quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

 



O Nascimento de Jesus Cristo – A Importância de José

Ora, o nascimento de Jesus Cristo, foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo.

Mateus 1:18-25 

Evangelho de Mateus – Jesus, o Cristo, Messias, Rei, Senhor

Introdução De todas as pessoas envolvidas para a encarnação do Filho de Deus, para o nascimento de Jesus Cristo, José, seu pai adotivo, será a mais esquecida. Ele é visto como se tivesse sido apenas um expetador, perto dos acontecimentos, mas não envolvido.

 

Mas José está lá, sempre presente. Atentemos para a importância de José ter obedecido a Deus, humilhando-se para fazer o que Deus lhe pediu. Mas, há poucas mensagens sobre José. Jesus é o centro dos hinos de Natal. E a seguir a Jesus, quem mais? Maria! José praticamente não entra nos hinos da encarnação do Cristo, como se nem lá estivesse.

 

            Na verdade, José não teve nada a ver com a gravidez de Maria. Ela era virgem. Quem teve tudo a ver foi o Espírito Santo. E este texto quer trazer para o centro o que é importante na encarnação do Messias: A Pessoa divina do Espírito Santo e o nascimento virginal de Jesus, doutrina essencial para a fé cristã e para a redenção.

 

            José é apenas o pai adotivo do Salvador, do Filho de Deus incarnado. Mas José não foi um mero espetador dos acontecimentos. Na verdade, José, carpinteiro (Mt.13:55) providenciou tudo o que foi necessário para Jesus como um filho, o Seu crescimento.

            Foi José quem amou a Maria numa gravidez suspeita, totalmente fora do normal, manteve o lar, a família.

             

I. O Entusiasmo de José – Desposado com Maria – v.18

          Segundo a tradição judaica da altura, as famílias decidiam bem cedo quem casaria com quem. Quase todas as jovens judias desposavam os seus futuros maridos por volta dos seus 14 a 16 anos de idade. Os homens eram mais velhos, teriam pelo menos 20 anos de idade. Havia uma cerimónia em que os dois ficavam comprometidos quando se desposavam, um verdadeiro contrato para o futuro casamento dentro de 1 ano. Eram considerados os dois já casados, mas não se ajuntavam, não se uniam intimamente.

          Não temos dúvidas de que José e Maria estavam felizes, entusiasmados.

         

II. O Choque – …antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do E.S. – v.18

          Mas eis que José vai passar do entusiasmo para o choque com a notícia de que Maria, antes de se juntarem como marido e mulher, fica grávida.

Nós sabemos pelo Evangelho de Lucas que Maria foi visitada pelo anjo Gabriel que lhe anuncia que foi escolhida por Deus para ser a mãe do Filho de Deus. Maria pergunta como é que isso seria possível, porque não vivia com nenhum homem. O anjo explica que será algo sobrenatural, tudo feito pelo poder do Espírito Santo de Deus (Lc.1:34-35).

 

 Nenhum outro documento do NT refere o nascimento virginal de Cristo senão Mateus e Lucas. Fica claro que o pai de Jesus é o E.S.. Também se vê a personalidade do E.S., distinto do Pai e do Filho. A clareza da Trindade divina, Deus uno em três Pessoas.

 

III. José confuso – vs.19

 Agora temos a oportunidade de conhecer melhor José e a sua conduta. Temos a clara afirmação de que era justo. Uma pessoa correcta, íntegra, confiável, de respeito.

Como qualquer família em formação, tinha sonhos e desejos, planos futuros. Mas eis que todas essas esperanças desaparecem, tristemente. Reparem a firmeza do noivado: José, seu marido. José tinha três opções: 1. Expor Maria publicamente como tendo sido esposa infiel e ficado grávida. Pela Lei de Moisés, seria morta por apedrejamento. 2. Pedir o divórcio, deixá-la secretamente e ficar Maria entregue à sua sorte. 3. Casar com Maria.

 

José pensou e estava decidido pela opção 2. Isto porque ele era um homem justo, de compaixão e não queria escândalos. Era homem pacífico e de bom coração. Ele viu a "aparência do mal" nela que era sua esposa. Mas não fez nada precipitadamente. Ele esperou pacientemente para ter algum esclarecimento. Com toda a probabilidade, ele colocou o assunto diante de Deus em oração.

 

        Não sabemos por quantos dias e noites José sofreu, matutou neste grande problema.

