quinta-feira, 18 de abril de 2019


 Jesus Cristo, o Messias, o Servo Sofredor do Senhor

(Isaías 53)  
          
  Isaías tem cerca de 70 citações no NT. Escrito 700 anos antes de Cristo, o profeta faz revelações desde o nascimento à morte e ressurreição de Jesus. O cap. 53 dá-nos uma imagem clara e real dos sofrimentos e do triunfo do Messias, Jesus Cristo. A mensagem profética aplica-se, em primeiro lugar, a Israel. Mas Jesus veio e morreu por todo o mundo.
O israelita João o Baptista disse: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), não apenas de Israel. Paulo, apóstolo, pregava que o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego (Rom.1:16).
Outro israelita, o apóstolo João, também disse que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados, mas não apenas de Israel, mas, também, pelos de todo o mundo (I Jo.2:2)

Intriga-nos a violenta forma de entrega, a forma de sacrifício de Jesus? A Escritura revela-nos claramente que o MOTIVO que levou o próprio Filho de Deus a entregar-Se assim nas mãos de Deus e dos homens foi o AMOR de Deus pelo homem perdido, condenado a uma eternidade no inferno sem Deus: Mas Deus prova o seu amor para connosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rom.5:8). Não havia outra forma de salvação dadas as exigências da justiça do Deus Santo e tipificadas pelos sacrifícios da Lei de Moisés.

Vejamos a majestosa profecia de Isaías 53.

 

v.1 – A incredulidade daqueles que ouviram a mensagem. Jesus disse em João 12:37-38: E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?


          A mensagem do evangelho de Jesus foi propalada, foi anunciada por profetas e estava contida nas Escrituras. Foi clara, mas caiu em ouvidos surdos, rejeitaram Jesus, o Messias. Romanos 10:16 diz: Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? Apenas poucos creram.

 

v.2 – Aqui começa a revelação dos sofrimentos de Jesus, o Messias. Cristo será depois grandemente exaltado: será exaltado, e elevado e mui sublime (Is.52:13). Mas primeiro é descrita a Sua profunda humilhação, sofrimentos e morte. A humilhação de Jesus é mostrada com grande profundidade.

O texto inicia mostrando a Sua humilde aparência, não impressionou ninguém, não foi filho de rei num palácio, mas foi sem glória, num lar de carpinteiro (Is.52:14).

 

v.3 – Não tinha qualidades visíveis atractivas que impressionassem. Foi homem de tristezas mesmo antes da crucificação. Desprezado e rejeitado pela própria família e conterrâneos, como um leproso cortado do convívio da sociedade.

O verso começa e termina dizendo que Jesus foi desprezado. Foi o Servo Sofredor por excelência, tido sem valor algum.

 

v.4 – A profecia assume agora um novo aspeto. Começa a desvendar o mistério do sofrimento descrito. Jesus sofreu por nós, pecadores, um sofrimento vicário, substitutivo, voluntário: ele tomou sobre si… levou sobre si… as nossas enfermidades. Os sofrimentos de Jesus deveram-se ao pecado, nosso, não d’Ele. Aflito… oprimido sugere alguém violentamente atingido pela mão de Deus. Na verdade, Jesus foi ferido de Deus, um sofrimento como castigo pelo pecado, expressão da ira do Deus Santo contra o pecado.

 

v.5 – Continua a profecia sobre sofrimento vicário de Jesus, o Messias. Mas ele contrasta novamente com o nós. Foram as nossas transgressões a causa de ter sido ferido (“traspassado”), moído. Aponta para grande sofrimento e morte violenta. Foi o castigo da nossa paz. Um castigo resultou em paz, chagas trouxeram cura. Foi assim que a nossa dívida foi paga. E porque Jesus aceitou as suas pisaduras pelas nossas transgressões, resultou em termos sido sarados, perdoados. O que nós merecíamos, Jesus suportou.

 

v.6 – Um retrato da situação do pecador: desgarrado… desviado pelo seu caminho que leva à perdição, destituído da glória de Deus. O ato supremo de Deus foi pôr sobre o Seu Servo os pecados das ovelhas levando-O a dar a Sua vida pelas ovelhas. Foi assim que Ele Se tornou o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Foi Deus Quem fez e decidiu isso.

 

v.7 – A descrição do Seu sofrimento chega agora ao clímax ao descrever a maneira como Jesus suportou tudo. Ele não ofereceu resistência nem proferiu um único som. Jesus sofreu violentos maus-tratos como um animal às mãos dos homens (Is.50:6ss). Jesus permitiu ser humilhado sem oferecer resistência, sem reagir até mesmo com palavras: mudo… não abriu a sua boca. Foi um silêncio voluntário do nosso Salvador.  Foi, como um cordeiro…


v.8 – Jesus foi levado para a execução na cruz, condenado à morte: foi cortado da terra dos viventes. O tempo da sua vida foi curto, morreu aos 33 anos. Tudo aconteceu, Jesus foi atingido por causa da transgressão do pecador. Meu povo refere-se profeticamente a Israel. Mas a morte de Jesus foi por toda a humanidade.

v.9 – A intenção do sepultamento do Santo Filho de Deus, o Servo Sofredor, foi tão vergonhosa e humilhante quanto a Sua morte: Puseram a sua sepultura com os ímpios. Mas dois homens ricos, tementes a Jesus, José de Arimateia e Nicodemos, adiantaram-se, pediram o Seu corpo e sepultaram-No com honra num sepulcro novo (Mat.27:57-60; Jo.19:39-40).
O v.8 conclui que a morte de Jesus foi a de um inocente, de atos e de palavras, mas que cumpria a redenção sacrificial do mundo; …nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.
Deus recompensou a Sua inocência e o primeiro sinal disto é o lugar do Seu túmulo.

v.10 – Temos aqui a questão de como deve ser entendido o sofrimento de Cristo. O profeta oferece mais uma vez uma explicação, revela as razões profundas e misteriosas do sofrimento de Jesus. Não foi condenado por qualquer culpa encontrada n’Ele, mas porque ao SENHOR agradou moê-lo. Era a vontade oculta de Deus: agradou. Havia um objetivo divino glorioso. A vida, a alma de Jesus foi posta por expiação do pecado. Este foi o motivo, o glorioso propósito de Deus. Jesus foi a oferta pela culpa do pecado.

Foi do agrado de Deus moê-lo – nada menos! Era a obra de Deus fazer enfermar o Seu Filho. No sistema sacrificial da Lei de Moisés, a Oferta pela Culpa e a Oferta pelo Pecado era as únicas ofertas expiatórias.

A segunda metade do versículo apresenta já o resultado glorioso do sofrimento e sacrifício vicário de Jesus. Posteridade aponta para os descendentes espirituais, os crentes. Bom prazer do SENHOR prosperará… é o futuro fruto da obra de Cristo.

v.11 – O Senhor agradou-Se e aceitou como completo o sacrifício do Messias. Continua a satisfação de Deus pela oferta sacrificial de Jesus. A justiça de Deus foi satisfeita. A salvação foi alcançada.
A justificação do pecado foi concretizada e disponível a todo o que crê em Jesus: justificará a muitos, não todos, pois nem todos creem.
Somente porque o Messias leva as iniquidades deles sobre si, confere a Sua justiça vicária a todo aquele que crê, e este, por sua fé, é justificado do seu pecado e salvo.

v.12 – Por ter concretizado a redenção, Deus vai dar ao Seu Filho todos aqueles a quem Ele confere a Sua justiça, ou seja, a todos aqueles que crerem.  O Homem de Dores, o Servo Sofredor é agora um Rei conquistador, pois venceu a batalha da salvação.

          A finalizar, o profeta repete as bases para Jesus receber tudo isto, porquanto…
         
Voluntariamente, derramou a sua alma na morte.

… foi contado com os transgressores, morreu crucificado no meio de criminosos.
         
Mais uma vez, para que fique bem claro, Cristo levou sobre si o pecado de muitos…
…pelos pecadores intercedeu, logo no local da Sua morte e hoje no céu, ressurecto, à direita do Pai.

Conclusão
 Esta grande profecia fornece-nos um quadro tremendamente completo da morte que Cristo realizou em favor de Israel e por todo o mundo. O Redentor, o Messias, não pode ser outro senão Jesus.
A morte de Jesus satisfez as justas exigências de Deus no julgamento contra o pecado. Nós nunca nos poderíamos salvar a nós mesmos. Apenas este sacrifício era necessário e suficiente: E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas, também, pelos de todo o mundo. (I João 2:2)

                    Moreira, 18 de Abril de 2019 (RO)                                                    
Rui Simão
Pastor na Igreja Evangélica Baptista em Moreira da Maia