmos com falsos discursos.
  Tiago 1:22
 Introdução     
               Nestes dias de confusão teológica e de contemporização eclesiástica, qual é a posição bíblica que o crente deve assumir para com ensinadores de heresias e de erros religiosos? Devemos patrociná-los, associarmo-nos com eles, aceitar sustento ou sustentá-los, aumentar os seus números, enviar-lhes convertidos, fortalecer-lhes o prestígio, seguir a liderança deles, identificar as nossas igrejas com eles, ocultar e esquecer importantes diferenças bíblicas que temos com eles?

A resposta da Bíblia é clara. Quem quiser ser fiel, atenda-a. Quem não quiser ser fiel, rejeite-a.

Propósito: Aprendamos o dever da separação bíblica em relação aos que seguem e promovem erros e práticas doutrinárias contra a Palavra de Deus.

I. Qual o dever bíblico em relação às transgressões à Palavra de Deus?        
    1. Provai-os -  Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (I Jo. 4:1);

2. Notai-os - E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Rm. 16:17);

3. Repreende-os - Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé.” (Tt. 1:13);

4. Não tenhais comunhão - E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.” (Ef. 5:11);

5. Apartai-vos ... Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.” (II Ts 3:6) (Ver também I Tim 6:3-5; Rom.16:17, acima);

6. Destes afasta-te - Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” (II Tm. 3:5);

7. Não o recebais - "Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.” (II Jo.1:10-11)

8. Não vos mistureis com ele - Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.” (II Ts. 3:14);

9. Evitai-o - Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o,” (Tt 3:10);

10. Apartai-vos... Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;” (II Co. 6:17);

1. A minoria fiel é muito pequena. Exemplos vivos: IL.: Spurgeon, um dos maiores pregadores de todos os tempos: A junta da união baptista votou contra Spurgeon, 95 a 5 votos, e a assembleia geral votou  2000 a 7 para expulsá-lo;  

2. A verdade é sacrificada frequentemente sobre o altar de um sentimental e falso clamor pela paz, amor e unidade e pelo ministério.

3. A doutrina precisa de ser constantemente reconhecida, ser aplicada e praticada:E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tg 1:22 ACF)

            O cristianismo que não é rigoroso não é bíblico: Catolicismo. O cristianismo autêntico e bíblico e é rigoroso na doutrina (I Tim. 1:3) e rigoroso na vida cristã (Ef. 5:11). Batalha  pela fé com todo ardor e sinceridade (Judas 3) e é inamovível e não transigente, é resoluto. Basta abrir o Novo Testamento em qualquer página e começar a ler, não levará muito tempo até isto se tornar evidente.


            O rigor e o zelo pela verdade não significa que alguém tem falta de amor ou de compaixão. Jesus era o rigor personificado e era também o amor e a compaixão personificados. À mulher apanhada em adultério Ele disse, “Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” (Jo. 8:11).


II. Um Cristianismo de popularidade e de massas não é bíblico            
 Todos que desejam confiar e obedecer à Palavra de Cristo e que querem ser Seus verdadeiros discípulos (Jo 8.31-32), precisam estar prontos a permanecer sozinhos, como Daniel e seus amigos. Com medo de serem diferentes, muitos cristãos seguem a multidão. Famintos pelos louvores deste mundo, eles amam "mais a glória dos homens, do que a glória de Deus" (Jo 12.43).

            IL.: C.H. Spurgeon ficou virtualmente sozinho, abandonado mesmo pelos seus ex-alunos e amigos, quando foi censurado pela União Batista Britânica, por sua indisposição em tolerar a apostasia dentro daquele grupo.


       A. W. Tozer declarou, pouco antes de morrer: "por causa do que tenho pregado não sou bem recebido em quase nenhuma igreja na América do Norte." Que acusação contra aqueles pastores e igrejas!

            Cristo advertiu: "Ai de vós, quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas" (Lc 6.26). Ele afirmou que a verdadeira fé em Deus é impossível quando nós aceitamos "glória uns dos outros", e, contudo, não procuramos "a glória que vem só de Deus" (Jo 5.44).