O v.20 diz que pensando ele nisto. Estava às voltas com qual decisão tomar. O assunto era insuportável para ele. Sem dúvida que Maria procurou acalmá-lo, explicou-lhe que ela era fiel, que tudo fazia parte do plano de Deus, que um anjo lhe apareceu.

 

IV. José com receio – vs.20-21

 Ele recebeu uma mensagem direta de Deus sobre o assunto de sua ansiedade, e foi imediatamente aliviado de todos os seus medos. Como é bom esperar em Deus!  Eis que Aquele que conhece todos os corações e as intenções secretas de cada pessoa, decide enviar outro anjo para falar com José em sonho. Para os judeus não era nada fora do comum Deus falar por visões e em sonhos.

 

Por isso, José não duvidaria da mensagem. De que é que José estava com medo?

De tantas coisas? Da família, dos vizinhos e amigos, das conversas, do futuro de Maria, pois amava-a, do futuro dos dois.

Por isso, o anjo celestial diz-lhe: Não temas.

O anjo confirma que tudo o que estava a acontecer com Maria, sua mulher, provinha de Deus. As palavras querem, mais uma vez, confirmar o nascimento virginal de e Jesus. José não era o pai, nenhum outro homem era o pai, mas sim tudo obra do poder do Espírito Santo. Jesus foi concebido pelo E.S. no ventre de Maria, uma virgem.

 

     No v.21 José recebe a mensagem igual à de Maria (Lc.1:31) com o nome que seria posto ao menino, JESUS. O motivo é que José e Maria receberam o direito de serem os pais dAquele que vinha para ser o Salvador do mundo, salvando todos os que crerem nEle. Os que creem em Jesus são feitos filhos de Deus e povo de Deus. Estes, são salvos por Jesus.

Deus não enviou o seu Filho ao mundo para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (Jo.3:17)

 

V. José está feliz e em paz – vs.22-25

Nos vs.22-23, o anjo vai mostrar a José que finalmente se estavam a cumprir todas as profecias divinas sobre a vinda do Messias Salvador a Israel. Uma dessas profecias era a do profeta Isaías, com 700 anos, Is.7:14. Uma vez mais a ênfase é o nascimento virginal de Jesus.

Tem o segundo nome de Jesus. O primeiro nome, Jesus, é o do Seu ofício, o segundo nome aponta para a Sua natureza: Emanuel, Deus connosco.

Jesus é divino. Este nome implica a sua divindade, Deus. e a Sua humanidade, connosco, entre nós, no meio dos homens. Deus manifesto em carne humana.

 

Como compreender estas coisas? São assuntos muito misteriosos. São profundidades que não temos capacidade para entender. São verdades que não temos mente suficiente para compreender. Não tentemos explicar coisas que estão acima da nossa débil razão. Contentemo-nos em crer com reverência, e não especular sobre assuntos que não podemos entender.

Basta que possamos saber que com Aquele que fez o mundo nada é impossível. Descanse na verdade aqui revelada, que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma mulher virgem, de quem nasceu.

Gabriel explica isto a Maria em Lucas 1:36-37.

 

Que revelação fantástica e que honra e responsabilidade, ao saber que, de entre todas as famílias de Israel, coube a José e a Maria serem a família do próprio Messias.

 

          A mensagem do anjo não deixa dúvidas, era de Deus. Teve conhecimento perfeito e apressou-se em fazer a vontade de Deus. Não argumentou, a sua fé estava segura. Que lição! José está de novo feliz por fazer parte do plano de Deus para a salvação do mundo.

 

 No v.24, José dá o passo e muda a sua decisão de pensar em deixar Maria para a receber por sua mulher ainda antes do tempo normal do noivado. Certamente falou com Maria sobre o assunto, completou o contrato de casamento, fez a festa.

 

O v.25 é muito importante. José casa com Maria mas não vai ter nenhuma relação íntima sexual de marido e mulher com ela até que Jesus nascesse. Ou seja, Maria permaneceu virgem até ao nascimento do Filho de Deus. Isto é importante e José teve um papel decisivo para que o mundo saiba que Jesus não é filho de nenhum homem.

Se Jesus fosse filho de um homem, herdaria a natureza pecaminosa do homem e não poderia ser o Salvador do mundo. Isto era um assunto divino.

E José obedeceu e pôs o nome de JESUS ao menino que nasceu da sua mulher virgem.

 

Dezembro 2023

Rui Simão, pastor

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

 


João, o Batista, o homem que Deus enviou antes de Jesus

INÍCIO DO MINISTÉRIO DE JESUS, O MESSIAS - João o Batista

E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judeia.

