terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

 


A Petição da Oração e a Provisão da Oração (3 e 4) 

 …venha o teu reino, seja feita a tua vontade...

                                   Mateus 6:9-10

 

 

Introdução – Prosseguimos o estudo cap. a cap., verso a verso deste evangelho o qual nos apresenta Jesus como Aquele que veio revelar a Vida, a Luz, a Graça e a Verdade de Deus. 

           

Recordemos que Cristo e os apóstolos estão reunidos no grande cenáculo mobilado, na última refeição pascal. Jesus está a despedir-Se e a lançar os fundamentos da Sua igreja, caps. 14 a 17. Naquela noite, o Senhor falou várias vezes na Oração: 14:13-14; 15:7; 16:23-24.

         Sabemos por todos os evangelhos que o Senhor Jesus foi um homem de oração. Ora, se pensarmos que se o próprio Filho de Deus precisou de orar muito enquanto esteve aqui na terra, então há algo de poderoso na oração, a oração é necessária e nós devemos orar mais.

        Estamos numa pequena série de mensagens sobre a Oração. Título: O Poder da Oração.

          O que é que já vimos:

1.ª – O Poder da Oração

          Vimos dois grandes exemplos. 1.- O povo de Israel fez um bezerro de ouro e pecou gravemente contra Deus. Deus disse a Moisés que os iria destruir a todos. Mas Moisés orou e pela sua intercessão, Deus arrependeu-se do mal que disse que faria. 2.- Por causa do pecado dos habitantes de Nínive, Deus mandou lá o profeta Jonas avisar que em 40 dias seriam destruídos. Mas perante a mensagem do profeta, todo o povo se arrependeu e Deus também se arrependeu do mal que tinha dito que faria. Aprendemos que a oração e o nosso arrependimento podem mudar as decisões de Deus.

 

2.ª- A Pessoa da Oração

          Tomámos a oração modelo que o Senhor Jesus nos ensinou em Mateus 6:9ss. E se Jesus nos deixou um exemplo da oração eficaz, porque é que nós não o usamos? A Pessoa a quem são dirigidas as nossas orações é o nosso Pai que está nos céus, cujo nome é santo.

          Hoje, vamos para a terceira mensagem.

 

I.- A Petição da Oração – Mateus 6:10

A oração modelo de Mat.6 inicia com louvor: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome…. termina com louvor: Porque teu é o reino, e o poder, e a glória. E tudo o que está no meio é Petição, são pedidos. Mas vejam quais são as primeiras petições: venha o teu reino, seja feita a tua vontade… Jesus está a ensinar-nos que, acima de tudo, as nossas Petições devem ser reguladas, quer pelas coisas que fazem parte do reino de Deus, quer por aquilo que é a vontade de Deus. Eis o que aprendemos aqui:

 

1.- Ele que que peçamos

 Temos agora os primeiros pedidos. Na oração modelo que Jesus usou em resposta ao pedido dos discípulos, “ensina-nos a orar”, Jesus preencheu-a na maior parte com petições, pedidos. Isto quer dizer que não nos devemos sentir egoístas ao pedimos, pois foi assim que o Senhor nos ensinou a orar.

 

  Vejam que naquela última noite Jesus falou várias vezes em oração. Vamos ler com atenção João 14:13-14; 15:7; 16:23-24. Agora vejam Mat.6:8, o que Jesus diz mesmo antes de ensinar a orar: …vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Jesus não diz “o vosso Pai sabe o que vos é necessário, portanto, não peçam.” Nós precisamos de pedir.

 

Vejamos agora mais à frente em Mt.7:7-11. Reparem na repetição de “pedir” e “vosso Pai”, a Pessoa da Oração. Deus quer ouvir as nossas Petições, os pedidos, em oração.

 

Voltando à oração modelo, ela parece que tem tudo a ver connosco: nos dá…perdoa-nos; …e não nos; … livra-nos…. Recordando o que Jesus diz em Jo.16:23-24: … tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome… Até agora nada pedistes em meu nome. Pedi e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra. Peçam em meu nome; peçam o que quiserem” Ficamos a ponderar como é que Jesus pode dizer isto!

A resposta está aqui em Mateus 6:10, que é como que o filtro para tudo o que pedimos ao nosso Pai celestial: Venha o teu reino, seja feita a tua vontade…

 

          Jesus está a ensinar-nos que as nossas Petições devem ser reguladas, quer pelo reino de Deus, quer por aquilo que é a vontade de Deus. Podemos e devemos pedir pela nossa família, pedir pelo nosso emprego, pedir pela nossa saúde, pedir até por um carro que não ande sempre na oficina consumindo o nosso dinheiro, podemos pedir por tudo o que acharmos que precisamos e que Deus nos pode conceder e que nós, os nossos amigos e irmãos nos pedem para pedir ao Pai, pedir o que o mundo precisa, como a paz. Mas sem esquecer que o fiel da balança das nossas petições é o reino de Deus e a Sua vontade.

 

2.- Venha o teu reino… - O Reino de Deus – O que é?

 É o Seu domínio. É o domínio do Rei. Principado é o domínio de um príncipe numa região. Reino é o domínio do Rei. Esse domínio total de Deus na terra terá lugar a seguir a Segunda Vinda de Jesus, no Milénio, com o diabo amarrado e Jesus a reinar sobre a terra inteira. Esse reino está acima de tudo o que possa ser desejado. Por isso, ocupa um lugar primordial na oração de Jesus. Até lá devemos orar para que venha o Seu reino, Seu domínio.

 

Quando Jesus começou a pregar, dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. (Mt.4:17); O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo (Mc.1:15). Já em Lc.17:21, disse, …eis que o reino de Deus está entre vós. Porquê? Porque estava ali o Rei Jesus. Mas precisamos de continuar a pedir nas nossas orações para que o reino de Deus venha e que esse tipo de reino, esse domínio do Rei oriente as nossas petições em oração.

 

3.- A Vontade de Deus é sempre o melhor: Seja feita a tua vontade…

 A vontade de Deus é que as pessoas obedeçam às Suas leis. A palavra vontade aqui é uma referência à lei de Deus. …assim na terra como no céu. A vontade de Deus é perfeitamente obedecida no céu. E nós, filhos de Deus, devemos desejar, devemos orar ardentemente para que a vontade, as leis de Deus sejam também obedecidas aqui na terra.

 

Orar assim é essencial. Devemos procurar sempre a vontade de Deus. Jesus disse que sempre fazia a vontade do Pai. O rei David, apesar de erros que teve, em At.13:36 lemos sobre ele: Porque, na verdade, tendo David, no seu tempo, servido, conforme a vontade de Deus…A Bíblia manda-nos procurar e entender qual é a vontade de Deus para nós: Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor (Ef.5:17).

O Salmo 40:8 diz: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; a tua lei está dentro do meu coração.

 

Assim, o motivo dominante nas nossas petições deve ser a vontade de Deus. Ouçam com atenção o que Jesus disse em João 17:17: Se alguém quiser fazer a vontade dele…  Ou seja, submeter a nossa vontade à vontade do nosso Pai celestial. Um grande exemplo é o da oração de Jesus no Jardim antes de ser preso, pois disse: Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua (Lc.22:42). Jesus escolheu sempre a vontade do Pai.

 

          Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança, certo? Deus tem a Sua vontade e deu-nos também vontade própria. Nós podemos escolher fazer a nossa vontade ou a de Deus.

 

Jesus ensinou-nos que nas nossas orações devemos pedir de acordo com a Sua vontade. Pedimos para que a vontade do Pai seja feita, não a nossa. Vejam I João 5:14-15: E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.

 

Já no AT, vejamos o Sal.20:1-2,4-5: O SENHOR te ouça no dia da angústia, o nome do Deus de Jacó te proteja. Envie-te socorro desde o seu santuário, e te sustenha desde Sião. Conceda-te conforme ao teu coração, e cumpra todo o teu plano… cumpra o Senhor todas as tuas petições. Sal.21:2,4: Cumpriste-lhe o desejo do seu coração, e não negaste as súplicas dos seus lábios… vida te pediu e lha deste…

                                              

Conclusão – A Petição da Oração

Deus quer que Lhe peçamos. Mas vejam Tiago 4:2-3: …nada tendes, porque não pedir. Mas, depois: Pedis e não recebeis, porque pedis mal., para o gastardes em vossos deleites.

 

          Portanto, quando olhamos para a oração que Jesus ensinou, ela começa e termina com Deus e no meio é sobre nós, as petições. E o v.10 leva o nosso foco para Deus, para o Seu reino e para a Sua vontade. Para quê? Para que as nossas orações sejam moldadas ao Seu reino e à Sua vontade. Primeiro está o nosso Pai nos céus, o Seu nome, o Seu reino, a Sua vontade e só depois nós. Louva a Deus no início, louva a Deus no fim e no meio pede.

Rui Simão, pastor 

          Moreira, 6 de Março de 2022 (16.30h)             


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A Provisão da Oração

 O pão nosso de cada dia nos dá hoje...

                                            Mateus 6:9-11

  

Introdução – Prosseguimos o estudo cap. a cap., verso a verso deste evangelho o qual nos apresenta Jesus como Aquele que veio revelar a Vida, a Luz, a Graça e a Verdade de Deus. 

           

Recordemos que Cristo e os apóstolos estão reunidos no grande cenáculo mobilado, na última refeição pascal. Jesus está a despedir-Se e a lançar os fundamentos da Sua igreja, caps. 14 a 17. Naquela noite, o Senhor falou várias vezes na Oração: 14:13-14; 15:7; 16:23-24.

         Sabemos por todos os evangelhos que o Senhor Jesus foi um homem de oração. Ora, se pensarmos que se o próprio Filho de Deus precisou de orar muito enquanto esteve aqui na terra, então há algo de poderoso na oração, a oração é necessária e nós devemos orar mais.

        Estamos numa pequena série de mensagens sobre a Oração. Título: O Poder da Oração.

          O que é que já vimos:

1.ª – O Poder da Oração

          Vimos dois grandes exemplos. 1º.- O povo de Israel fez um bezerro de ouro e pecou gravemente contra Deus. Deus disse a Moisés que os iria destruir a todos. Mas Moisés orou e pela sua intercessão, Deus arrependeu-se do mal que disse que faria. 2.º- Por causa do pecado dos habitantes de Nínive, Deus mandou lá o profeta Jonas avisar que em 40 dias seriam destruídos. Mas perante a mensagem do profeta, todo o povo se arrependeu e Deus também se arrependeu do mal que tinha dito que faria. Aprendemos que a oração e o nosso arrependimento podem mudar as decisões de Deus.

 

2.ª- A Pessoa da Oração

          Tomámos a oração modelo que o Senhor Jesus nos ensinou em Mateus 6:9ss. Se Jesus nos deixou um exemplo da oração eficaz, porque é que nós não o usamos? A Pessoa a quem são dirigidas as nossas orações é o nosso Pai que está nos céus, cujo nome é santo.

          Hoje, vamos para a terceira mensagem.

 

3.- A Petição da Oração – O nosso Pai quer que peçamos – Mateus 6:10

A oração modelo de Mat.6 inicia com louvor: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome…. termina com louvor: Porque teu é o reino, e o poder, e a glória. E tudo o que está no meio é Petição, são pedidos. Deus quer que Lhe peçamos. Mas vejam quais são as primeiras petições: venha o teu reino, seja feita a tua vontade… Jesus está a ensinar-nos que, acima de tudo, as nossas Petições devem ser reguladas, quer pelas coisas que fazem parte do reino de Deus, quer por aquilo que é a vontade de Deus.

 

I.- A Provisão da Oração – Mateus 6:11; Êxodo 16

1.- O nosso Pai quer oremos pelas provisões naturais

          Significa que é correto orarmos pelas nossas necessidades naturais, orar por uma boa escola para os nossos filhos, por um bom emprego que seja uma bênção para nós e nossa família, orar até pelo nosso pão diário. Pão aqui não quer dizer única e exatamente pão, mas é uma palavra geral que se refere ao nosso sustento, ao alimento para a nossa vida.

 

   Jesus dá-nos aqui lições muito valiosas. Reparem que o verbo é dá, dar. Deus é um doador, o nosso Pai gosta de prover, de satisfazer as necessidades dos Seus filhos, gosta de dar.

 

Reparemos como está este vs. em Lc.11:3: Dá-nos, cada dia, o nosso pão quotidiano.

 

          Isto recorda-nos um momento muito particular da história do povo de Deus quando Israel saiu do Egipto e até entrar na terra prometida, Canaã. Lemos em Êxodo 16 quando Deus providenciou todos os dias o pão diário para toda a nação de Israel por 40 anos.

 

Chamava-se maná. Vejam o v.4:  Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia…  Reparem na repetição das palavras diariamente e cada dia.

 

Lendo naturalmente, com facilidade não notamos, ou achamos que é redundante, que é uma repetição: diariamente… para cada dia. Porque é que não diz simplesmente “dá-nos cada dia o nosso pão”? Porque é que diz “dá-nos, cada dia, o nosso pão quotidiano, diário”?

 

A resposta é que Deus queria que Israel dependesse diariamente da providência de Deus. E hoje o nosso Pai dos céus quer que dependamos da providência d’Ele. Jesus ensinou-nos que o Pai quer que olhemos para Ele diariamente. Porque se nós não dependermos diariamente da providência de Deus, procuraremos outras fontes para suprirem as nossas necessidades, e isso pode não ser nada bom.

 

          Se pensarmos bem, Deus criou-nos assim mesmo, com necessidade diária de alimento. Porque é que Ele não nos criou de forma a nos alimentarmos semanal ou mensalmente? Vejam que os bebés precisam de ser alimentados várias vezes ao dia. Isto é para nos lembrarmos que precisamos do nosso Pai diariamente, “cada dia o nosso pão diário”.

 

Da mesma forma Ele não quer que falemos com Ele em oração semanal ou mensalmente, mas a cada dia. O nosso Pai quer um relacionamento diário connosco.

O pão de cada dia diariamente significa que confiamos na Sua provisão para hoje.

 

Voltando a Êxodo 16. Calcula-se que o total de pessoas que constituía a nação de Israel seria de quase 3 milhões de pessoas. Até chegarem do Egipto até à terra prometida levou 40 anos. E nesses anos todos Deus deu-lhes diariamente o maná para o seu sustento.

O maná era como uma semente que caía do céu como orvalho (16:14) e o povo tinha que o ir apanhar todos os dias, juntar e depois preparar a refeição.

 

Qual é a lição? Isto é muito importante. Deus providencia o sustento, dá o pão, mas nós ainda temos de trabalhar, temos de fazer a nossa parte. Temos o nosso esforço e Deus abençoa o nosso trabalho, o nosso esforço. Foi o que aconteceu ali.

 

Agora vejam as orientações que Deus deu a Moisés para o povo ter diariamente o seu pão diário. Ler Êx.16:15-18. Receberam mandamento (v.16) para apanharem um gomer por cabeça. Tenhamos atenção que se uma família era de duas pessoas, apanhava dois gomeres. Se fosse uma família de 10 pessoas, apanhava 10 gomeres. E funcionava perfeitamente.

 

A lição é que Deus providenciou exatamente o que cada pessoa precisava. Se nós temos uma família de cinco pessoas, oramos ao nosso Pai a pedir o sustento diário para cinco pessoas. Se temos 4 crianças, oramos ao nosso Pai para as necessidades de 4 crianças.

 

Oramos cada dia pelas necessidades diárias, quer de sustento, quer de todas as demais. É isso que Jesus está aqui a ensinar: “Ora diariamente pelas tuas necessidades diárias e Eu providenciarei cada dia”.

 

Mas eis outra lição muito importante. O povo levava o maná suficiente e apenas para aquele dia. E não deviam deixar nada sobrar para o dia seguinte porque se iria estragar. Deus disse que se o fizessem estavam a desobedecer às Suas ordens (vs.18-19).

 

Mas também lhes deu ordem para que na 6ª feira colhessem em dobro para durar dois dias: E acontecerá, no sexto dia, que prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia (v.4).

O dia do sábado era o dia do descanso em Israel. Ninguém sairia ao campo a colher o maná por dois motivos: primeiro, porque nem sequer haveria, Deus não o dava; segundo, se o fizessem estavam a desobedecer ao mandamento de Deus (vs.20-30).

 

Qual a lição que aprendamos de Deus?

Deus dá-nos diariamente o pão de cada dia e quer que dependamos d’Ele.

Jesus quer que oremos ao Pai, cada dia, dependendo d’Ele para as nossas necessidades naturais. Porque o Pai é um Provedor, Ele dá.

 

2.- O nosso Pai quer oremos pelas provisões espirituais – João 6:31-35

 Nós sabemos que para além do material, do natural, a palavra pão tem também um significado espiritual nas Escrituras. Vemos isto em Jo.6:31-35. Jesus está a dizer que Moisés deu pão, mas não o pão. Eis agora o significado espiritual para pão: …mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão. Jesus é o verdadeiro alimento espiritual, Aquele que alimenta a nossa alma e dá a vida eterna a quem se alimenta d’Ele. Ou seja, a quem crê n’Aquele que veio do céu.

 

Por isso Jesus disse em Mat.4:4: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Jesus está a citar Det. 8:3.

 

 O nosso Pai celestial é quem nos dá o sustento diário, o alimento natural. E Jesus diz para Lho pedirmos diariamente. Mas também o mesmo se aplica à área espiritual.  

 

Conclusão – Estamos a pedir ao nosso Pai que está nos céus diariamente por aquilo que precisamos? Antes de nós abrirmos a nossa boca Ele já conhece as nossas necessidades. Mas Jesus diz que, mesmo assim, temos de pedir. Estamos a pedir? Estamos a agradecer e a louvar por aquilo que Ele nos providencia?

 Rui Simão, pastor

                     Moreira, 10 de Março de 2022 (RO)     


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Evangelho de Mateus – Jesus, o Cristo, Messias, Rei, Senhor

Oração Pai-nosso – A Petição e a Provisão da Oração

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus….

Mateus 6:10-11

 

IntroduçãoProsseguimos o Sermão do Monte do Senhor Jesus Cristo. Em Mateus 6 chegamos a uma nova secção. É o quadro de um crente que vive a sua vida no mundo, mas perante e na presença de Deus, com as caraterísticas que Jesus já enunciou atrás.    

Mt. 6 mostra a vida do crente que, neste mundo, tem dois lados. Um é o nosso lado espiritual.  O outro é o lado da nossa relação com a vida em geral: O nosso comer e o beber, a profissão, o vestuário, o abrigo, a saúde, a nossa família, as coisas deste mundo.

 

Jesus está agora a ensinar-nos sobre a nossa comunhão com o nosso Pai em oração.

        Oramos ao nosso Pai e em nome de Jesus, Seu Filho. Jesus ensina-nos a orar com um modelo, um exemplo, mas que não é para seguir repetindo mecanicamente estas palavras.

Jesus está a dizer: “Quando dirigirem as vossas orações façam-nas ao Pai invocando-O e é mais ou menos assim que o devem fazer. Lembrem-se de determinadas coisas. Existem certas verdades a ter sempre em mente. Eis os cabeçalhos, o esqueleto, as linhas mestras. É assim que Eu costumo orar, este é o método que Eu uso e que sempre tenho em mente.

 

          O que já vimos? Como devemos iniciar e terminar a oração – Adoração (vs.9,13b).

 

I – A Petição da Oração – vs.10-11

1.ª- …venha o teu reino… - v.10 – Depois de adorar, a seguir pedimos ao nosso Pai que está nos céus. Ele quer pedidos, pedidos, pedidos em oração. Eis agora a 1ª petição.

 

Por que razão não se prostram todos os homens diante do sagrado nome de Deus? Por qual motivo as pessoas não se humilham agora adorando na presença de Deus? Porque existe outro reino, o reino de Satanás, o reino das trevas. Paulo chama-lhe, em II Cor.4:4, de o deus deste século.

 

Mas Deus enviou o Seu Filho ao mundo para estabelecer o Seu reino. Quando Jesus começou a pregar, dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. (Mt.4:17); O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo (Mc.1:15). Já em Lc.17:21, disse, …eis que o reino de Deus está entre vós. Porquê? Porque ali mesmo estava o Messias Redentor, o Rei Jesus.         O que significa o teu reino?

 

     Refere-se ao domínio total do Rei. Principado é o domínio de um príncipe numa região. Reino é o domínio do Rei. Esse reino de Deus na terra será a seguir à 2ª Vinda de Cristo, no Milénio, com o diabo amarrado e Jesus a reinar sobre a terra inteira. Esse reino está acima de tudo o que possa ser desejado. Por isso, ocupa um lugar primordial na oração de Jesus. Até lá Ele quer que oremos para que venha o Seu reino, o Seu domínio. Precisamos de continuar a pedir nas nossas orações para que o reino de Deus, de Jesus venha. 

Jesus está a ensinar-nos a orar para que sejamos impulsionados pelo desejo de que o reino de Deus chegue aos corações dos homens, que oremos pelo sucesso do Evangelho, pela conversão de homens e mulheres em todos os continentes da terra.

 

2.ª- A Vontade de Deus é sempre o melhor: Seja feita a tua vontade…

 Esta é a segunda petição. A vontade de Deus é que as pessoas conheçam, amem e obedeçam às Suas leis. A palavra vontade aqui é uma referência à lei de Deus. …assim na terra como no céu. A vontade de Deus é perfeitamente obedecida no céu. E nós, filhos de Deus, devemos desejar, orar ardentemente para que a vontade, as leis de Deus sejam também obedecidas aqui na terra.

Querermos que termine todo o mal neste mundo pecador. Mal que nos perturba.

 

Orar assim é essencial. Procurar sempre a vontade de Deus. Jesus disse que sempre fazia a vontade do Pai. O rei David, apesar de erros que teve, em At.13:36 lemos sobre ele: Porque, na verdade, tendo David, no seu tempo, servido, conforme a vontade de Deus…

A Bíblia manda-nos procurar e entender qual é a vontade de Deus para nós: Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor (Ef.5:17).

O Salmo 40:8 diz: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; a tua lei está dentro do meu coração.

 

 Um grande exemplo é o da oração de Jesus no Jardim antes de ser preso, pois disse: Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua (Lc.22:42). Jesus escolheu sempre a vontade do Pai.

 

          Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança, certo? Deus tem a Sua vontade e deu-nos também vontade própria. Nós podemos escolher fazer a nossa vontade ou a de Deus.

 

Jesus ensinou-nos que nas nossas orações devemos pedir de acordo com a Sua vontade. Pedimos para que a vontade do Pai seja feita, não a nossa. Vejam I João 5:14-15: E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.

 

 

II.- A Provisão da Oração – “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” – v.11

O nosso Pai quer oremos pelas nossas provisões naturais e espirituais.  

Agora, Jesus diz que devemos orar pelas nossas necessidades mais pessoais.

 

Qual é o sentido exato desta expressão? O pão é o sustento da vida. Mas também é uma palavra que se usa para representar, para abarcar todas as nossas necessidades materiais, tudo quanto é necessário para a vida do ser humano aqui neste mundo.

 

Acreditamos num Deus que é o Criador e o Sustentador do Universo. Este Deus Altíssimo está preparado para levar em conta as nossas mais íntimas necessidades, os menores detalhes do nosso sustento diário. Lá do Seu trono sempiterno, Ele afiançou que até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados (Mt.10:30).

 

 Jesus dá-nos aqui lições muito valiosas. Qual é o verbo? É dá, dar. Deus é um doador, o nosso Pai gosta de prover, de satisfazer as necessidades dos Seus filhos, gosta de dar.

 

      Reparemos como está este vs. em Lc.11:3: Dá-nos, cada dia, o nosso pão quotidiano.

 

   Isto recorda-nos um momento muito particular da história do povo de Deus quando Israel saiu do Egipto e até entrar na terra prometida, Canaã. Lemos em Êxodo 16 quando Deus providenciou todos os dias o pão diário para toda a nação de Israel por 40 anos.

 

Chamava-se maná. Vejam o v.4:  Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia…  Reparem na repetição das palavras diariamente e cada dia.

 

     Lendo naturalmente, com facilidade não notamos, ou achamos que é redundante, que é uma repetição: diariamente… para cada dia. Porque é que não diz simplesmente “dá-nos cada dia o nosso pão”? Porque é que diz “dá-nos, cada dia, o nosso pão quotidiano, diário”?

 

A resposta é que Deus queria que Israel dependesse diariamente da providência de Deus. E hoje o nosso Pai dos céus quer que dependamos da providência d’Ele. Jesus ensinou-nos que o Pai quer que olhemos para Ele diariamente.

     Porque se nós não dependermos diariamente da providência de Deus, procuraremos outras fontes para suprirem as nossas necessidades, e isso pode não ser nada bom.

 

Se pensarmos bem, Deus criou-nos assim mesmo, com necessidade diária de alimento. Porque é que Ele não nos criou de forma a nos alimentarmos semanal ou mensalmente? Para nos lembrarmos que precisamos do nosso Pai diariamente, “cada dia o nosso pão diário”.

 

Da mesma forma Ele não quer que falemos com Ele em oração semanal ou mensalmente, mas a cada dia. O nosso Pai quer um relacionamento diário connosco.

O pão de cada dia diariamente significa que confiamos na Sua provisão para hoje.

 

          Mas eis agora uma lição de significado espiritual para pão. Jesus disse em Jo.5:32: …mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Que pão é este? É Jesus, que é o verdadeiro alimento espiritual. Jesus é Aquele que alimenta a nossa alma e dá a vida eterna a quem se alimenta d’Ele. Ou seja, a quem crê n’Aquele que veio do céu: Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá a vida ao mundo (Jo.5:33).

 

ConclusãoEstamos a pedir ao nosso Pai que está nos céus diariamente por aquilo que precisamos? Antes de nós abrirmos a nossa boca Ele já conhece as nossas necessidades. Mas Jesus diz que, mesmo assim, temos de pedir. Estamos a pedir? Estamos a agradecer e a louvar por aquilo que Ele nos providencia? A Petição e a Provisão da oração.

 

Esta é a oração do cristão. Não é uma oração pagã. É uma oração centrada em Deus, preocupada com a glória de Deus. E é inteligente, em contraste com as repetições mecânicas dos pagãos e descrentes. É uma oração de um filho para o Seu Pai celestial.

 

 

Rui Simão, pastor           

Moreira, 06 de Junho de 2024 (RO)