III. Devemos, pela Palavra de Deus, testar e julgar publicamente os erros   
            Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalónica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (At 17:11 ACF)

Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” (2Tm 4:2 ACF)

 “Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze.” (Tt 2:15 ACF)


Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;” (Hb 3:13 ACF)

          Não vemos nada na Bíblia que impeça certos pastores influentes de estarem sujeitos a serem testados e reprovados publicamente. Os profetas do passado reprovaram publicamente até mesmo os mais piedosos reis, quando esses transigiram espiritualmente: Natan e David.

          Paulo repreendeu Pedro publicamente, pela sua hipocrisia: Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gl 2:14 ACF).

          Os bereanos não são chamados de "nobres" na Escritura. Porquê? Porque eles concediam uma lealdade cega a Paulo? Não! Eles são chamados de "nobres", porque eles constantemente testavam a pregação de Paulo pela Palavra de Deus. Não só eles estavam certos em fazê-lo, como também eles estavam exercendo um ministério espiritual essencial e fundamental.

          A única autoridade de um pregador é a Bíblia, e é quando ele se desvia dela que ele não tem autoridade nenhuma. Considere a seguinte exortação: Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.” (Hb 13:7 ACF)

          Temos que aprender que nunca vamos concordar com qualquer pastor em todos os assuntos. As decisões finais para a liderança espiritual da igreja são de responsabilidade dele e ele as deve tomar em temor e tremor diante da face de Deus, pois é ele é quem vai dar conta por elas.

          E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; 13 E que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós.” (I Ts.5:12-13 ACF)

      Pastores realmente chamados e qualificados por Deus têm real autoridade espiritual que Deus lhes deu e devem ser alegremente obedecidos enquanto e na medida em que eles obedecem à Palavra de Deus: Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13:17 ACF).

    Como cristãos fiéis ao Senhor, e como igreja fiel, Baptista Independente, é nosso dever bíblico não nos associarmos com quem transgride à são doutrina bíblica. A igreja de Cristo tem um compromisso com o Senhor Jesus. Não tem compromisso com pragmatismo, números, estatísticas, agradar a pessoas.

Rui Simão
Pastor na igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia

terça-feira, 6 de setembro de 2016



O Amor de Deus – Deus é Amor

Porque Deus amou o mundo…

Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.

João 3:16; I João 4:8

Introdução      
            Deus ama-nos muito mais do que imaginamos. O amor de Deus suporta tudo e é longânimo.

            Ele ama-nos com um amor que nós nem conhecemos, porque não há amor humano comparável ao amor divino. Deus ama todas as pessoas, mesmo ao mais ímpio pecador. Jesus não diz aqui que “Deus amou os salvos, ou os eleitos”, mas sim que amou o mundo todo. Aquele miserável pecador crucificado ao Seu lado voltou-Se para o Salvador Jesus nos derradeiros minutos da sua vida e foi salvo.

E é nas páginas da Bíblia que podemos ler sobre a realidade do incomparável amor de Deus.

 
Propósito: Como crentes, saibamos que não há amor como o amor de Deus.
 
I. O Significado do Amor de Deus 
            Como é o amor de Deus? O amor de Deus é conforme o Seu carácter. Porque Ele é perfeito, eterno e Justo, o Seu amor é igual a Ele. Porque Ele é Santo, o Seu amor é santo e puro. Por meio do Seu amor, Deus procura despertar amor por parte do homem: Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. (I João 3:16). Imitemos o amor de Deus.

            E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. (I João 4:16)

            A maravilhosa criação mostra o seu amor. Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança e isto mostra o Seu amor inconfundível. Por isso, como pessoas, somos importantes para Ele. Não importa até onde as pessoas tentem fugir de Deus. Ele ama-nos, os Seus olhos estão sobre nós. Ele vê-nos e a Bíblia diz que o Seu cuidado amoroso por nós leva a que até os cabelos da nossa cabeça estejam todos contados (Lc. 12:7).

            Cada momento da nossa vida é observado por Deus e isso desde o ventre da nossa mãe (Sl.139). O amor de Deus prova-se não apenas nos Seus actos, mas vai mais além, até aos Seus pensamentos. O profeta Jeremias revela-nos em 29:11: Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Deus ama-nos e quer dar-nos esperança para o futuro e o melhor.