Mateus 3:1-12 

Evangelho de Mateus – Jesus, o Cristo, Messias, Rei, Senhor

Introdução – Mateus, depois de apresentar Jesus, que se chama o Cristo (1:16), numa genealogia muito bem elaborada em que mostra que o Senhor nasceu de Maria e que José é marido de Maria, da tribo de Judá e que é verdadeiramente Rei da descendência de David, e de Abraão, o Messias, conforme as promessas, vai agora mostrar profecias bíblicas que, não apenas anunciavam a vinda ao mundo do Messias, mas também da chegada de alguém que iria preparar a Sua chegada.

 

Iniciará aqui o ministério público do Senhor Jesus Cristo em que o Senhor começa a mostrar-Se ao mundo. Mas, primeiro temos o ministério de João o Batista.

 

I.- O Ministério de João o Batista

1.- Aparição de João o Batista – E, naqueles dias, apareceu João… - A vinda do Messias, Jesus Cristo, foi prometida e anunciada pelos profetas de Deus muitos séculos antes. João Baptista foi um desses profetas escolhidos pelo Senhor.

Qual foi a sua principal missão? Foi a de preparar toda uma nação para a chegada do Messias. João Baptista foi o Precursor de Jesus Cristo, ou seja, aquele que veio antes, aquele que veio adiante, o que veio à frente para anunciar a chegada do Messias.

 

v.1 – A Igreja tinha como marco para os eventos da vida de Jesus como tendo iniciado com a entrada em cena de João e do batismo de Jesus por ele. Ver Pedro em At. 10:34-37.

 

v.3 – Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor...

            João é o último dos profetas de Israel e Mateus regista a sua aparição no deserto da Judeia como pregador que estava de acordo com a promessa profética de Deus pelo profeta Isaías que viveu 700 anos antes (Is.40:3). Estas palavras originalmente faziam parte da mensagem consoladora aos exilados na Babilónia, mas profeticamente para João.

 

         Uma vez mais, Mateus quer mostrar aos Judeus pelo seu evangelho que Jesus era o Messias prometido pelos profetas e o cumprimento das Escrituras do AT.

       Os 4 evangelhos são explícitos em dizer que esta profecia se refere a João Baptista, a voz que pregava, aquele que veio adiante a preparar o caminho do Senhor Jesus.

 

v.4 – Uma descrição de como vivia tão simples João o Batista. Ele é no NT como o profeta Elias do AT, usando até o mesmo estilo de roupa (II Rs.1:7-8).

 

2.- Anúncio do Nascimento de João o Batista – Lucas 1:13-17 (inicia no v.5ss)

           Passados 700 anos da profecia de Isaías, o Deus eterno envia o anjo do Senhor, Gabriel, que assiste diante de Deus, anunciar a Zacarias que seria ele e a sua mulher, Isabel, os pais do profeta que iria anunciar e preparar a vinda do Messias prometido.  

          

vs.15-17 – Quais as suas qualidades e a sua missão? Será grande... converterá muitos dos filhos de Israel... converterá os rebeldes à prudência…. Havia muitos judeus desviados e João veio para preparar a nação.

 

           No v.57ss nasce João Baptista. Nos vs.67-75, o seu pai canta profeticamente. Louvor é a primeira palavra que sai da sua boca. Nos vs.76-80, vemos que o principal ministério de João era testificar de Cristo. Finalmente, com 30 anos de idade, João apresenta-se.

           O maior ministério do crente, também, é ser testemunha de Cristo. João preparou os caminhos da Primeira Vinda, enquanto nós preparamos e apressamos a Segunda.

 

3.- A Pregação de João o Batista

João foi divinamente chamado para uma missão de grande dimensão que envolvia toda uma nação. Vejam os vs.2-3. Olhem para o cuidado e o amor de Deus para com os perdidos. O reino de Deus, o reino dos céus, estava para ser imediatamente manifestado em Israel na sua plenitude na Pessoa e obra de nenhum outro, senão o próprio Messias.

E para esta grande chegada, o que é que os homens precisavam de preparar? Preparar um caminho nos seus corações.

 

Nenhum rei chegou e disse: “Atenção, eu sou o rei e estou aqui”. Não! O rei sempre tinha alguém que ia antes e preparava as pessoas para a chegada desse rei.

Quem está a chegar é o Rei Jesus, o Messias. E João vai usar as Escrituras, profeta Isaías, para autenticar a Jesus e a si mesmo como comissionado mensageiro do Messias.

v.5 – Poucos pregadores produziram tamanhos efeitos como João. TODO o Israel ia ter com João: Jerusalém… TODA a Judeia… TODA a província adjacente…  LER

 

Que análise fez o Senhor Jesus ao ministério de João? Nunca ninguém recebeu tal louvor do grande Chefe da Igreja. Observem o que Jesus diz de João em Mt. 11:7-11.

 

Quais foram as grandes linhas da mensagem, da pregação de João no deserto.

 

 a) - João Batista falou claramente sobre o pecadoEle ensinou a necessidade absoluta do "arrependimento", antes que qualquer um possa ser salvo (vs.2,8,11).

Ele pregou que o arrependimento deve ser provado por seus frutos (v.10).

 

Vs.7-9 – João avisou que os homens, os próprios líderes fariseus e saduceus, não devem descansar em privilégios exteriores, ou boas obras: não presumais de vós mesmos (v.9). Nem sequer que aquele batismo na água fosse uma forma mágica contra a ira futura.

 

O arrependimento é necessário e vital, pois o julgamento de Deus vai cair sobre o pecador. João dá a imagem da floresta onde o lenhador já está a trabalhar com o seu machado contra a raiz das árvores condenadas a cair e à queima.

                                              

Este é o ensinamento de que todos precisamos. A religião formal, frequentar a igreja, ser batizado, tomar a Ceia, boas obras não salvam um pecador, pois por seu pecado está condenado por Deus.  É preciso dizer que sem arrependimento, sem conversão e fé em Jesus, todos perecerão. O arrependimento e fé em Jesus são vitais.

 

b) - João Batista falou claramente sobre o nosso Senhor Jesus Cristo (v.11). 

Ele ensinou às pessoas que alguém muito mais poderoso e digno que ele já estava entre eles. Ele, João, nada mais era do que um servo – o Vindouro era o Rei. Ele mesmo só podia batizar com água – o Vindouro podia "batizar com o Espírito Santo e com fogo.

          O que significa? Fala do poder único de Jesus. A quem crê em Jesus recebe o E.S.., garantia da salvação. É preciso unir-se a Jesus para a salvação.

 

c) - João Batista falou claramente sobre o Santo Espírito (v.11)Disse que havia algo como o batismo do, com o Espírito Santo. João ensinou que era o ofício especial e único do Senhor Jesus dar o E.S. aos homens arrependidos e crentes. Isto é muito importante, a obra do E.S. que sela o crente como propriedade de Deus e herdeiro da vida eterna.

 

d) - João falou claramente sobre o terrível perigo dos impenitentes e incrédulos (v.12). Ele disse aos seus ouvintes que havia uma ira futura. E que vai haver uma grande separação entre as pessoas, entre trigo e palha. Jesus tem a pá e limpará a sua eira.

É a figura de, com a pá atirar o grão, o trigo ao ar para o separar da palha.

João não deixou de pregar o que as pessoas não gostam. Sobre um fogo que nunca se apagará, no qual a palha (o descrente não arrependido) um dia será queimada.

 

 Este é, mais uma vez, um ensinamento que é profundamente importante. Nós precisamos de ser advertidos com firmeza. Precisamos de ser lembrados que há um inferno, bem como um céu, e um castigo eterno para os ímpios descrentes, bem como a vida eterna para os arrependidos crentes. As pessoas estão temerosamente aptas a esquecer isto.

 

          Falamos do amor e misericórdia de Deus, e não nos lembramos suficientemente de Sua justiça e santidade. Sejamos muito cautelosos neste ponto. Não é uma verdadeira bondade e simpatia deixar para trás os terrores do Senhor.

    É bom que todos sejam ensinados que é possível ser perdido para sempre, e que todas as pessoas não convertidas estão penduradas à beira do poço e com o machado a cair.

 

e) - Em último lugar, João Batista falou claramente sobre a segurança dos verdadeiros crentes (v.12). Ele ensinou que há um celeiro onde será recolhido o seu trigo, os crentes, que pertencem a Jesus. É o retrato da salvação eterna.

 

Conclusão – Quão relevante foi o ministério de João o Batista. És trigo ou palha, hoje?

João o Batista preparou uma nação para a chegada do Messias Salvador. É necessário arrependimento, uma mudança de mentalidade, voltar-se para Jesus em fé.

 

João conclui aqui com palavras de advertência e de encorajamento.  O melhor dos crentes precisa de muito encorajamento. Ele ainda está cá no corpo. Vive num mundo perverso. Muitas vezes é tentado pelo diabo.

Por isso, o crente deve ser lembrado com frequência que Jesus nunca o abandonará. O crente é o trigo de Jesus que será recolhido no Seu celeiro. Jesus nos guiará com segurança por esta vida e, por fim, nos dará a glória eterna.

          Que estas coisas se aprofundem nos nossos corações. Sejamos parecidos com João o Batista na mensagem do Evangelho, preparando corações para crerem em Jesus. 

 

Rui Simãi,

pastor na IEBMM

terça-feira, 31 de outubro de 2023

 


Israel, sua Origem e Existência, e o Conflito no Médio Oriente

 E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente.

Porque toda esta terra que vês, te hei de dará a ti, e à tua descendência, para sempre.

(Génesis 13:14-15)

Introdução – O mundo está de novo em grande sobressalto por mais um estalar da guerra no Médio Oriente. Isto depois de no sábado, dia 7-10, o movimento terrorista palestiniano do Hamas ter atacado fortemente Israel causando milhares de mortos e enorme destruição.

     Em consequência, Israel está em guerra declarada para aniquilar o Hamas que se encontra na Faixa de Gaza, região palestiniana. Os danos são enormes e trágicos a todos os níveis.

 

 Em virtude do que está a acontecer na Faixa de Gaza e em Israel, precisamos de compreender o melhor possível os motivos para este conflito que dura há décadas e parece que não tem um fim à vista: Onde, quando, como começou, qual a sua importância?

 

Os atos cometidos são de uma crueldade sem par. Esta guerra envolve uma região, uma cidade, Jerusalém, uma nação que tem muita relevância no contexto bíblico e histórico.

 

Para iniciar, precisamos de perguntar: Porque é que Israel e a Palestina estão sempre em conflito? Qual é o principal motivo?

É este, a disputa pelo território, pela terra, por aquela terra.

 

As duas partes clamam que aquela terra lhes pertence e os árabes querem o seu domínio total.

Já houve uma decisão internacional para dividir aquele território.

Foi a Resolução 181 das Nações Unidas, aprovada em 1947, criando o Estado da Palestina e o Estado de Israel. A divisão da terra foi a seguinte: 53% para os cerca de 700 mil judeus que lá habitavam e 47% para os mais de 1 milhão e 400 mil árabes que lá viviam.

 

          Os judeus aceitaram e declararam o Estado de Israel em 14-05-1948. Os árabes mais radicais não aceitaram divisão nenhuma da terra com os judeus, defendendo que eles têm de possuir a totalidade da terra e ainda defendendo a aniquilação completa dos judeus.

 

Esta é a posição do Hamas, um movimento radical islâmico criado em 1987 que domina a Faixa de Gaza.

 

Então, a principal razão para este conflito entre Israel e os Palestinianos é porque os árabes muçulmanos reclamam a totalidade da terra e não aceitam a existência do Estado judaico na região.

Na verdade, ao fim da tarde do próprio dia 14 da criação do Estado de Israel, vários países árabes atacam e invadem Israel: Egipto, Síria, Arábia Saudita, Iraque, Líbano.

 

  Perante isto, vamos recuar muito na história e no tempo para entendermos como se chegou a este terrível conflito entre judeus e árabes palestinianos.

Comecemos pelas Escrituras Sagradas.

 

I.- Origem de Israel

Quando o pecado entrou no mundo, pelo primeiro casal, Adão e Eva no Jardim do Éden, Deus, na Sua misericórdia, proclamou logo ali e profetizou que enviaria ao mundo um Salvador, o Redentor da humanidade, o Messias, Jesus Cristo. Lemos isso em Gén.3:15.

 

Para que não houvesse qualquer dúvida da origem da Pessoa divina que viria do céu, encarnaria e entraria no nosso mundo, o próprio Deus vai revelar-nos a genealogia, a descendência de pessoas que se sucederão ao longo dos séculos até Cristo.

  Lemos isso logo em Gén.5. Depois, Deus não vai servir-se de qualquer nação que já existisse no mundo, mas vai criar de raiz a própria nação da qual nascerá o prometido Messias.

 

Onde vemos isso? Em Gén. 12:1-5, quando, há 4.000 anos atrás, Deus chama um homem de nome Abrão, pedindo que este saísse da sua própria terra, Ur, na Mesopotâmia e vá para a região de Canaã que hoje é a zona de conflito entre Israel e Palestinianos.

 

É aqui que tem origem a nação de Israel na terra onde se encontra hoje e vejam a grande promessa de Gn.13:14-15, que é para sempre.

 

Deus promete a Abraão, e à sua mulher Sara, um filho, Isaque, e que será na descendência desse filho que nascerá a nação de onde virá o Messias Salvador do mundo.

Então, já temos aqui a origem da nação e o lugar onde ela estaria na terra.

 

No entanto, surgiram problemas na obediência e na confiança na promessa de Deus.

A esposa de Abraão, Sara, era estéril e como os anos passavam, sugere que Abraão lhe dê um filho por meio da sua escrava egípcia Agar.

Isso ocorre e nasce o primeiro filho de Abrão com Agar, de nome Ismael. Mas a promessa de Deus era diferente, seria com o filho de Abraão e de sua mulher Sara, Isaque.

 

De Isaque nascerá toda a nação judaica e de Ismael virão os árabes muçulmanos.

 

É também muito importante em termos históricos sabermos que os nomes que Israel e os judeus têm hoje mantiveram-se desde a sua origem. Que nomes são estes?

 

1.- Os nomes para Israel

a)- Hebreus

Em Gén.11:10ss, temos, depois do Dilúvio universal, a descendência de SEM, um dos filhos de Noé e de quem irá descender Abrão, de onde nascerá a nação de Israel.

      No v.14 temos o nome Eber, de onde se originará a palavra hebreu. Em Gn.14:13, Abrão é a primeira pessoa a ser chamada hebreu. Então, os hebreus são os descendentes de Abraão.

 

b)- Israelitas

Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacob. Em Gén.32:28, há um episódio em que Jacob luta com um Anjo e, na sequência, Deus muda o nome de Jacob para Israel.

Jacob, que agora é Israel, tem 12 filhos, que vêm a ser os 12 patriarcas que vão gerar as 12 tribos que formarão a nação de Israel. São israelitas. Devido a uma grande fome naquela altura na região, Jacob vai levar toda a sua família, cerca de 70 pessoas, para o Egito a fim de sobreviverem. No Egito, estes hebreus, que são também israelitas, vão ficar por mais de 400 anos e vão multiplicar-se até serem vários milhões, mas são escravizados ali.

 

Pela mão de Deus, são libertados sob a liderança de Moisés e dirigidos à terra prometida a Abraão, Canaã. Depois, sob a liderança de Josué, entram na terra e começam a conquistá-la às nações que lá habitavam, heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus (Dt.7:1). Não havia lá palestinianos.

 

Assim, Israel por muitas batalhas, herda a terra prometida por Deus mais de 4 séculos antes a Abraão. Essa terra é toda distribuída por Josué pelos milhões de hebreus, de israelitas. É a terra dada por Deus a Israel.

Esta é a terra que está no conflito de hoje no Médio Oriente.

 

Posteriormente, são escolhidos reis hebreus para governarem Israel.

O 2º rei, David, cerca do ano 1.000 a.C., designa Jerusalém como a capital de todo o Israel e onde será construído o Templo para adoração a Deus. Israel era o soberano proprietário daquela terra.

Depois, há uma divisão na nação e Israel passa a ter a norte o reino de Israel e a sul o reino de Judá, com os seus reis.

 

Surge uma invasão pelo império da Assíria que conquista a parte, o reino do norte de Israel e leva dali praticamente todos os hebreus, permanecendo em Israel bem poucos.

 

Assim, da nação, resta, a Sul, Judá, com apenas duas tribos, Judá e Benjamim.

 

Eis que cerca de 600 anos a.C. o império da Babilónia invade, conquista e destrói o reino de Judá, Jerusalém e o templo. Contudo, 70 anos depois, por decreto do rei Ciro, os hebreus regressam à sua terra, reconstroem a cidade e o templo. Estão de novo na sua terra.

 

c)- Judeus

Como surge este 3º nome? Como só restaram estas duas tribos, a tribo dominante, Judá, vai originar o termo judeu para os hebreus.

Portanto, eis estes três nomes que ainda permanecem para o povo de Deus: Hebreus, israelitas e judeus. Tanto que Jesus diz assim de Natanael: Eis aqui um verdadeiro israelita… (Jo.1:47) e à samaritana diz: …porque a salvação vem dos judeus (Jo.4:22).

 

        Deixando a parte bíblica, que também é histórica, vejamos a parte da História.

 

II.- A Parte da História

1.- Prosseguindo, estamos agora no 1º século.

 

Cerca de 40 anos depois de Jesus regressar aos céus, no ano 70 d.C., num mundo dominado pelo Império Romano, o general Tito com as suas tropas destrói Jerusalém e o templo, restando apenas o Muro que se vê hoje. Jesus profetizou isto quando disse aos Seus discípulos: …não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada (Mt.24:2)

Os judeus fogem, dispersam, e dá-se a maior Diáspora dos hebreus para África, Europa e Ásia. Contudo, sempre ficaram judeus na sua terra.

 

2.- No segundo século d.C., ano 132 a 135, houve uma revolta dos judeus por Barcoquebas contra o império romano. O Imperador Adriano derrotou os judeus e para cessar o ímpeto dos judeus, mudou o nome de Jerusalém para Capitolina, e a região passa a ser chamada de Palestina, palavra que tem a sua origem em “Filístia”.

 

Porquê esta mudança? Para humilhar os judeus dando àquela terra o nome de um dos seus piores adversários de sempre, os filisteus.

 

Então, a terra que Deus prometeu e deu a Israel passa a ter este nome, Palestina.

 

Como vemos, nada tem nada a ver com a terra pertencer aos palestinianos.

 

Porque palestinianos passaram a ser designados TODOS os que ali vivam, judeus e árabes, no que foi antes a terra de Israel. Foi assim, neste episódio do séc.II, que se originou a designação de Palestina.

 

3.- Prosseguindo a História, o Império Romano do ocidente termina por volta do ano 476 e eis que lhe sucede, a oriente, o Império Bizantino, capital em Constantinopla, Istambul que vai dominar a região da Palestina.

 

Vejam que, até aqui, houve naquela região o reino judaico por vários séculos, mas nunca ali houve reino ou qualquer autoridade designada de palestiniana.

 

Entretanto, a História prossegue, e a Palestina conhece mudanças por parte de Califados muçulmanos que a tomam, mas mantendo o nome de Palestina.

 

4.- E por volta do séc. VII, sendo já nascido Maomé, vai surgir o Alcorão e a religião muçulmana. Isto vai acrescentar mais problemas ao conflito entre árabes e judeus.

 

Numa das colinas da cidade de Jerusalém, o Monte Moriá, com o domínio árabe e a religião muçulmana na região, no início do séc. VII é construído o Domo da Rocha e a mesquita Al Aqsa, santuários considerados dos mais sagrados para os muçulmanos.

 

Então vejam o problema que surge aqui.

 

Estamos a falar da terra que foi prometida por Deus a Abrão, terra da nação de Israel, com os seus reis soberanos por séculos, mas que pelo curso da história, os judeus perderam o seu domínio, apesar de continuarem a viver ali.

 

Os judeus sabem que foi no Monte Moriá, um dos montes de Jerusalém, que Abraão foi para sacrificar o seu filho Isaque, como Deus lhe pediu, mas que não sucedeu.

E foi nesse mesmo monte que o rei Salomão construiu o templo judaico para adoração a Deus. Aquele lugar é sagrado para os judeus, faz parte da sua história desde a sua origem.

 

Só que os muçulmanos têm outra história. Segundo o seu livro sagrado, o Alcorão, dizem que naquele monte Moriá, Abraão foi lá para sacrificar, não Isaque, mas o seu filho Ismael, filho da escrava egípcia Agar e de onde descendem os árabes.

 

E, mais do que isso, o lugar do Domo da Rocha e a Mesquita Al Aqsa é sagrado para os muçulmanos porque acreditam que dali subiu ao céu o seu profeta Maomé.

 

Então, vejam o problema. Quer judeus, quer árabes, dizem que aquele lugar em Jerusalém lhes pertence, que Abraão foi ali sacrificar o seu filho.

 

Os judeus dizem que foi Isaque, e esta é a verdade. Mas os árabes dizem que foi Ismael. Vejamos que só existe uma verdade. Qual é? Vejamos!

 

Cerca de 1300 anos a.C., o hebreu Moisés escreveu Génesis e relata a história de Abraão que, numa ordem de Deus para provar a sua fé e obediência, levou Isaque, seu filho, para o sacrificar no Monte Moriá, na Jerusalém de hoje.

 

          E cerca de 2000 anos depois disto, séc. VII, o árabe Maomé escreve o Alcorão e diz que Abraão levou Ismael àquele lugar.

 

Isto é uma enorme deturpação da verdade história, é uma obra diabólica.

Quem conhece o relato bíblico e a rivalidade de Agar contra a sua senhora Sara e, depois, de Ismael contra Isaque, compreende (Gn.16:4 e 21:9)

Bem escreveu Paulo aos Gálatas: Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne (Ismael) perseguia o que o era segundo o Espírito (Isaque), assim é também agora. (4:28-29)

5.- Regressando, após esse período do séc.VII, a Palestina conheceu vários “impérios” que a dominaram, turcos, otomanos, entre outros. Mas nunca existiu uma autoridade palestiniana como hoje se fala.

          De 1517 a 1917 o Império Otomano controla toda a região (incluindo Síria e Líbano).

6.- Mas eis que a História está prestes a mudar no que respeita aos milhões de judeus dispersos pelo mundo desde o ano 70.

No século XIX (1850 em diante), judeus perseguidos nos territórios aonde estavam refugiados, começam a voltar para a região da Palestina juntando-se aos judeus que sempre ali permaneceram e que já estavam estabelecidos ali. Surgem novas cidades.

7.- Após a 1ª Guerra Mundial, Império Otomano, que apoiava a Alemanha, foi derrotado e expulso do Oriente Médio pelas tropas aliadas, com apoio dos povos árabes.

Foram instituídos mandatos britânicos e franceses para as regiões que hoje correspondem à Síria, Iraque, Líbano, Palestina e Jordânia, cujas fronteiras artificiais foram devidamente reconhecidas pela Liga das Nações.

Chegados ao séc. passado, séc. XX, os judeus que se encontravam dispersos pelo mundo continuaram a sofrer perseguição, em especial na Europa Nazi. Deu-se o terrível holocausto de mais de 6 milhões de judeus assassinados.

Na sequência, muitíssimos judeus regressaram à Palestina, sua terra de origem histórica. Lembram-se que tinham saído de lá no ano 70, expulsos pelos romanos.

 

Então, temos uma Palestina agora com árabes e judeus a habitarem ali e os conflitos surgem e permanecem.

 

8.- Então, a Grã-Bretanha, que tinha a autoridade na região, entrega a resolução do problema às Nações Unidas em 1947. A Assembleia Geral da ONU determina a partilha da parte ocidental da Palestina entre um Estado judeu e outro Estado árabe, através da resolução 181.

 

A divisão da terra foi a seguinte: 53% para os cerca de 700 mil judeus que lá habitavam e 47% para os mais de 1 milhão e 400 mil árabes que lá viviam.

 

Os árabes recusam esta partilha. Mas em 14 de maio de 1948, os israelitas declaram a constituição do estado de Israel. Finalmente, aquele povo que recebeu a terra de Canaã prometida a Abraão, onde os seus reis dominaram por séculos, voltam a ter, não o mesmo espaço, mas um pedaço dessa terra, pois agora também lá vivem árabes, palestinos.

 

Israel aceita o pedaço de terra que lhe dão e aceita que ali vivam árabes. Mas os árabes não aceitam e ao cair da noite do primeiro dia da sua independência de 14 de Maio de 1948, Israel é atacado logo por 6 países árabes à sua volta, que serão derrotados.

 

E daí para cá, este conflito permanece entre em que o intento dos árabes é a eliminação de Israel daquele lugar, atacando diariamente e obrigando Israel a um esforço de defesa contínuo.

 

Para abreviar, na verdade nunca existiu na Palestina um rei palestino, um presidente palestino. Já de Israel sabemos que habitaram e reinaram ali por séculos.

 

 

Conclusão – Biblicamente, Deus prometeu que aquela seria a terra do Seu povo Israel para sempre: Porque toda esta terra que vês, te hei-de dar a ti, e à tua semente, para sempre (Gn.13:15). Em Jeremias 31:35-36, Deus promete sobre Israel: 35. Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.

 

          Profeticamente, os planos de Deus para o final dos tempos envolvem, quer a nação de Israel, quer aquela terra. Por isso, depois de cerca de 2000 anos sem terra, Deus deu novamente terra aos hebreus, aos judeus, aos israelitas, a Israel em 1948.

 

Vejam que isto não significa que o Israel que hoje ali está é crente, porque não é. Israel ainda precisa de crer no Messias que rejeitaram há 2000 anos, Jesus. Paulo explica isto em Romanos 11, em especial nos vs. 25-26.

Possa o mundo inteiro, possa Israel voltar-se para Cristo, pois só em Jesus há salvação.


Rui Simão,

pastor na IEBMM