segunda-feira, 26 de agosto de 2024

 

A Vinda do Dia de Cristo

Segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses

Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda do nosso Senhor Jesus Cristo…

                                 (II Tes.2:1-12)

 

Introdução – Prosseguimos o estudo da 2ª Carta de Paulo à igreja na cidade Tessalónica. Na 1ª Carta, Paulo respondeu às dúvidas da igreja sobre a Vinda de Cristo e sobre o Dia do Senhor. Este chamado Dia não é um dia de 24h, mas uma série de vários acontecimentos que ocorrerão no espaço de alguns anos, no Fim dos Tempos, profetizados na Bíblia.

 

Na 1ª Carta, em I Ts.4:13-18, Paulo falou-lhes de um grande acontecimento: O Arrebatamento, em que Cristo virá do céu e vai tirar da terra toda a Sua igreja, todos os crentes, haverá a ressurreição dos mortos crentes e o Senhor recolhe todos para o céu.

  Ficarão na terra todos os descrentes e inicia o tempo da Grande Tribulação, a ira de Deus sobre o mundo ímpio. Paulo ensinou-os bastante bem sobre isto, sobre os Últimos Tempos.

 

Na verdade, muitos que andam na igreja, de lares crentes, mas que nunca tomaram a decisão pessoal de crer em Cristo, não serão arrebatados, ficam na terra.Depois,muitos virão a converter-se a Jesus durante a Grande Tribulação. São os chamados santos da tribulação. Infelizmente, estes passarão pelos tempos terríveis da Tribulação, mas serão salvos.

       Mas os crentes que estiverem vivos no dia do Arrebatamento, serão levados por Jesus

 

         Mas eis o que estava a acontecer em Tessalónica. A igreja estava a passar por grandes perseguições e, conf. v.2, ou por ensino falso de pregadores, ou por cartas falsas atribuídas a Paulo, concluíram que estavam já no meio da Grande Tribulação, porque Cristo já tinha vindo, ou já estava a começar a vinda de Jesus.

Tinham perdido o Arrebatamento, ficaram na terra, debaixo da ira de Deus sobre o mundo e que estaria próxima a 2ª Vinda de Cristo.

 

       Então, Paulo escreve esta 2ª Carta, em que, no cap. 2, visa acalmar a igreja por pensarem que o Dia de Cristo já iniciara e que eles estavam na Grande Tribulação. Vejam os vs.1-2.

 

Paulo vai dizer que eles não devem ficar abalados, porque esse tempo da Grande Tribulação, da ira de Deus sobre o mundo ímpio, descrito no Apocalipse, não começará sem que antes aconteçam duas coisas:  a apostasia e apareça o homem do pecado (v.3b).

 

   

  Um bom título para esta mensagem também poderia ser: Como é que eu sei que não estou na Grande Tribulação? (Há quem use Ap.8:7 e pergunte se ainda tem no quintal erva verde).

 

  (((-- No v.2 Paulo fala do Dia de Cristo. É um dia diferente do Dia do Senhor (I Ts.5:2). Este, é uma expressão bíblica, no AT/NT, que se refere à data futura dos acontecimentos finais, à ação poderosa e clara de Deus no fim da história da humanidade manifestando a Sua ira sobre o mundo. Não será apenas UM acontecimento, mas vários (Am.5:18-20;  Jl.1:15).

 

Já o Dia de Cristo não tem nada a ver com a ira ou julgamento sobre a terra. Ao invés disso, é o dia em que a igreja se reúne ao seu Senhor e Salvador nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor (I Co.1:8; Fp.1:6,10). --)))

 

          Este trecho apresenta, por vezes, algumas dificuldades. Porquê? Porque Paulo vai responder à igreja com duas coisas em mente. Primeira, tendo em conta o que já lhes escreveu na 1ª Carta e o que eles já sabiam porque os ensinou muito bem (vs.5 e 6a).

 

Depois, Paulo não segue uma ordem cronológica dos acontecimentos aqui. Paulo pressupõe muitas coisas que os tessalonicenses já sabiam, mas que nós não sabemos e, por isso, temos dificuldade em entender, em seguir o pensamento.

Mas Paulo está a ter em conta o Arrebatamento de que já falou antes (I Ts.4:13ss).

 

I.- A Vinda do dia de Cristo – A apostasia – 2:2-3a

vs.1 – A que vinda do Senhor Jesus Paulo se refere aqui? Diz que será a nossa reunião com ele. Claramente que aqui Paulo está a dizer que o assunto dos próximos versos será a reunião dos crentes com o nosso Salvador após e na altura do Arrebatamento da Igreja, que é o próximo e o 1º evento do Fim dos Tempos. Já lhes falou disto em I Ts.4:13-18.

 

vs.2-3 – Paulo pede que os crentes não se perturbem nem se deixem enganar por nada, nem por ninguém, nem mesmo por cartas falsamente atribuídas a Paulo com ensino diferente daquele que lhes deu. Jesus também avisou em Mc 13:5: Olhai, que ninguém vos engane. Há um perigo real da igreja, tal como o mundo,ser enganada sobre a vinda de Jesus.

 

v.2b -…o dia de Cristo estivesse já perto, tem a ideia que tenha chegado, estar já presente.

 

Cristo ainda não chegou, é o que Paulo lhes está a confirmar e a descansá-los.

 

v.3 – Na vinda de Cristo tem de acontecer a apostasia. Precisamos de compreender o significado desta palavra que no grego é mesmo apostasia. É importante perceber.

 

Muitos entendem que se refere a um afastamento da fé nas igrejas. Dando a entender que a vinda de Jesus para o Arrebatamento só acontecerá depois da apostasia da fé. Mas não é!

 

A palavra Apostasia, isoladamente, como aqui, é um substantivo (só usado 2x no NT) e significa: “deslocar-se da posição, separação, retirada, partida, remoção”. Ver At.21:21.

 

Já em I Tm.4:1, falando dos últimos dias, Paulo diz que, …nos últimos tempos apostatarão alguns da fé…  Aqui é um verbo e refere um afastar da fé por muitos que se acham crentes. O contexto e significado aqui de apostasia é diferente.

 

 Todas as primeiras sete traduções da Bíblia para o inglês, até à KJV de 1611, traduziram apostasia para “partida”. Elas são as seguintes: Wycliffe Bible (1384); Bíblia de Tyndale (1526); Bíblia de Coverdale (1535); Bíblia Cranmer (1539); Bíblia de culatras (1576); Bíblia de Beza (1583); Bíblia de Genebra (1608). 

 Isso apoia que o substantivo da palavra grega apostasia realmente significa "partida". Também a tradução latina de Jerónimo, a Vulgata, por volta do ano 400 ad traduz a apostasia para "discessio, que significa 'partida'".

 

    Portanto, neste presente v.3, todo o contexto, todas as evidências indicam que "apostasia" se refere à REMOÇÃO/RETIRADA dos crentes para fora deste mundo. Refere-se ao ARREBATAMENTO dos verdadeiros crentes salvos para se reunirem com Jesus nos ares.

 

          Então, resumindo, Paulo está a dizer aos crentes tessalonicenses para não desanimarem, nem se deixarem enganar, pois as perseguições que sofrem não significa que já começou a Tribulação, Cristo ainda não veio.

Antes de começar a Tribulação, primeiro, o Senhor Jesus virá para nos arrebatar da terra, levar a igreja nos ares com Ele, ressuscitados, transformados, para os céus. Apostasia, a igreja parte com Jesus para o céu.

  

II.- O Anticristo – 2:3bss

O segundo acontecimento de que Paulo fala é que assim que a igreja parte, é removida, logo depois do Arrebatamento, dá-se o aparecimento do Anticristo no mundo, chamado aqui de o homem do pecado, o filho da perdição. Será uma pessoa, um líder.

O Anticristo será um notável e grande opositor de Deus. Ele incorpora todas as más qualidades que fazem oposição e rebeldia a Deus. Mas o seu destino está traçado, perdição.

 

v.4 – A restante descrição dessa pessoa enfatiza a sua grande oposição a Deus (Dn.11:36).

O destaque da atuação do Anticristo no mundo é contra tudo… Deus. A grande inimizade deste homem do pecado que vai colocar-se no nível mais alto no mundo.

  A extensão da sua guerra contra Deus é que ele vai querer ser como Deus e exigir adoração.

 

Este se assentará como Deus no templo de Deus revela que para isto ser possível terá de haver um templo judaico em Jerusalém, que hoje não existe. Será o 3º templo, mas o mundo árabe opõe-se a esta construção. O Anticristo vai possibilitar a sua construção para que o mundo o adore ali como se fosse Deus.

 

Ele é revelado no princípio da Tribulação, em Apoc.6:1-2, na abertura do 1º Selo. É o cavaleiro do cavalo branco, que trará inicialmente uma era de paz e prosperidade a todo o mundo. Podem imaginar um mundo sem a igreja que foi tirada da terra e quem ficou vai possuir tudo o que era nosso, as nossas possessões.

 

Mas tudo isso mudará em pouco tempo. Três anos e meio depois de aparecer, o Anticristo vai mudar a sua atuação (Ap.13:1-8).

 

v.5 – Paulo passa agora a demonstrar porque é que o filho da perdição, o Anticristo ainda não se manifestou no mundo. A razão já era conhecida da igreja e Paulo lembra que já os tinha ensinado acerca de tudo isto. Ficamos a saber que Paulo instruíra os tessalonicenses oralmente acerca da Vinda do Senhor.

 

v.6 – Temos outra vez o exemplo em que nós, volvidos estes 2000 anos, não sabemos o que os tessalonicenses bem sabiam sobre este assunto da chegada do Anticristo.

 

O que é que eles sabiam? Sabiam que alguma entidade ainda se encontra presente na terra e é ela que está a impedir, a reter o homem do pecado a fim de que este seja revelado somente na ocasião própria e não antes, que apareça no tempo que Deus quer.

 

v.7 – Aqui, Paulo, reafirma que há uma entidade, debaixo do poder de Deus, que será retirada da terra, mas é a que retém o Anticristo e o impede de agir no mundo. Não é fácil saber a que se refere Paulo. Muitas opiniões têm sido dadas.

A que parece ser certa é que é a presença da igreja no mundo, igreja em quem habita o E.S., que é luz e sal, com o seu ministério de levar o evangelho da salvação ao mundo.

 

v.8 – Então, quando ocorrer o Arrebatamento, a retirada de toda a igreja, todos os crentes para o céu, esta força sai e fica aberta a porta para ser revelado abertamente o iníquo do v.3. Podem imaginar o que será o mundo sem nenhum bem na terra, mas só mal, injustiça?

 

Além de ser revelado aqui o seu aparecimento, também é revelada a sua queda, aniquilação, que ocorre na altura da esplendorosa Segunda vinda do Senhor Jesus, no fim dos sete anos da Tribulação e Grande Tribulação. O poder de Jesus é tal que basta o Espírito da sua boca.

 

v.9 – Paulo continua a descrever a manifestação da pessoa terrível do Anticristo. Diz que este recebe o poder e a inspiração do próprio diabo.

Assim como o Pai deu poder pelo ES ao Seu Filho, o Cristo, para fazer milagres e o bem, Satanás dá poder ao anticristo. Este é equipado com todo o poder para fazer obras poderosas, só que são mentira.

 

v.10 –A descrição da atividade do homem da iniquidade continua, descrevendo o seu efeito: com todo o engano da injustiça. O objetivo é enganar. Ele é iníquo, mau em tudo.

 

A atividade do seu efeito enganoso é em especial sobre os que perecem. Ou seja, os perdidos descrentes. É uma frase usada em contraste com os que se salvam.

 

Os que perecem, não estão salvos porque decidiram não receber o amor da verdade para se salvarem. Não escolheram crer em Cristo, receber a Palavra de Deus. São responsáveis pela sua própria perdição e são enganados pelo anticristo.

A verdade é a mensagem do evangelho, é Jesus, que é preciso receber.

 

v.11 – Paulo continua a revelar, agora, como é que os destinados à perdição, os descrentes, são enganados pelo filho da perdição, pelo anticristo. Uma vez que os descrentes recusaram a verdade, Deus lhes enviará um poder da ilusão, para que creiam a mentira.

 

Isto mostra o grande perigo de uma pessoa constantemente resistir à ação do ES para que creia no Salvador. Aquele que sistematicamente recusam crer e aceitar a verdade corem o risco de caírem na incapacidade de aceitar a verdade.

 

O que este versículo revela e ressalta é esta verdade: é que esta é uma ação deliberada de Deus, vem de Deus. Não podemos ignorar nem torcer esta verdade.

Romanos 1:24ss fala da mesma atitude de Deus que deliberadamente entrega a mais pecado. Esta é também um castigo de Deus sobre quem lhe resiste.

 

v.12 – A parte final deste trecho, 1-12, que revelou a entrada e a ação terrível do Anticristo no mundo, indica o derradeiro propósito de Deus, que é o julgamento e a condenação todos os que não creram (não deram crédito) a verdade, antes, pelo contrário, preferiram, escolheram, tiveram prazer na iniquidade, no pecado.

 

A ênfase final é colocada sobre a responsabilidade daqueles que são condenados. Em vez de aceitarem a verdade, deleitaram-se na iniquidade.

 

Conclusão

A conclusão deste trecho no v.12 é importante. As pessoas descrentes condenadas tiveram prazer na iniquidade. Deus irá condenar o deleite naquilo que é pecaminoso, maligno e imoral.

Em todos os tempos, o pecado consiste em deleitar-se naquilo que é errado e que os que persistem no pecado descobrem que se tornam incapazes de fazer o bem. E o pecado leva à morte.

 

O pecado não é a vontade de Deus para o homem. E a escravidão ao pecado, a incapacidade de lhe resistir, é a penalidade imposta por Deus e tem como consequência que vai levar à perdição eterna.

 

Mas também vemos aqui que isto não é inevitável. O homem tem a possibilidade de escolher a verdade e de crer nela para a salvação, de crer no Salvador Jesus.

 

Há um tempo para tomar esta decisão, HOJE, antes que seja tarde demais.

 

Cristo virá a qualquer momento, repentinamente, arrebatará da terra apenas a Sua igreja para o céu. E quando isso acontecer, ficam os descrentes num mundo onde se vai revelar o terrível Anticristo.

Decide hoje! Recebe o amor da verdade para seres salvo.

  Rui simão, pastor

 

Moreira, 23 de Junho de 2024 (16.30h)