            Vejamos o amor de Deus revelado no amor entre o Pai e o Filho nas páginas da Bíblia.

1. O amor em Deus - O objecto do amor de Deus é Jesus, Seu Filho – o Maior Amor
            E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. (Mat.3:17). As mesmas palavras no Monte da Transfiguração: Este é o meu amado Filho em quem me comprazo; escutai-o. (Mat.17:5)

            Jesus é Deus, o Filho. Por ser Deus, a unidade das Pessoas divinas, Pai, Filho e Espírito Santo, é perfeita em tudo, sobretudo no amor. Esta verdade está bem expressa na Bíblia: Deus é amor. (I Jo.4:9)

            O amor do Pai pelo Filho é um amor infinito e que está além da nossa compreensão. A Bíblia dá-nos um vislumbre da profundidade do “coração” do Pai em relação ao Filho.

            O Pai é eternamente movido por um amor infinito pelo Seu Filho. É um amor sem princípio e sem fim. Está por detrás de todas as Suas acções: - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que está no seio do Pai, esse o revelou. (1:18)

 a) Jesus Cristo, o centro do amor do Pai
          Tudo o que o Pai faz é por causa do Filho: …e nos transportou para o reino do Filho do seu amor… tudo foi criado por ele (Quem? Jesus, o Filho) e para ele… Porque foi do agrado Pai que toda a plenitude nele (no Filho) habitasse. (Colossenses 1:13,16,19). Nada define tão bem o Pai como o Seu amor pelo Filho. Está em toda a Bíblia, onde encontramos por mais de uma centena de vezes esta revelação do amor do Pai pelo Filho, mas João é quem mais destaca este amor:

- O Pai ama o Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos (João 3:35)

- Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; (5:20)

- Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. (10:17)

- Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós…. (João 15:9)

- Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. (15:10)

- …que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. (17:23)

- …porque tu me amaste antes da fundação do mundo. (17:24)

- …para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja. (João 17:26)

Efésios 1:6 diz que Deus salvou-nos e nos fez agradáveis a si, no Amado.  

Deus sempre age de acordo com a Sua Pessoa, de acordo com aquilo que Ele é. Todos os decretos de Deus estão relacionados directamente com o amor pelo Seu Filho. Porque o Seu Filho é a expressão exacta da Sua glória.

A Bíblia diz que Deus faz tudo para a Sua glória. E o Filho, Jesus Cristo, é o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa (Heb.1:3).

            O amor do Pai pelo Filho é uma verdade que Cristo afirmou muitas vezes ao longo do Seu ministério: Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; (João 5:20); Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. (Jo.15:9-10)

 b) Jesus, o Filho, ama igualmente o Pai

  Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai. (Jo.14:31);

O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. (João 8:29)

            A solidez do amor em Deus confirma, dá-nos confiança no Seu amor por nós.

2. Deus ama aqueles que, pela fé, estão unidos ao Seu Filho, Jesus – João 14:21
            …aquele que me ama, será amado de meu Pai, e eu o amarei.

Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus. (João 16:27). Deus ama todos os homens, mas Ele tem um amor peculiar por aqueles que estão unidos pela fé ao Senhor Jesus. Esses são os filhos de Deus: “…Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. (João 14:23). Que grande expressão do amor de Deus é esta, a de MORAR, habitar em nós, os que cremos e amamos o Seu Filho, Jesus Cristo.

            Mas o nosso amor por Deus é o resultado do Seu amor por nós: Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. (I João 4:19). Se Deus não nos amasse primeiro, não podíamos amá-Lo. Se tu amas a Deus, esse teu amor é possível porque Ele te amou em primeiro lugar.

II. A maior prova do amor de Deus é a encarnação do Seu Filho Unigénito, Jesus
            Deus ama as Suas criaturas que caíram em pecado e estão perdidas e separadas d’Ele. Deus ama os pecadores, os ímpios, aqueles que estão mortos em pecado.

1. O pecado traz como consequência a ira de Deus – “Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.” (Salmo 7:11)
            Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus… (Romanos 11:22);
           Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens… (Romanos 1:18).

