quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017



O que Cristo se tornou para nós

Mas vós sois d’Ele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito, por Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.

I Coríntios 1:29-31 

Introdução

          No início desta primeira carta que Paulo escreveu à igreja em Corinto, Paulo põe a Pessoa do Senhor Jesus Cristo como o centro de tudo. Diz que a igreja não é de nenhum homem, de nenhum apóstolo, mas sim de Cristo. Diz que foi o próprio Cristo que o enviou para evangelizar (v.17), diz que o centro da sua pregação era Cristo crucificado (v.23), diz que Cristo é o poder de Deus (v.24) e que o tema único da sua mensagem naquela cidade foi Jesus Cristo, e este crucificado (2:2).

 

         A centralidade de Cristo na igreja, a centralidade de Cristo na mensagem a transmitir às pessoas, o centro da mensagem do Evangelho é Jesus Cristo. A igreja é Cristocêntrica e a sua mensagem também.

         Por isso, ao concluir este primeiro capítulo, Paulo apresenta quatro importantes atribuições de Jesus para nós. Paulo vai ensinar-nos sobre o que Cristo Se tornou para nós, crentes: sabedoria, justiça, santificação e redenção.

 

I. Pertencemos a Deus – Mas vós sois d’Ele… - v.30  

          Que grande verdade! Que grande declaração que vem do próprio Deus. Pertencemos a Deus. Somos de Deus. Os crentes, os salvos são d’Ele. Os salvos estão em Jesus Cristo. O crente está na mais estreita relação possível com o Seu Senhor.

 

         O crente está em Cristo, está com Cristo. Cristo é uma Pessoa. Portanto, Paulo descreve aqui uma ligação pessoal com um Salvador Pessoal. O crente,o salvo, está estreitamente relacionado com a maravilhosa Pessoa do Salvador, Jesus Cristo: …vós sois d’Ele.

                                              

         E como, de que forma, é que somos d’Ele?

      

Um simples olhar para os pensamentos e ideias de muitos cristãos sugere que a ideia de justiça pelas obras, isto é, justiça própria, está muito bem enraizada nas mentes de muitos cristãos. É o acreditar e confiar que alguma coisa fizemos, algum mérito existe da nossa parte que nos fez pertencer a Deus. Puro e perigoso engano!

 

Em nenhuma parte das Escrituras encontramos apoio para esta ideia de boas obras nos levarem a pertencer a Deus. Na verdade, o que a Escritura nos aponta não é a nossa capacidade de atingir uma posição correcta diante de Deus, mas sim o sacrifício de Cristo na cruz é que conseguiu este direito para nós.


Mas vós sois dele, significando que somos filhos de Deus, em Jesus Cristo…

 

Como podemos ver, é POR CAUSA DELE, ou seja, de Jesus, que agora estamos em Deus. Não é por causa do nosso valor ou das nossas habilidades, mas por causa da graça, do amor e da bondade de Deus que Ele exerceu através do Seu Filho, Jesus.

 

Vejam o contexto. No versículo anterior, Paulo diz claramente: Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Ninguém poderá nunca apresentar nada de seu perante Deus para se gabar ou envaidecer. Não, pertencemos a Deus por causa de Jesus.

 

Prestem atenção a algumas passagens que nos ajudam a compreender esta preciosa verdade – sois dele - ou seja, de que somos filhos de Deus por causa da nossa fé em Jesus.

 

1. - João 1:12: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creêm no seu nome. Foi Deus que nos fez filhos d’Ele.

 

2. - Gálatas 3:26: Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

 

3. – I João 4:15: Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele e ele em Deus.

 

Por isso está escrito no v.30: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

 

       Além de crer em Cristo, o mesmo Jesus exige de cada pessoa, de cada pecador arrependimento do seu pecado. Esta foi a Sua mensagem desde o início: …veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do reino de Deus, e dizendo:…Arrependei-vos e crede no evangelho. (Mar.1:14-15). Em Lucas 13:3,5, Jesus é bem claro: …se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. O Apóstolo Pedro, na sua primeira mensagem evangelística depois da ascensão de Jesus e já cheio do Espírito Santo, uma mensagem que tinha Cristo no centro, perante a pergunta de milhares de ouvintes: Que faremos? … E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos… (Actos 2:37-38).

 

II. O que Jesus se tornou para os crentes; o que Deus fez de Jesus para nós:

            …o qual para nós foi feito por Deus…  - v.30

Antes de prosseguirmos, quero salientar a primeira palavrinha do v.30, uma conjunção adversativa: Mas.

 

Põe os crentes, os filhos de Deus, em forte contraste com os sábios do mundo dos versículos 18 a 28. A mensagem do Evangelho fala da cruz de Jesus. Apresenta o Salvador do mundo enviado pelo próprio Deus. Um carpinteiro de Nazaré pregado numa cruz é o poder de Deus para salvar o homem perdido.

 

Mas os inteligentes deste mundo acham isso uma grande loucura, outros acham a cruz redentora um escândalo. Mas esta sua rejeição da mensagem cruz leva-os à perdição eterna. Não pertencem a Deus: Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (I Pedro 2:6-8)

 

Depois, em total contraste, referindo-se aos que aceitam e amam a mensagem da Cruz, aceitam e amam Aquele que foi pregado na cruz, Paulo diz: Mas vós sois d’Ele.

 

Jesus Cristo tornou-Se, foi feito para nós, crentes, todas estas coisas: sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.

 

Tornou-se, foi feito (passado). Não diz que nós nos tornamos para Ele. Em vez disso ELE tornou-Se para nós. Quando? Na cruz.

 

Ele, Jesus, é que Se tornou sabedoria de Deus, justiça, santificação e redenção. Então, já sabemos porque é que somos justos, redimidos e santos diante de Deus? Porque Jesus Cristo tornou-se, foi feito por Deus para nós todas essas coisas. Não é nosso mérito, mas o mérito está na obra de Jesus quando encarnou, morreu na cruz e ressuscitou de entre os mortos.

 

Vamos, pois, ver o que Cristo é para nós? O que representa Jesus para as nossas vidas? Deus fez de Jesus a nossa

 

1. Sabedoria        

Uma das coisas que Paulo está a querer dizer é que em Cristo, Deus revelou a Sua sabedoria, pois Deus planeou salvar o homem em Cristo, e teve a capacidade de fazer com que esse Seu plano fosse executado.

 

Vejam, já há dois mil anos atrás, muito pouco tempo depois de Jesus ter feito a Sua obra, o mundo achava a mensagem do Evangelho uma autêntica loucura, uma coisa sem nexo algum: Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. (v.18). E hoje não é assim também?

 

O mundo, achando-se sábio, diz que a mensagem da cruz é uma loucura, uma coisa fraca. Pelo contrário, Deus diz que é na cruz de Cristo que está o Seu poder, que está a Sua sabedoria, a Sua salvação.

 

Aos que se acham sábios deste mundo, a cruz não agrada, não se revêem nada nela. Em agudo contraste, os crentes amam a grandeza do Evangelho, é tudo menos superficial, é sabedoria, oposto de loucura. Os homens sempre acham que os seus métodos é que são os certos: Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte. (Pv.14:12;16:25).

 

Mas Deus refuta a inteligência deles, reduz a nada os seus sistemas. Como? Apresentando-nos a pessoa e a obra do Seu Amado Filho, Jesus Cristo.

 

Tudo quanto os homens precisam de conhecer sobre a verdadeira sabedoria, a razão da existência, para onde vamos, como conhecer a verdade, como alcançar Deus, tudo está em Cristo.

As pessoas precisam de conhecer a maravilhosa Pessoa de Jesus. A aparente loucura , afinal, é a verdadeira sabedoria. Colossenses 2:3 diz que em Jesus Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.

 

A sabedoria de Deus é demonstrada no Seu plano de salvar a humanidade. O homem não o conseguirá fazer. E a mensagem da cruz de Cristo é o tema central dessa sabedoria. Essa sabedoria é a única que permanecerá em pé no juízo de Deus.

 

A sabedoria de Deus está encarnada em Cristo, que veio e Se ofereceu a Si mesmo para que os homens pudessem ser salvos. Aqui está a sabedoria real, argumentem como quiserem os filósofos, os sábios deste mundo. E é a esta sabedoria de Deus que têm que se humilhar e dobrar, reconhecendo a sua ignorância espiritual e olhando para Jesus.

 

O que mais Cristo é para nós? O que mais representa Jesus para as nossas vidas? Deus fez de Jesus a nossa

 

2. Justiça   

Isto é muito importante. Prestem atenção, irmãos.

Cristo é a nossa rectidão. Perante um Deus Santo e Justo, o homem pecador não tem qualquer hipótese de aceitação, nem de salvação. Mas apenas condenação por causa do seu pecado.

 

Mas, aos crentes, aos salvos, Cristo oferece-nos a justificação perante Deus. O pecador, ao ouvir a mensagem do evangelho, a mensagem de Jesus crucificado, esse pecador crê no Salvador. Arrependido do seu pecado, pela sua fé em Jesus, é justificado da sua culpa, da culpa das suas transgressões às leis de Deus:

“Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.” (Atos 13:38-39)

 

 Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gálatas 2:16)

 

Por causa da cruz de Jesus, o crente recebe esta atitude, esta decisão de Deus em conceder à pessoa que crê no Seu Filho uma nova posição diante d’Ele, não a posição de condenado, mas a posição de justo: “Justificado, declarado justo, sem culpa”.

 

É a restauração ao favor divino – A Justificação proporciona ao homem que crê em Cristo a certeza da sua aceitação diante de Deus, a certeza de que agora Deus é-lhe favorável. E Deus faz isto porque está baseado, não em alguma coisa de nós mesmos, mas na obra redentora de Cristo Jesus, Seu Filho Amado.


Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, (está justificado) mas aquele que não crê no Filho (não está justificado) não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.” (João 3:36)

 


Vários textos da Palavra de Deus nos dão conta disso. Eis alguns:
       Mas, também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual, por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para a nossa justificação. Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. (Rom.4:24-5:1). Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. (II Cor.5:21).

 

Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:9-26)

Quando o homem crê em Cristo, e, consequentemente, é justificado por Deus, ele é livre da pena, no que diz respeito à morte espiritual e eterna:


       Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...” (Romanos 8:1)


       Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica…” (Romanos 8:33-34)

 

 “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (João 3:18)

 

Não conhecemos outra justiça senão a de Jesus. Ele é a nossa justiça. É assim que Deus nos restaura ao Seu favor. Não fomos justificados porque Deus encontrou alguma justiça em nós que possibilitasse a que, por nossos próprios méritos, estivéssemos de pé diante d’Ele. Foi-nos imputada a justiça de Cristo. Isso ocorre pela fé. Não há obras para isso. Como diz o nosso texto base, “...Jesus Cristo... para nós foi feito por Deus... justiça...”.


Conclusão

O Cristo crucificado, então, pode ser um escândalo para alguns, e uma loucura para outros, mas para nós que somos salvos é o poder, o dúnamis de Deus que operou o milagre da nossa salvação; é a manifestação da sabedoria de Deus que planejou e soube como efetuar o plano para a nossa salvação; e é a nossa justiça. Nós não temos justiça própria, Cristo é a nossa justiça. É nele que somos perdoados, é nele que somos libertos da pena do pecado, é nele que somos justificados, é nele que somos salvos, é nele que somos aceitos diante de Deus, é por ele que temos acesso a essa graça, é por ele que Deus se tornou favorável a nós; e é só por ele; não há outro meio.

 
Rui Simão
 
 

 

 

 

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