            Todo o ensino bíblico será incompleto se não falar da ira de Deus, que é tão real como o Seu grande amor. A Bíblia ensina-nos sobre a IRA justa de Deus sobre o pecado e sobre o pecador.

            Mas se Deus ficasse fincado apenas na Sua justa ira, estávamos completamente perdidos e separados d’Ele eternamente. Mas não! Deus fez valer o Seu amor sobre a Sua ira (Efésios 2:3b-6): MAS DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou…e nos ressuscitou… e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.


             E a ira de Deus vai cair sobre quem? Sobre toda a pessoa que não crer, nem amar o Filho, Jesus: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de deus sobre ele permanece. (João 3:36).

2. A Encarnação do Filho de Deus
  Mas a maior prova do amor de Deus é que, a despeito da nossa impiedade e pecado, Deus mandou-nos Jesus Cristo: Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rom.5:6-8)

            Deus mostra o Seu amor no sacrifício infinito que Jesus Cristo fez na cruz para a salvação dos pecadores perdidos que Ele ama. Mesmo que tu fosses a única pessoa no planeta, Ele teria morrido por ti na mesma para te salvar. Ele ama-nos. Nunca nos podemos esquecer disto: Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor. (I João 4:9)

E o que é que o amor de Deus revelado em Jesus proporciona? Bênçãos únicas e divinas.

 1. Pleno e completo perdão aos crentes arrependidos do seu pecado – I João 1:9
     Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.

    Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. (Is.55:6-7)

2. A provisão para as nossas necessidades
            O Senhor, teu Deus, o poderoso, está no meio de ti, ele salvará; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. (Sofonias 3:17)

Quando os Seus filhos, objecto do Seu amor, sofrem aflição, Deus mostra a Sua compaixão e auxílio: As benignidades do Senhor mencionarei, e os muitos louvores do Senhor, conforme tudo quanto o Senhor nos concedeu; e grande bondade para com a casa de Israel, que usou com eles segundo as suas misericórdias, e segundo a multidão das suas benignidades. Porque dizia: Certamente eles são meu povo, filhos que não mentirão; assim ele se fez o seu Salvador. Em toda a angústia deles ele foi angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade. (Isaías 63:7-9)

3. Confiança no dia do julgamento de Deus – Um amor que nos dá Paz
       Vai haver um grande julgamento divino: …tem determinado um dia em que, com justiça, há-de julgar o mundo... e disso deu certeza a todos… (Act.17:31). Onde podemos, também, comprovar que o amor de Deus é perfeito? Será no dia do Seu julgamento. O Deus de Amor dá-nos esta esperança e confiança: Nisto é perfeito o amor para connosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança…no amor não há temor… (I João 4:17-18); …e a misericórdia triunfa do juízo. (Tiago 2:13). Um amor que nos dá paz.

Conclusão
            O amor de Deus:

1. Não é influenciado por algo que haja em nós, não é pelas nossas obras, mas pela Sua graça: Que nos salvou, e chamou, não segundo as nossas obras… (II Tim.1:9);

2. É eterno e infinito, porque Ele também é eterno e infinito. Ele amou-nos de tal maneira… pelo seu muito amor com que nos amou… (João 3:16; Efés.2:4). Isto conforta-nos como amados de Deus, pois, não tendo começo, também não terá fim: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí. (Jeremias 31:3);

3. É Soberano. Ele não tem obrigação de nos amar, mas ama: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. (Rom.9:15; Deut.32:39);

4. É imutável, porque Deus é imutável. Nada nos pode separar do amor de Deus (Rom.8:35-39)

5. É gracioso. Quando o Senhor Jesus Se entregou crucificado no Calvário, Ele fez isso por nós. Isso mostra o quanto Ele nos ama: Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; (I Pedro 3:18).

 
            Se nos deu Cristo, o Filho Unigénito, sabemos que, no Seu amor, Deus não deixará faltar nada aos Seus filhos amados e queridos: Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará, também, com ele, todas as coisas? (Rom.8:32)

Rui Simão
Pastor na Igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia